Mau uso dos impostos pode afugentar investidores

Extraído de Blog Direito Tributário
segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mau uso dos impostos pode afugentar investidores

(artigo de Raul Haidar)

Trabalhei quatro meses neste ano, mas tudo o que ganhei num deles entreguei ao governo, pagando meus impostos. Além da tributação contida no que eu e minha família consumimos, paguei o IPVA de dois automóveis, o IPTU da minha casa e do meu escritório, o ISS contido nos serviços médicos que usei, enfim, toda a parafernália de impostos que todos pagam.

Aprendi há muito anos que os impostos possuem diversas finalidades. Por exemplo: garantir justiça, segurança, educação, serviços diversos e até mesmo a democracia, remunerando condignamente nossos representantes. Em síntese, o destino do imposto é promover o bem comum, arrecadando recursos para manter o aparelho estatal com todos os seus órgãos, promovendo o equilíbrio da sociedade etc. e tal.

Mas não é isso que estão fazendo com nosso dinheiro. Ele está, literalmente, indo para o lixo.

Acompanhando o noticiário mais recente da imprensa, vimos que verbas destinadas à merenda escolar estão sendo desviadas por meliantes que ocupam cargos públicos, entregando-se às escolas alimentos sem condições de uso, que acabam na lata do lixo. Para tal crime há várias agravantes, a primeira delas pelo fato de que as coisas roubadas ou furtadas destinavam-se a crianças ou jovens em idade escolar. Trata-se, sem dúvida de crime que pode ser considerado hediondo. É dinheiro que vai para o lixo.

O trágico nessa história é que isso ocorre em vários estados, inclusive neste que é tido como o mais rico da Federação.

Não faz muito tempo livros e materiais escolares que custaram verdadeiras fortunas foram destruídos numa escola pública, porque não eram úteis aos seus alunos. A única utilidade foi enriquecer verdadeiras quadrilhas que se infiltram em áreas governamentais . Não há notícias de que os responsáveis pelo crime estejam presos. É dinheiro que vai para o lixo.

Também já foram registrados casos de medicamentos adquiridos com nosso dinheiro que tiveram o lixo como destino, porque comprados em quantidades absurdamente elevadas, totalmente desproporcionais ao município para onde foram encaminhados.

Enquanto aquelas crianças ficaram sem merenda, preocupam-se as pessoas que elegemos com obras megalomaníacas e de duvidosa viabilidade ou utilidade discutível, como o tal trem-bala, os aviões de guerra e até mesmo aquela fantasia de submarino atômico que há décadas consome dinheiro público e não chega a lugar algum.

Em outro nível de governo, há capitais do Nordeste em que o dinheiro do imposto é utilizado para contratar conjuntos de forró-brega (argh!) para fazer shows em praça pública. É dinheiro que vai para o lixo.

Esses atos criminosos ocorrem no país todo. Um prefeito em quem votei (mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa) resolve fundar um partido e logo em seguida contrata um político nordestino para ser conselheiro da Companhia de Engenharia de Trafego de uma das maiores cidades do mundo. O IPTU, o ISS e o IPVA (metade pertence ao município) que paguei vão ajudar a pagar essa picaretagem. Como se diria alhures: arre égua!

Esse mesmo prefeito resolveu dar emprego para coronéis aposentados da polícia militar nas administrações regionais. Em quase todos os bairros, a sujeira nas ruas não melhorou e os demais serviços públicos continuam ruins. Mas em algumas administrações já resolveram hastear a bandeira e cantar o hino, quase sempre com a presença dos puxa-sacos de plantão e da imprensa do bairro. Dizem que estão promovendo o patriotismo. Sempre pensei que a função de um administrador fosse administrar. Talvez eu esteja errado. É dinheiro que vai para o lixo.

Já existem empresários fugindo deste circo. Um cliente do meu escritório que pretendia ampliar sua fábrica na região metropolitana da grande São Paulo já está indo para outro país do Mercosul, onde a carga tributária é cerca de metade da que pagamos aqui e onde licenças para instalação de indústria não demoram mais que 15 dias. Mesmo trazendo o produto de caminhão, vai dar mais lucro. Empresário não quer saber de solenidade ou desfile. Quer é ter lucro e ambiente bom para trabalhar. Isso sim é patriotismo. 

 

Notícias

Conjur -Credor tem direito de executar dívida não contestada, estabelece STJ

Conjur -Credor tem direito de executar dívida não contestada, estabelece STJ Na impugnação parcial ao cumprimento de sentença, o credor tem direito de receber a parte incontroversa (não questionada) da dívida, inclusive por meio de penhora. Assim, não há razão para que o juízo postergue a execução...

Pacto pela linguagem simples no Judiciário: será o fim do juridiquês?

OPINIÃO Pacto pela linguagem simples no Judiciário: será o fim do juridiquês? Ingrid Gadelha 26 de dezembro de 2023, 16h17 A finalidade é deixar a informação mais acessível a um público mais amplo, garantindo seu total entendimento sem se perder em detalhes intrincados. Prossiga em Consultor...

Bem adquirido durante união estável é dividido em partes iguais na separação

ESFORÇO PRÓPRIO Bem adquirido durante união estável é dividido em partes iguais na separação 18 de dezembro de 2023, 20h16 Esse foi o entendimento da juíza Adriana Bodini, da 1ª Vara da Família e Sucessões do Foro Regional 3 (SP), para determinar que uma mulher fique com 50% dos bens que foram...

Ação de cobrança contra pessoa falecida não incide sobre herdeiros

HERANÇA MALDITA Ação de cobrança contra pessoa falecida não incide sobre herdeiros 16 de dezembro de 2023, 14h39 A decisão foi tomada no julgamento de apelação contra sentença do juízo da 3ª Vara Cível de Toledo (PR) que não reconheceu a ilegitimidade passiva dos herdeiros. Confira em Consultor...