Autorização de viagem nacional de crianças

Portaria n° 2.324/CGJ/2012 - Dispõe sobre a concessão, em Minas Gerais, de autorização de viagem nacional de crianças pelos pais ou responsáveis ou judicial

PORTARIA N° 2.324/CGJ/2012

Dispõe sobre a concessão, no âmbito do Estado de Minas Gerais, de autorização de viagem nacional de crianças pelos pais ou responsáveis ou judicial. O Corregedor-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, no uso das atribuições que lhe confere o inciso XIV da resolução nº 420, de 1º de agosto de 2003, que contém o Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, com suas alterações,

Considerando a necessidade de célere e criteriosa apreciação dos pedidos de autorização judicial para viagem nacional de crianças, em especial em casos de urgência, com a formulação objetiva do pedido, a apresentação de motivação pertinente e a apresentação dos documentos essenciais para a correta apreciação do pedido;

Considerando a necessidade de padronização do procedimento de requerimento de autorização para viagem nacional, assim como a definição clara e precisa dos casos em que o requerimento de autorização judicial de viagem nacional é desnecessário;

Considerando a prática consolidada de autorização de viagem nacional por Comissário da Infância e da Juventude, atribuição que consta expressamente do Plano de Carreira do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (Cargo Oficial Judiciário – TJ/JPI/JPI-EF/QS-GS – Especialidade Comissário da Infância e da Juventude) e da Portaria n° 02 de 15.05.2009 da VCIJBH (DJE 09.12.2009).

Considerando que outros Estados da Federação também já atribuíram expressamente aos Comissários da Infância e da Juventude a função de expedir autorizações de viagem nacional, assim como a possibilidade de expedição de autorização nos Postos de Atendimento, especialmente aqueles localizados nos aeroportos e terminais rodoviários;

Considerando a necessidade e utilidade de se explicitar as normas legais e fixar um regramento uniformizado e objetivo dos procedimentos adotados como rotina na Coordenadoria e nos Postos de Atendimento do Comissariado da Infância e da Juventude, inclusive para esclarecimento do público e das autoridades competentes pelo tráfego, assim como das empresas de transporte e agências de viagens e turismo,

Resolve:

DAS HIPÓTESES EM QUE A AUTORIZAÇÃO JUDICIAL É DISPENSÁVEL VIAGEM DE ADOLESCENTE

Art. 1°. A autorização judicial de viagem nacional é dispensável no caso de viagem de adolescente, assim considerada a pessoa com idade de 12 (doze) anos completos aos 18 (dezoito) anos incompletos, seja acompanhado ou desacompanhado, bem como também é dispensável a autorização outorgada pelos pais ou responsável legal.

§ 1. Em viagem terrestre, para a identificação do adolescente deverá ser apresentado documento de identidade original ou em cópia autenticada, admitindo-se, inclusive, a apresentação de certidão de nascimento original ou em cópia autenticada.

§ 2°. Na viagem aérea, para a identificação do adolescente, deverá ser apresentado documento de identidade original com fotografia, admitindo-se a apresentação de cópia autenticada desde que seja possível a identificação do adolescente. 2 

VIAGEM DE CRIANÇA ACOMPANHADA

Art. 2°. A autorização judicial de viagem nacional é dispensável no caso de viagem de criança, assim considerada a pessoa com idade até 12 (doze) anos incompletos, desde que:

I - acompanhada por pelo menos um dos genitores;

II - acompanhada por outro responsável legal (tutor ou guardião), comprovada a tutela ou a guarda por documento hábil (certidão ou termo de compromisso do guardião ou do tutor), original ou em cópia autenticada;

III - acompanhada por outro ascendente ou por colateral até o terceiro grau, desde que maior de idade;

IV - acompanhada por terceiro maior de idade expressamente autorizado pelo pai, mãe ou por outro responsável legal, por escrito e com firma reconhecida.

Art. 3°. No caso de viagem terrestre, deverão ser apresentados, quando do embarque, os originais ou cópias autenticadas dos documentos de identidade da criança e do acompanhante.

Parágrafo único. No caso de viagem terrestre, para a identificação da criança ou adolescente poderá ser admitida a apresentação de certidão de nascimento original ou em cópia autenticada.

