Holanda inclui gênero neutro no registro civil

Holanda inclui gênero neutro no registro civil

Uma pessoa intersexual registrada como homem, que depois se identificou como mulher, solicitou a criação de uma terceira opção na documentação oficial

ISABEL FERRER
Haia 28 MAI 2018 - 17:11 BRT

A Justiça holandesa decidiu que chegou a hora de atualizar o registro civil para incluir homens, mulheres e aqueles que não se encaixam em uma das duas categorias ao nascer: os intersexuais. Um tribunal em Limburgo (sul do país) estabeleceu um precedente ao decidir a favor de um processo movido por uma pessoa intersexual, registrada em 1961 com o sexo masculino por seus pais, e que solicitou em 2001 uma mudança da ata oficial para ser identificada como mulher. Ainda desconfortável, havia pedido aos juízes que reconhecessem um "terceiro gênero: o neutro". Nesta segunda-feira, os juízes lhe deram razão. Caso contrário, apontam, essa pessoa não teria direito à sua "autodeterminação pessoal, autonomia e privacidade".

A identidade do requerente não foi revelada, apenas as linhas gerais do seu caso. Seus pais o registraram com o sexo masculino porque acreditavam que "seria mais fácil para seu filho", com base nos relatórios médicos recebidos. Embora não tenha sido possível determinar claramente o sexo da criança, com o tempo, ele não se sentiu refletido em um modelo masculino. Em 2001, tentou o registro como mulher depois de várias operações. Em ambos os casos, o registro foi adaptado. Esta decisão pode ajudar a modificar as leis, porque até agora prevalecia uma decisão da Suprema Corte de 2007, em um caso semelhante. Na época, os magistrados consideraram que "ainda não era o momento certo" para uma mudança dessa natureza. Mas seus colegas de Limburgo argumentam que "já é hora de reconhecer a possibilidade de um terceiro gênero, dada a evolução social e jurídica ocorrida".

A decisão foi aplaudida pelo coletivo holandês LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), que a define como um "passo na direção certa". O braço holandês da fundação internacional que defende os direitos dos intersexuais também destaca seu contentamento. Lamenta, no entanto, "que a decisão só seja válida no campo da intersexualidade; qualquer holandês deveria ter essa opção", dizem.

O Artigo 1o da Constituição holandesa "proíbe a discriminação em função da religião, opinião política, raça, sexo ou qualquer outro motivo". Em 2017, o novo Governo de centro-direita anunciou seu desejo de acrescentar uma provisão adicional à Carta Magna "para proibir especificamente a discriminação com base na orientação sexual". O plano incluía a paternidade múltipla, permitindo que as crianças pudessem ter mais de dois progenitores. Ambas as questões são sensíveis para os partidos confessionais, um dos quais, o protestante Christen Unie, faz parte da coalizão no poder. São contra, mas se comprometeram a não boicotar a futura votação sobre o assunto

Fonte: El País

Notícias

Casamento em cartório oficializa amor entre mulheres

Casamento em cartório oficializa amor entre mulheres 22 de março de 2024 - Notícias CNJ / Agência CNJ de Notícias Contar com a segurança do “papel passado” para oficializar a união levou um casal de mulheres a tomar a decisão mais importante em pouco mais de dois anos de vida em comum: casar...

Você sabia que precatório de credor falecido é herança?

Você sabia que precatório de credor falecido é herança? Laís Bianchi Bueno Os precatórios são dívidas governamentais decorrentes de várias situações. Após o falecimento do titular, são automaticamente transmitidos aos herdeiros de acordo com o Código Civil. quarta-feira, 20 de março de...

Imóvel de família pode ser penhorado para pagamento da própria reforma

PENHORABILIDADE RETROALIMENTANTE Imóvel de família pode ser penhorado para pagamento da própria reforma Danilo Vital 19 de março de 2024, 14h33 Essa exceção está no artigo 3º, inciso II, da mesma lei. A lógica é impedir que essa garantia legal seja deturpada como artifício para viabilizar a reforma...

Modernidade e sucessão: como funciona a herança digital

OPINIÃO Modernidade e sucessão: como funciona a herança digital Rodrigo Chanes Marcogni 18 de março de 2024, 18h23 Obviamente que temos que considerar aqui que ao estabelecerem suas regras e políticas de uso as empresas que hospedam as redes sociais o fazem imbuídas no princípio constitucional do...

Artigo – Registro civil: há que se ter algum limite na criatividade onomástica

Artigo – Registro civil: há que se ter algum limite na criatividade onomástica Publicado em 18 de março de 2024 Uma recente e importante alteração legislativa na área do registro civil foi a flexibilização da imutabilidade do nome. O advento da Lei nº 14.382/2022 rompeu a rigidez, permitindo a...