Deputados apontam problemas em concessão de bolsas de estudo

25/04/2012 17:44

Deputados apontam problemas em concessão de bolsas de estudo no exterior

Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, a meta é conceder 20 mil bolsas até o final de 2012.

Beto Oliveira
Marco Antonio Raupp (ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação)
Raupp, que já presidiu a SBPC, pediu mais investimentos de empresas privadas em pesquisa.

Deputados apontaram nesta quarta-feira (25) problemas no programa do governo Ciência sem Fronteiras, que prevê a concessão de 100 mil bolsas, até 2014, para estudantes e pesquisadores brasileiros fazerem estágio no exterior. Os parlamentares denunciaram o baixo valor das bolsas, a demora no pagamento e a baixa participação do setor privado no programa. As denúncias foram feitas em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática sobre as metas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para 2012.

De acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, a meta do governo é conceder 20 mil bolsas até o final do ano – o que significa 25% da meta final para setor público, de 75 mil bolsas. O programa prevê que as outras 25 mil bolsas deverão ser financiadas pelo setor privado. Atualmente, 3,7 mil estudantes já estão no exterior pelo programa.

Baixo valor e atrasos
O deputado Sandro Alex (PPS-PR) criticou o baixo valor das bolsas. Segundo o deputado, a bolsa – R$ 1.200,00 para alunos de graduação e de R$ 1.800,00 para alunos de mestrado, com dedicação exclusiva – não atrai os melhores estudantes. O ministro reconheceu que o valor é baixo e que não há reajuste nas bolsas há quatro anos. Segundo ele, o ministério tentará promover ainda este ano reajuste de cerca de 10% no valor das bolsas.

O diretor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Geraldo Nunes, informou ainda que recentemente a Capes e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) autorizaram os alunos das áreas de engenharia e tecnológicas a terem outros rendimentos, além de receber a bolsa.

Já o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) denunciou os atrasos no pagamento de bolsas a estudantes que já estão no exterior, conforme matéria publicada pela imprensa. O diretor da Capes informou que de fato tem havido problemas no pagamento da primeira parcela, pois o número de bolsistas subiu de centenas para milhares. Para resolver a situação, a Capes e o Cnpq começarão a pagar as primeiras mensalidades no Brasil, antes do estudante ir para o exterior. Imbassahy elogiou a iniciativa.

Setor privado
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), por sua vez, afirmou que nenhuma bolsa foi concedida ainda com recursos do setor privado – o programa prevê que as empresas financiem 25 mil bolsas. Conforme o ministro da Ciência e Tecnologia, no início de maio será assinado acordo com a Petrobras para o financiamento das primeiras bolsas por empresa.

O ministro Marco Antonio Raupp, que já foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, pediu mais investimentos de empresas privadas em pesquisa e desenvolvimento. Segundo ele, no Brasil, as empresas investem menos no setor do que o governo. Já em países com alto desenvolvimento tecnológico, como o Japão e a Coréia do Sul, as empresas investem até cinco vezes mais em pesquisa do que o governo.

O presidente do CNPq, Glaucius Oliva, afirmou que outra meta do governo é aumentar o número de doutores empregados em empresas. Hoje 80% dos doutores formados no Brasil são empregados nas próprias universidades.

Além disso, o ministério quer ampliar o número de estudantes em engenharia e ciências naturais – o que, na visão de Raupp, garantiria mais competitividade industrial ao País. Hoje apenas 2% dos engenheiros do mundo são formados no Brasil. Já a China, por exemplo, forma 34% dos engenheiros do mundo.

Orçamento
O presidente da comissão de Ciência e Tecnologia, deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), manifestou preocupação com os cortes orçamentários este ano para o setor. No ano passado foram destinados R$ 16 milhões do Orçamento às pesquisas, mas a execução orçamentária atingiu apenas metade dos recursos. Para este ano, os recursos foram reduzidos para R$ 9,8 milhões.

De acordo com Raupp, a meta do governo, prevista na Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, é de que o investimento do Brasil em pesquisa e desenvolvimento seja de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. O objetivo é que o setor privado aporte metade dos investimentos pretendidos. Hoje o investimento do Brasil no setor é de 1,19% do PIB. O ministro destacou que países com alto desenvolvimento tecnológico, como Japão e Estados Unidos, investem de 2% a 3% do PIB em pesquisa.

 

Reportagem – Lara Haje
Edição – Regina Céli Assumpção

Agência Câmara de Notícias
 
 


 

Notícias

Construtora pode reter taxa de personalização de imóvel em caso de distrato

Sob medida Construtora pode reter taxa de personalização de imóvel em caso de distrato Danilo Vital 16 de julho de 2025, 8h49 A magistrada destacou que o contrato de compra e venda previu a retenção da taxa porque os materiais selecionados para personalizar a unidade têm natureza personalíssima e,...

Artigo: STJ garante proteção do lar para além da morte – por Gabriela Alves

Artigo: STJ garante proteção do lar para além da morte – por Gabriela Alves Origem da Imagem/Fonte: Extraída de Colégio Notarial do Brasil São Paulo Recente decisão da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou uma diretriz fundamental no ordenamento jurídico brasileiro: a proteção...

A proteção ao bem de família não é absoluta

A proteção ao bem de família não é absoluta Thallyta de Moura Lopes STJ fixa teses que restringem a penhora do bem de família em hipóteses de hipoteca, exigindo demonstração de benefício direto à entidade familiar. quarta-feira, 9 de julho de 2025 - Atualizado em 8 de julho de 2025 15:00 "Para...

Pagamento espontâneo após citação valida execução, diz TJ-MG

Causa reconhecida Pagamento espontâneo após citação valida execução, diz TJ-MG 8 de julho de 2025, 9h56 Conforme se verifica dos autos de origem, o agravante não arguiu, em nenhum momento, qualquer nulidade da execução promovida pelo condomínio agravado. Confira em Consultor Jurídico    ...