Art. 4°. No caso de viagem aérea, deverão ser apresentados, quando do check-in e do embarque, os originais dos documentos de identidade da criança e do acompanhante.

§ 1°. No caso de viagem aérea, para a identificação do acompanhante e do adolescente deverão ser apresentados os documentos de identidade originais e com fotografia, admitindo-se a apresentação de cópia autenticada desde que assegurada a identificação.

§ 2°. No caso de viagem aérea, para a identificação da criança poderá ser admitida a apresentação de certidão de nascimento original ou em cópia autenticada desde que legível.

Art. 5°. No caso de viagem de criança acompanhada por terceiro com autorização escrita do guardião ou do tutor, além dos documentos mencionados acima, deverá também ser apresentado documento hábil para comprovação da guarda ou tutela (certidão ou termo de compromisso, do guardião ou do tutor), original ou em cópia autenticada.

Art. 6°. As cópias autenticadas somente serão consideradas válidas quando a autenticação for realizada no Brasil ou por Autoridade Consular brasileira no exterior.

VIAGEM DE CRIANÇA DESACOMPANHADA

Art. 7°. A autorização de viagem nacional é dispensável no caso de viagem de criança desacompanhada desde que:

I - para comarca contígua à comarca da residência da criança, desde que ambas as comarcas sejam da mesma unidade da Federação;

II - para comarca que pertença à mesma região metropolitana da comarca de residência da criança.

DOS REQUISITOS DA AUTORIZAÇÃO DO GENITOR OU RESPONSÁVEL LEGAL PARA VIAGEM DE CRIANÇA ACOMPANHADA POR TERCEIRO

Art. 8°. As autorizações concedidas por um ou ambos os genitores ou, ainda, por outro responsável legal deverão preencher os seguintes requisitos:

I – conter qualificação completa, endereço, tipo e número do documento de identidade:

a) da criança;

b) de pelo menos um dos pais;

c) do responsável legal (tutor ou guardião), se for o caso;

d) do acompanhante adulto;

II - indicar o destino da viagem, contendo cidade e Estado da Federação;

III - conter indicação da duração aproximada da viagem, salvo no caso de viagem de retorno para seu local de domicílio ou de viagem para mudança de residência;

VI - apresentar o documento de autorização em duas vias originais, sendo que uma deverá ser retida pelo funcionário da empresa de transporte terrestre ou pelo agente de fiscalização da Polícia Federal, no caso da viagem aérea, no momento do embarque, e a outra deverá permanecer com o acompanhante da criança;

V - conter firma reconhecida, salvo quando a autorização constar de instrumento público.

§ 1°. No caso da viagem terrestre, a autorização será válida sem reconhecimento de firma quando esta for exarada na presença do funcionário da empresa de transporte responsável pelo embarque.

§ 2°. A autorização deverá indicar o prazo de validade. No caso de omissão, o prazo de validade será considerado como de 90 (noventa) dias.

DAS HIPÓTESES EM QUE A AUTORIZAÇÃO JUDICIAL É INDISPENSÁVEL

Art. 9°. Nos demais casos, não previstos nos artigos anteriores, será necessária a autorização judicial para a viagem de criança em território nacional.

Parágrafo único. Poderá também ser concedida autorização judicial de viagem nacional para adolescente no caso de falta de documento de identidade ou no caso de dúvida quanto à sua identificação ou idade.

DOS REQUISITOS DO REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL DE VIAGEM NACIONAL

Art. 10°. O requerimento de autorização judicial para viagem nacional poderá ser apresentado diretamente pelo interessado, sem a necessidade de representação por advogado ou de assistência por defensor público.

Parágrafo único. O pedido deverá ser apresentado perante a Coordenadoria ou perante os Postos de Atendimento do Comissariado da Infância e da Juventude.

Art. 11. Nos casos de existência de conflito entre os pais ou entre estes e os responsáveis legais pela criança ou adolescente, o pedido deverá ser feito por meio de ação judicial.

Parágrafo único. No caso mencionado no caput, será necessária a representação por advogado, caso em que será obrigatória a juntada de instrumento de procuração na forma da lei processual em vigor, ou assistência por defensor público.

