Ferramenta mapeia gargalos no andamento de processos judiciais

Juízes auxiliares do CNJ Fábio Porto, Rafael Leite e Alexandre Libonati participam do evento. Foto: Gil Ferreira/CNJ

Ferramenta mapeia gargalos no andamento de processos judiciais

17 de dezembro de 2021Notícias CNJ / Agência CNJ de Notícias

“Judiciário & Mineração de Processos (JuMP-CNJ)” é o nome da nova ferramenta digital que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desenvolveu para ajudar os tribunais a identificar gargalos no andamento dos processos e melhorar o trabalho realizado nas unidades judiciárias. A inovação foi apresentada, nessa quinta-feira (16/12), em evento com a presença de representantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que tem expertise na área e é parceira no projeto.

Com a solução, os tribunais podem identificar em quais setores e em que etapas da tramitação se acumulam as ações judiciais. Também é possível descobrir quais são as providências necessárias à movimentação do processo que levam mais tempo a serem tomadas. Dessa forma, as gestões das varas podem dinamizar o trabalho da equipe e, por consequência, reduzir a duração de tramitação da ação.

O juiz auxiliar da Presidência do CNJ Fábio Porto classificou a iniciativa como pioneira e revolucionária e ressaltou que novos aprimoramentos surgirão a partir do uso da ferramenta pelos tribunais. Ele lembrou que todas as pesquisas apontam a morosidade como o principal problema do Judiciário. “Com a JuMP, será possível atacar a raiz da morosidade, porque ela possibilita identificar e verificar os pontos de gargalo e corrigi-los. Assim, poderemos viabilizar o prazo razoável de duração de um processo.”

Porto também destacou que, além de facilitar a gestão da unidade judiciária, a JuMP será de extrema valia para os órgãos correicionais. “As corregedorias poderão comparar todas as unidades jurisdicionais e identificar, remotamente, aquelas que eventualmente necessitem de ajuda. Isso porque a Corregedoria tem papel de corregência e não apenas de correição. Pela ferramenta, será possível identificar boas práticas e disseminá-las entre unidades judiciárias para elevar a qualidade dos serviços prestados e, ao mesmo tempo, orientar e fiscalizar.”

Tecnologia

A tecnologia que viabilizou a criação da ferramenta JuMP é a mineração de processos, campo de pesquisa que desenvolve aplicações para diferentes setores da economia, da indústria ao setor de serviços. A mineração varre bases de dados digitais e, a partir das informações encontradas, mapeia determinada rotina produtiva. O produto final é uma representação gráfica que retrata o fluxo do trabalho. Com diagramas, esquemas e outros recursos visuais, a ferramenta localiza os pontos do fluxo onde há “congestionamentos” ou dificuldades que precisam ser superadas para melhorar o desempenho do setor.

Os “mapas” são de fácil visualização, pois transformam setores de uma vara judicial em pequenas caixas e a movimentação de processos, em setas. De acordo com o volume de ações que tramita, maior a seta. Conforme o tempo que uma tarefa que movimenta o processo demora, varia a intensidade do tom da cor da seta. “Esse processo até hoje é feito com a intuição dos gestores, muitas vezes, e depende exclusivamente de números. O gestor precisa identificar gargalos olhando para planilhas, com nomes e números. Com a mineração, ele vai conseguir reconhecer imediatamente o problema que atrasa determinada atividade, como expedir uma comunicação, por exemplo”, afirmou o também juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Rafael Leite.

Conheça a Ferramenta de Mineração de Processos JuMP

A ferramenta está disponibilizada na Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro. Ao se integrar à Plataforma, o tribunal não precisa mais designar equipes próprias para alimentar as bases de dados consultadas pelo Conselho, uma vez que ela coleta automaticamente todos os dados referentes à tramitação de processos, por exemplo, e os armazena em um repositório em nuvem.

O Codex é o canal pelo qual a JuMP acessará as bases de dados dos órgãos da Justiça. “Pelo Codex, o CNJ se conecta a cada um dos tribunais e importa seus dados estruturados e não estruturados, assim como o conteúdo dos processos. Com base no que está dentro do Codex, o Conselho será capaz de desenvolver e disponibilizar, pelo mesmo canal, produtos e serviços que auxiliem os tribunais”, explicou Rafael Leite.

Histórico

O CNJ e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) colaboram, desde a gestão do ex-presidente do CNJ, ministro Dias Tofolli, no projeto de desenvolvimento tecnológico e institucional baseado na mineração de processos. Têm sido realizados cursos para capacitar a força de trabalho da Justiça e, para o futuro próximo, estão projetadas novas aplicações que atendam a necessidades específicas do Poder Judiciário.

O lançamento da ferramenta JuMP contou com participação do juiz auxiliar da Presidência do CNJ Alexandre Libonati, do diretor do Centro de Informática da UFPE, Paulo Henrique Monteiro Borba, dos professores da UFPE que atuaram no desenvolvimento do projeto, Adriano Lorena e Ricardo Massa, além do juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 9a Região (TRT9), Bráulio Gusmão, ex-juiz auxiliar da Presidência e apontado como responsável por iniciar o projeto.

Jeferson Melo
Agência CNJ de Notícias

Reveja o evento no canal do CNJ no YouTube

Fonte: CNJ

 

Notícias

Lacunas e desafios jurídicos da herança digital

OPINIÃO Lacunas e desafios jurídicos da herança digital Sandro Schulze 23 de abril de 2024, 21h41 A transferência de milhas aéreas após a morte do titular também é uma questão complexa. Alguns programas de milhagens já estabelecem, desde logo, a extinção da conta após o falecimento do titular, não...

TJMG. Jurisprudência. Divórcio. Comunhão universal. Prova.

TJMG. Jurisprudência. Divórcio. Comunhão universal. Prova. APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DIVÓRCIO - COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS - PARTILHA - VEÍCULO - USUCAPIÃO FAMILIAR - ÔNUS DA PROVA - O casamento pelo regime da comunhão universal de bens importa na comunicação de todos os bens presentes e futuros...

Reforma do Código Civil exclui cônjuges da lista de herdeiros necessários

REPARTINDO BENS Reforma do Código Civil exclui cônjuges da lista de herdeiros necessários José Higídio 19 de abril de 2024, 8h52 Russomanno ressalta que, além da herança legítima, também existe a disponível, correspondente à outra metade do patrimônio. A pessoa pode dispor dessa parte dos bens da...

Juiz determina que valor da venda de bem de família é impenhorável

Juiz determina que valor da venda de bem de família é impenhorável Magistrado considerou intenção da família de utilizar o dinheiro recebido para adquirir nova moradia. Da Redação terça-feira, 16 de abril de 2024 Atualizado às 17:41 "Os valores decorrentes da alienação de bem de família também são...

Cônjuge não responde por dívida trabalhista contraída antes do casamento

CADA UM POR SI Cônjuge não responde por dívida trabalhista contraída antes do casamento 15 de abril de 2024, 7h41 Para o colegiado, não se verifica dívida contraída em benefício do núcleo familiar, que obrigaria a utilização de bens comuns e particulares para saná-la. O motivo é o casamento ter...

Atos jurídicos e assinatura eletrônica na reforma do Código Civil

OPINIÃO Atos jurídicos e assinatura eletrônica na reforma do Código Civil Ricardo Campos Maria Gabriela Grings 12 de abril de 2024, 6h03 No Brasil, a matéria encontra-se regulada desde o início do século. A Medida Provisória 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, estabeleceu a Infraestrutura de Chaves...