As causas do abandono afetivo parental, suas consequências e o dever de indenizar

As causas do abandono afetivo parental, suas consequências e o dever de indenizar

Por: Dr. Jonas Pimentel Neto

No artigo anterior, falei sobre ‘alienação parental’ - situação extremamente prejudicial à formação psicológica e cognitiva das crianças e adolescentes. O ato, trazido para o exercício do pátrio poder de um ou dois genitores, que é cometido geralmente por quem detém a guarda, muito embora possa ser praticado pelos avós ou adultos que pertençam ou não a uma das famílias.

Na mesma esteira do debate, falarei sobre ‘abandono afetivo’, ato que também envolve comportamento humano e que é configurado pela omissão de cuidado, na criação, educação, companhia, assistência moral, psíquica e social ao menor de idade. É dever moral e jurídico dos genitores zelar, ao passo que é direito fundamental de crianças e adolescentes viverem em ambiente familiar saudável.

Embora a certidão de nascimento declare o estado de filiação, essa relação transcende o conceito jurídico e alcança o campo da afeição, por força da convivência familiar. Ele está previsto na Constituição Federal de 88, artigo 227, § 6º, bem como no Código Civil, artigo 1.596, e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), artigo 27. Vale frisar que a previsão jurídica cria, estritamente, uma garantia normativa. O afeto, por sua vez, condicionado às leis do coração.

Essa relação de afeto requer a aptidão em experimentar uma mescla de sentimentos e emoções. É a partir dela que serão criados os laços de afetividade, com base no amor. E o campo da análise da psique humana revela ainda mais; tal abandono causa danos irreparáveis na construção da personalidade do indivíduo.

As principais consequências são a ruptura das relações pessoais e da ligação de afeto, sofrimento, sensação de abandono e desprezo, que pode resultar em problemas comportamentais e extravasar às relações sociais e amorosas futuramente, podendo atingir inclusive os pais. Quem pratica o abandono afetivo pode ser responsabilizado, podendo ter que indenizar a vítima.

O dano causado pode ser caracterizado como material, quando ocorrer a deterioração dos bens e até mesmo dos lucros e vantagens obtidos em razão da prática. E pode ser considerado dano moral quando forem comprovadas as consequências psíquicas do ato. O ‘abandono afetivo’ acontece, muitas vezes, em decorrência de uma separação. Dada sua importância, falaremos disso no próximo artigo, especialmente sobre união estável.

Dr. Jonas Pimentel Neto é advogado atuante na área do Direito de Família (OAB/MT – 18.454).

Fonte: O Bom da Notícia

Notícias

Da percepção do salário no regime da comunhão parcial de bens

Da percepção do salário no regime da comunhão parcial de bens Pedro Linhares Della Nina O STJ, em 21/11/23, enfrentou questão jurídica sobre a percepção dos proventos (art. 1.659, VI, do Código Civil) ser ato particular do cônjuge. Porém, quando percebido, a remuneração integra a meação de...

Proposta de alteração no Código Civil não muda status jurídico dos animais

SERES COISIFICADOS Proposta de alteração no Código Civil não muda status jurídico dos animais José Higídio 26 de março de 2024, 8h51 De acordo com a proposta da relatoria-geral, “os animais, objetos de direito, são seres vivos sencientes e passíveis de proteção jurídica própria, em virtude da sua...

Como fica a divisão dos bens em uma separação?

Como fica a divisão dos bens em uma separação? Francisco Gomes Júnior Antes de casar ou unir-se, defina o regime de bens e faça acordos antenupciais para evitar disputas na separação. segunda-feira, 25 de março de 2024 Atualizado às 07:58 Ultimamente, com a notícia de diversos casos de famosos...