Art. 12. O requerimento de autorização judicial deverá apresentar a qualificação completa:

a) do requerente;

b) da criança ou do adolescente;

c) dos genitores ou de apenas um deles, caso o outro seja falecido ou ignorado;

d) do guardião ou do tutor, se for o caso;

e) do acompanhante, se for o caso.

§ 1º A qualificação mencionada no presente artigo deverá indicar:

a) o tipo e o número de registro do documento de identidade;

b) estado civil, profissão e residência;

c) números de telefone fixo e celular, assim como endereço eletrônico, se houver.

§ 2°. Para os fins de requerimento de autorização judicial, as crianças ou adolescentes que não possuam documento de identidade poderão ser qualificadas pela certidão de nascimento.

§ 3°. O requerimento de autorização judicial deverá indicar:

a) o motivos da viagem;

b) o destino, contendo cidade e Estado da Federação;

c) o endereço de permanência no local de destino, caso seja diverso do endereço de residência da criança ou adolescente.

Art. 13 O requerimento de autorização judicial deverá ser instruído com cópias dos seguintes documentos:

a) documento de identidade ou da certidão de nascimento da criança ou adolescente;

b) documento de identidade do requerente, dos genitores ou, se for o caso, do tutor ou guardião;

c) certidão ou termo de compromisso do tutor ou do guardião, se for o caso;

d) documento de identidade do terceiro acompanhante, se for o caso;

e) passagem aérea ou terrestre, em casos de urgência.

§ 1°. No caso de apresentação conjunta do documento original e da cópia, será dispensada a autenticação da cópia.

§ 2° No caso de urgência, a apresentação das cópias poderá ser dispensada, bastando que o Comissário da Infância e da Juventude proceda à conferência dos documentos originais.

§ 3°. Poderá ser apresentado documento de autorização de um ou de ambos os genitores ou de outro responsável legal (guardião ou tutor), ainda que por fac-símile (fax), mensagem eletrônica (email) ou qualquer outro meio idôneo.

Art. 14. Na falta de um ou mais documentos referidos no parágrafo anterior, poderão ser apresentadas declarações escritas de pelo menos duas testemunhas com reconhecimento da responsabilidade criminal no caso de falsidade.

Parágrafo único. A declaração somente será válida com firma reconhecida, salvo quando for colhida na presença do Comissário da Infância e da Juventude.

DO PROCESSAMENTO DO REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL DE VIAGEM NACIONAL

Art. 15. O requerimento de autorização de viagem nacional não litigioso será processado administrativamente pelo Comissariado da Infância e da Juventude, após conferidos os documentos necessários.

Parágrafo único. Não há cobrança de emolumentos, de custas prévias ou finais nem despesas judiciais por quaisquer diligências porventura efetuadas pelo Comissário da Infância e da Juventude.

Art. 16. A autorização judicial de viagem nacional será emitida por Comissário da Infância e da Juventude, por específica delegação do Juízo de Direito da Infância e da Juventude da comarca, através de Ordem de Serviço, com validade de 06 (seis) meses.

Parágrafo único. Na primeira quinzena dos meses de janeiro e de julho, a Coordenadoria da Infância e Juventude e as Coordenações dos Postos de Atendimento dos Terminais Rodoviários e dos Aeroportos deverão encaminhar indicação dos Comissários da Infância e da Juventude aptos para a expedição autorização para viagem nacional para homologação judicial.

Art. 17. No caso de constatação de divergência entre os genitores ou responsáveis legais, o Comissário da Infância e da Juventude deverá remeter o caso para apreciação em procedimento judicial.

Parágrafo único. O Comissário da Infância e da Juventude poderá tentar a conciliação, a qual deverá constar de termo assinado pelos genitores e também pelo responsável legal, se for o caso. Logrado êxito na conciliação, a autorização de viagem poderá ser expedida pelo Comissário da Infância e da Juventude.

Art. 18. A autorização judicial para viagem nacional terá validade pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias e prazo máximo de 02 (dois) anos.

