Felicidade deve ser indicador de desenvolvimento

27/04/2012 - 16h02 Comissões - Rio+20 - Atualizado em 27/04/2012 - 18h50

Felicidade deve ser indicador de desenvolvimento, dizem especialistas

Paulo Cezar Barreto

Indicadores de bem-estar que considerem o nível de felicidade da sociedade. Parece impossível? Não para os debatedores que participaram de audiência conjunta desta quinta-feira (26) das subcomissões da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) dedicadas ao acompanhamento da conferência Rio+20, a ser realizada em junho, no Rio de Janeiro. Eles defenderam a adoção e desenvolvimento de indicadores mais precisos para o bem-estar da sociedade, a exemplo do índice de desenvolvimento humano (IDH), mas salientando a importância da felicidade como objetivo de políticas públicas. A audiência foi presidida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Khalid Malik, diretor do Escritório de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que é preciso ter outro olhar para o desenvolvimento humano, pois este é um conceito profundo, que nos leva a fazer perguntas básicas sobre a condição de vida das pessoas. Conforme sublinhou, a medição do IDH revela grandes disparidades, e a ONU tem trabalhado para aumentar a relevância do fator igualdade.

Malik admitiu que a 84ª posição do Brasil no ranking internacional de IDH causa “insatisfação” entre os brasileiros, mas afirma que a melhoria da educação e da saúde são essenciais para a elevação do índice brasileiro. Ele tem esperança de que a Rio+20 favoreça uma série de questionamentos sobre os parâmetros de desenvolvimento humano e o respeito aos valores dos povos.

A antropóloga e psicóloga americana Susan Andrews, coordenadora do Movimento Felicidade Interna Bruta Brasil, afirma que felicidade não é algo trivial ou meramente subjetivo, mas um campo de pesquisa científica. Ela discutiu os elementos constituintes do nível de felicidade e considerou o PIB uma medida “falha”, considerando que as nações buscam múltiplos indicadores que foquem os aspectos econômicos, ecológicos e relacionados ao bem-estar humano.

Mauro Motoryn, presidente do Movimento Mais Feliz, ressaltou que o administrador público deve cuidar essencialmente da felicidade do cidadão, lamentando que a falta de respeito ao cidadão se reflita na gestão pública. Ele declarou que ultimamente grandes mudanças rumo à felicidade têm vindo principalmente do governo federal, mas disse acreditar que as eleições municipais deste ano possam desencadear uma “revolução” pela base. Para ele, o centro da mudança deve ser o cidadão conectado em torno de uma causa coletiva, lembrando que as novas tecnologias permitem “votar todo dia”. Motoryn disse a pressão da sociedade deve recair tanto sobre autoridades públicas quanto sobre a iniciativa privada.

Já o professor Wesley Mendes da Silva, da Fundação Getúlio Vargas, notou que entre 2000 e 2009 o Brasil registrou um crescimento expressivo de pessoas satisfeitas com suas vidas, mas o nível do país nesse aspecto é considerado baixo em comparação com outros países da América Latina. Em sua opinião, é preciso estimular a pesquisa sobre a felicidade da população de modo a gerar números que reflitam parâmetros objetivos e tendo em vista padrões de demanda diferentes.

Fábio Gallo Garcia, também professor da FGV, destacou a importância de se criar um índice que considere as características de nosso povo e que permita uma análise que conduza a novas políticas públicas. Para ele, não se trata de registrar a felicidade individual ou verificar o humor de um grupo de pessoas, mas apontar tendências que digam sobre a percepção das pessoas sobre diferentes aspectos de suas vidas. O professor diz que não é claro se os brasileiros são realmente felizes, informação que parece conflitante com o baixo desenvolvimento humano.

 

Agência Senado

 

Notícias

Trabalhador retirou-se da audiência porque calçava chinelos de dedos

  Indenização para trabalhador que, calçando chinelos, foi barrado em audiência (04.03.11) Um dia depois da matéria de ontem (3) do Espaço Vital sobre exigências formais (gravata, paletó e calçados) para participar de atos judiciais, surge a notícia de que a União foi condenada a reparar o...

Não é possível reconhecer uniões estáveis paralelas

23/02/2011 - 14h21 STJ decide que é impossível reconhecer uniões estáveis paralelas A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça admitiu que não é possível reconhecer uniões estáveis paralelas entre um funcionário público aposentado do Rio Grande do Sul e duas mulheres, com as quais manteve...

Imunidade profissional não é absoluta

03/03/2011 - 14h08 DECISÃO Advogado é condenado por calúnia e difamação contra colega Em mais um julgamento sobre excessos verbais cometidos por advogado no curso do processo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou seu entendimento de que a imunidade profissional prevista na Constituição...

Cirurgia essencial à sobrevida de segurado

03/03/2011 - 12h29 DECISÃO Unimed deve pagar despesas com cirurgia bariátrica de segurada com obesidade mórbida A gastroplastia (cirurgia bariátrica), indicada como tratamento para obesidade mórbida, longe de ser um procedimento estético ou mero tratamento emagrecedor, revela-se cirurgia...

Aparelho de TV e máquina de lavar são impenhoráveis

03/03/2011 - 08h09 DECISÃO Aparelho de TV e máquina de lavar são impenhoráveis Aparelho de televisão e máquina de lavar, bens usualmente encontrados em uma residência, não podem ser penhorados para saldar dívidas. A decisão é da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em julgamento...

Disposição normativa inconstitucional

Terça-feira, 01 de março de 2011 Fixação de valor do salário mínimo por decreto é questionada no STF A possibilidade de o Poder Executivo reajustar e aumentar o salário mínimo por meio de decreto, prevista no artigo 3º da Lei nº 12.382/2011*, foi questionada por meio da Ação Direta da...