Denúncia de violência doméstica evita feminicídio, afirmam especialistas

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Flávia Arruda (C): muitas mulheres têm medo e não sabem a quem recorrer depois da denúncia

10/04/2019 - 15h04

Denúncia de violência doméstica evita feminicídio, afirmam especialistas

Medo e falta de estrutura no atendimento são os principais motivos que impedem mulheres de denunciarem

A denúncia de casos de violência doméstica e a consequente emissão de medidas protetivas garantem a segurança das mulheres vítimas, de acordo com especialistas ouvidos pela comissão externa destinada a acompanhar os casos de violência doméstica contra a mulher. 

Coordenadora da comissão, a deputada Flávia Arruda (PR-DF) acredita que o debate mostrou a importância dessas denúncias. "O número de mulheres que denunciaram e depois foram vítimas de feminícidio é mínimo”, revelou.

A deputada defendeu o aumento da rede de apoio e de acolhimento às mulheres. “Muitas têm medo, não sabem a quem recorrer depois da denúncia e não tem para onde ir”, alertou.

No Brasil, a cada 15 segundos, duas mulheres são agredidas fisicamente. O país está em quinto lugar entre os que mais praticam violência contra mulher em todo o mundo. 

A delegada Sandra Gomes Melo, chefe da Delegacia de Atendimento à Mulher do Distrito Federal, lembra que recente pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que 52% das mulheres que sofrem violência no Brasil não reportam. O medo e a falta de estrutura no atendimento são os principais motivos para a desistência da denúncia, segundo ela.

Protocolos
Sandra Gomes Melo explicou que a delegacia se orienta por três linhas principais: atendimento humanizado e proteção às vítimas de violência; orientação sobre direitos e serviços; e trabalho conjunto com a rede integrada de proteção à mulher.

Entre os pontos importantes para garantir a proteção e conforto das vítimas, segundo a delegada, está a postura cuidadosa dos servidores para evitar que as vítimas desistam das denúncias; a existência de um local reservado para registro da denúncia; e oitivas imediatas.

Integração
A integração entre as delegacias e o Poder Judiciário foi apontada como outro ponto essencial pela juíza Luciana Lopes, coordenadora do Núcleo Judiciário da Mulher e Titular do Juizado de Violência doméstica contra a Mulher de Taguatinga, no Distrito Federal. 

Segundo Luciana Lopes, o cumprimento das medidas protetivas é uma das principais diretrizes necessárias para a efetividade da Lei de Maria da Penha. "É preciso que tenha fiscalização do cumprimento das medidas protetivas, é necessária integração dos nossos sistemas”, destacou. 

Ela aponta a necessidade de integração tecnológica entre os sistemas da polícia e do judiciário. “Para que se tenha flagrante de crime de descumprimento de protetiva, por exemplo, é necessário que a medida protetiva esteja vigente, que o autor do fato esteja intimado e só a partir daí pode se configurar um crime de descumprimento”, citou. 

Na próxima reunião, a comissão externa deve votar pedidos para realização de audiências públicas em vários estados para colher dados sobre a violência contra a mulher.

Reportagem – Mônica Thaty
Edição – Geórgia Moraes
Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

Imóvel de família pode ser penhorado para pagamento da própria reforma

PENHORABILIDADE RETROALIMENTANTE Imóvel de família pode ser penhorado para pagamento da própria reforma Danilo Vital 19 de março de 2024, 14h33 Essa exceção está no artigo 3º, inciso II, da mesma lei. A lógica é impedir que essa garantia legal seja deturpada como artifício para viabilizar a reforma...

Modernidade e sucessão: como funciona a herança digital

OPINIÃO Modernidade e sucessão: como funciona a herança digital Rodrigo Chanes Marcogni 18 de março de 2024, 18h23 Obviamente que temos que considerar aqui que ao estabelecerem suas regras e políticas de uso as empresas que hospedam as redes sociais o fazem imbuídas no princípio constitucional do...

Artigo – Registro civil: há que se ter algum limite na criatividade onomástica

Artigo – Registro civil: há que se ter algum limite na criatividade onomástica Publicado em 18 de março de 2024 Uma recente e importante alteração legislativa na área do registro civil foi a flexibilização da imutabilidade do nome. O advento da Lei nº 14.382/2022 rompeu a rigidez, permitindo a...

Aumento de renda do pai gera revisão de valor da pensão alimentícia

BOLSO CHEIO Aumento de renda do pai gera revisão de valor da pensão alimentícia 8 de março de 2024, 7h49 A autora da ação lembrou que o valor inicial da pensão foi fixado em 27,62% do salário mínimo nacional, já que na época o pai da criança não tinha boa condição financeira. Prossiga em Consultor...