Justiça do Trabalho no Brasil terá primeiro juiz cego de 1º instância; conheça Márcio Cruz

Justiça do Trabalho no Brasil terá primeiro juiz cego de 1º instância; conheça Márcio Cruz

Por Redação JuriNews
09/07/2024 07:01

jurinews.com.br - Por Redação JuriNews - 09/07/2024 07:01

No segundo semestre deste ano, 138 mulheres e 91 homens tomarão posse como juízas e juízes do trabalho, recentemente aprovados no 2º Concurso Público Nacional Unificado (CNU) para ingresso na carreira da Magistratura do Trabalho. Entre eles, haverá o primeiro juiz cego de 1º instância da Justiça do Trabalho no Brasil.

O paranaense Márcio Aparecido da Cruz Germano será o primeiro juiz com deficiência visual total a atuar em uma Vara do Trabalho. Natural de Maringá, Márcio tem 44 anos, é casado e não tem filhos. É servidor do Judiciário desde 2005 e, desde 2011, analista judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR).

Márcio começou a perder a visão progressivamente dos 4 aos 8 anos de idade devido, segundo ele, a dois erros médico sucessivos. Ele será o quarto juiz cego de todo o país. Ainda não há definição de onde o futuro juiz irá atuar.

Márcio sabe a importância da representatividade e lembra que foi atuando ao lado do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca – primeiro magistrado cego da Justiça do Trabalho – que amadureceu o interesse pela magistratura. Fonseca era procurador regional do Trabalho (MPT-PR) e foi nomeado pelo presidente da República, em 2009, para exercer o cargo de desembargador do TRT-9, e, portanto, não atuou na primeira instância.

O caminho para chegar até aqui, porém, não foi simples. Márcio teve de superar diversas barreiras ao longo da preparação por conta da falta de acessibilidade. “As editoras não vendiam livros em formato acessível, então contei, primordialmente, com a ajuda de amigos no primeiro ciclo de estudos, entre 2015 e 2017”, lembra. Eles digitalizaram materiais, procuraram artigos na internet, conseguiram PDFs e, com o auxílio de softwares de leitura de tela, Márcio pôde complementar o estudo para além das aulas presenciais em cursinhos preparatórios.

Após um intervalo, ele voltou a se preparar em 2019 e, dessa vez, foi diferente, porque já havia vários cursos e apostilas acessíveis. “Algumas editoras passaram a me vender livros em formato digital”, recorda. A partir daí, o estudo passou a ser diário e contínuo, conciliado com as atividades no TRT-9, onde redigia minutas de votos. “O trabalho também me ajudou a absorver conhecimentos, ganhar experiência prática e análise de prova”, avalia.

ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO

A etapa da prova oral do CNU, tão temida por muitos candidatos, teve um significado especial para Márcio. “Foi a primeira em que não existiam diferenças com os outros candidatos por questões de barreiras tecnológicas ou de feitura da prova em si. Nas demais, havia diferenças, por exemplo, no material da prova, na velocidade de escrita, na navegação pelos cadernos. Foi a primeira vez que participei em igualdade de condições com os colegas”, relata.

O juiz recém-aprovado faz questão de destacar a postura acessível e acolhedora dos examinadores. “Fez toda a diferença”, afirma. “Foi uma experiência única que ficará para sempre como uma memória especial na minha vida”. Agora, Márcio se prepara para tomar posse e reafirma sua vontade de zelar pelo compromisso assumido. “Espero encontrar os meios necessários para efetivamente fazer aquilo a que me proponho, que é distribuir a justiça para o público que faz parte da camada mais necessitada do Brasil”.

Fonte: JuriNews

                                                                                                                            

Notícias

STJ exclui de partilha de novos bens herdeiro que renunciou à herança

Sucessão STJ exclui de partilha de novos bens herdeiro que renunciou à herança Colegiado entendeu que renúncia à herança é ato irrevogável, impedindo participação em sobrepartilha. Da Redação terça-feira, 13 de maio de 2025 Atualizado às 18:24 Por unanimidade, a 3ª turma do STJ decidiu que a...

Justiça reconhece pai socioafetivo sem excluir o biológico

Vínculo afetivo Justiça reconhece pai socioafetivo sem excluir o biológico O juiz autorizou a expedição de mandado ao cartório de registro civil para averbação da sentença. Da Redação quarta-feira, 14 de maio de 2025 Atualizado às 12:05 A vara de Família e Sucessões de Varginha/MG reconheceu, por...

Juíza reconhece nulidade de algibeira em caso de execução de patrimônio

SÓ QUANDO CONVÉM Juíza reconhece nulidade de algibeira em caso de execução de patrimônio 8 de maio de 2025, 11h57 Tal conduta caracteriza a chamada ‘nulidade de algibeira’. Em síntese, a nulidade de algibeira consiste na estratégia de não alegar a nulidade no momento em que ela ocorre, utilizando-a...

Quando o bem de família pode ser penhorado? Jurisprudência do STJ

Opinião Quando o bem de família pode ser penhorado? Jurisprudência do STJ Caroline Valéria Adorno de Macêdo 5 de maio de 2025, 6h32 A jurisprudência do STJ tem reiterado que tais exceções devem ser interpretadas restritivamente, em respeito à função social da moradia e à dignidade da pessoa...

Herança digital e o testamento como aliado

Herança digital e o testamento como aliado Thauane Prieto Rocha A herança digital ganha destaque como parte essencial do testamento, permitindo que o testador decida sobre bens e memórias digitais após a morte. sexta-feira, 25 de abril de 2025 Atualizado em 28 de abril de 2025 08:08 Ao realizar uma...