Médicos tomam decisões diferentes das recomendações que fazem aos pacientes, diz pesquisa
13/04/2011 13:47
Extraído de Painel Político
Pesquisa mostra que médicos não seguem as próprias recomendações
Ter, 12 de Abril de 2011 11:40
Uma pesquisa publicada na revista Archives of Internal Medicine mostrou que os médicos tomam decisões diferentes das recomendações que fazem aos pacientes. A pesquisa foi conduzida por Peter A. Ubel e colegas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. O objetivo do estudo era saber se a recomendação de um certo tratamento poderia ser diferente das decisões médicas tomadas pelos profissionais em relação à própria saúde.
Em um dos cenários mostrados pela pesquisa, foi pedido para um grupo de médicos dizer o que recomendaria a um paciente diagnosticado com câncer de cólon. As opções eram cirurgias com taxa de cura de 80%, mas uma delas tinha uma taxa de mortalidade mais alta, que, no entanto, apresentava poucos efeitos colaterais. Por outro lado, a outra cirurgia tinha uma taxa de mortalidade menor, mas um certo número de pessoas que a escolheu teve que enfrentar colostomia, diarreia crônica, obstrução intermitente do intestino ou uma infecção. Cerca de 24,5% responderam que aconselharia o paciente a fazer a cirurgia com a taxa de mortalidade maior, com menos efeitos colaterais.
Outros médicos tiveram que responder o questionário que apresentava a mesma história, com a diferença de que a pessoa diagnosticada com a doença eram eles mesmos. Neste caso, a escolha pelo procedimento com a maior taxa de risco de morte foi de cerca de 37%.
"Ou seja, quando médicos fazem recomendações de tratamentos, eles pensam diferentemente de quando fazem decisões para eles mesmos", explicaram os autores do estudo. "Em algumas circunstâncias, fazer recomendações pode reduzir a qualidade das decisões médicas. Ao menos em algumas circunstâncias, no entanto, quando as emoções interferem com a tomada de decisões, esta mudança pode levar à escolha da decisão ideal. Quando discutirmos se é apropriado aos médicos fazerem recomendações de tratamentos para seus pacientes, nós devemos reconhecer que o ato de recomendar muda a forma como os médicos pesam as alternativas".
As informações são de O Estadão de São Paulo