§ 1°. Acolhido o pedido, a autorização será expedida de imediato pelo Comissário da Infância e da Juventude, em 03 (três) vias, sendo duas vias entregues ao interessado e a terceira arquivada no respectivo Posto de Atendimento ou na sede do Comissariado da Infância e da Juventude.

§ 2°. A expedição da autorização é isenta da cobrança de qualquer taxa.

Art. 19. Na primeira semana de cada mês, o Coordenador de cada um dos postos de atendimento deverá enviar relatório estatístico das autorizações emitidas no mês anterior à Coordenadoria da Infância e da Juventude.

Parágrafo único. Identificada qualquer irregularidade, o Coordenador deverá comunicar de imediato a autoridade judicial.

Art. 20 O Comissário da Infância e da Juventude somente poderá expedir autorização de viagem nacional de criança ou adolescente que residir dentro dos limites de sua respectiva comarca de atuação e, excepcionalmente, das crianças que estejam em trânsito, nos casos de comprovada urgência.

Art. 21. O transporte de criança em viagem nacional com inobservância das regras da presente Portaria e do art. 83 do Estatuto da Criança e do Adolescente ensejará autuação por infração administrativa, cuja multa cominada é de 03 (três) a 20 (vinte) saláriosmínimos, aplicando-se em dobro no caso de reincidência. 2

Art. 22. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Publique-se. Registre-se. Cumpra-se.

Belo Horizonte, 10 de setembro de 2012.

(a) Desembargador Luiz Audebert Delage Filho
Corregedor-Geral de Justiça

1 - Art. 2º, § 4º, I, da Resolução nº 130/2009 da Agência Nacional de Aviação Civil

2 - Art. 251 do Estatuto da Criança e do Adolescente

 

Fonte: Diário do Judiciário Eletrônico - MG

Publicado em 14/09/2012

Extraído de Recivil

Notícias

Alimentando deve comprovar necessidade de pensão após maioridade

04/11/2011 - 08h06 DECISÃO   A necessidade de sustento da prole por meio da pensão alimentícia se encerra com a maioridade (18 anos), exigindo a partir daí que o próprio alimentando comprove sua necessidade de continuar recebendo alimentos. Esse foi o entendimento do Superior Tribunal de...

STF decide que dirigir embriagado é crime

O STF (Supremo Tribunal Federal) considerou que beber e dirigir é crime mesmo que não haja dano a terceiros. A decisão, de 27 de setembro, é da Segunda Turma do STF, que negou um habeas corpus a um motorista de Araxá (MG) denunciado por dirigir embriagado. Na ação, a Defensoria Pública...

Jurisprudência mineira - Existência de conta bancária de investimentos e ações judiciais não elencados na relação de bens a inventariar - Restituição - Perda da inventariança

AÇÃO DE SONEGADOS - EXISTÊNCIA DE CONTA BANCÁRIA DE INVESTIMENTOS E AÇÕES JUDICIAIS NÃO ELENCADOS NA RELAÇÃO DE BENS A INVENTARIAR - RESTITUIÇÃO - PERDA DA INVENTARIANÇA - Restando demonstrado, nos autos, que a inventariante deixou de incluir dolosamente no rol de bens a partilhar conta de...

Devolução de depósito judicial deve ser corrigida apenas por juros simples

03/11/2011 - 08h01 DECISÃO Na devolução de depósitos judiciais corrigidos pela taxa Selic, aplica-se apenas a capitalização simples, ou seja, os juros mensais incidem apenas sobre o valor depositado originalmente. A decisão foi dada pela Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que...

Desconsideração da personalidade jurídica: proteção com cautela

30/10/2011 - 08h03 ESPECIAL A distinção entre pessoa jurídica e física surgiu para resguardar bens pessoais de empresários e sócios em caso da falência da empresa. Isso permitiu mais segurança em investimentos de grande envergadura e é essencial para a atividade econômica. Porém, em muitos...

Moradia provisória: juiz ordena construtora pagar aluguel

Extraído de: COAD  - 01 de Novembro de 2011 O juiz da 16ª Vara Cível de Belo Horizonte, Alexandre Quintino Santiago, determinou que a Estrutura Engenharia e Construção Ltda., responsável pela edificação do Condomínio Vale dos Buritis, custeie o aluguel de todas as famílias do edifício, até...