Brasil não está preparado para prever tornados, dizem especialistas

Gilmar Felix/Câmara dos Deputados

28/08/2015 - 20h50

Brasil não está preparado para prever tornados, dizem especialistas

Pesquisadores ressaltaram que o Brasil possui a segunda região do planeta com maiores possibilidades de gerar condições meteorológicas que resultem em tornados

Gilmar Felix/Câmara dos Deputados
Seminário Internacional. Tema: “Detecção e Alerta de Desastres Severos”
Comissão da Câmara promoveu seminário para debater sistemas de detecção e alerta de desastres naturais severos
 

O Brasil não está preparado para prever tornados como o que ocorreu em Xanxerê (SC), em abril deste ano. Esta foi uma das conclusões do Seminário Internacional “Gestão de Desastres Naturais: Tornados”, que reuniu técnicos e parlamentares nesta quinta-feira (27), na Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento da Câmara dos Deputados.

Um dos expositores, o pesquisador norte-americano Harold Edward Brooks, do Laboratório Nacional de Tempestades Severas dos EUA (National Severe Storms Laboratory), disse que os Estados Unidos registram 500 tornados por ano devido principalmente ao encontro de duas correntes climáticas, uma fria proveniente das Montanhas Rochosas e outra quente da região desértica do México e sul dos EUA.

O mesmo ocorre na região sul do Brasil, incluindo ainda o Uruguai e partes da Argentina e Paraguai devido também ao encontro de duas correntes, uma fria descendo dos Andes e outra quente vinda da Amazônia. De acordo com o mapeamento dos satélites, essa é a segunda região do planeta mais propícia a gerar tornados.

Ao responder aos questionamentos do deputado Pedro Uczai (PT-SC) e da deputada Geovania de Sá (PSDB-SC), o diretor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Augusto Rodriguez, disse que esses fenômenos já ocorrem na região há muito tempo e só ganharam divulgação depois de os meios de comunicação (TV e internet) terem chegado a lugares mais remotos.

Segundo ele, essas condições meteorológicas espalham-se também mais ao norte, passando por Mato Grosso do Sul até o norte de Tocantins. “E estamos ocupando estas áreas, sem ter condições de prever e prevenir as pessoas”, disse.

Sistema de radares
Carlos Augusto Rodriguez afirmou que o sistema de radares do Brasil é bastante falho e a sua interligação é precária. “Alguns são federais, outros estaduais, outros municipais. Alguns são desligados por períodos devido à falta de pessoal. E as comunicações são falhas, atrasam até 30 minutos.”

Ele disse que, mesmo se esse sistema fosse interligado de modo efetivo, há “muitos buracos” que deixam grandes áreas sem monitoramento.

“Um radar hoje custa entre 1 milhão e 1,5 milhão de dólares. Mas as autoridades precisam estar cientes de que, a este custo, devem ser acrescidos 30% de manutenção. E qualquer melhoria no setor, mais que necessária, não pode ser para amanhã, temos que pensar daqui a 5, 10 anos. Os equipamentos utilizados hoje nos EUA começaram a ser instalados 20 anos atrás”, declarou Rodriguez.

Debate em SC
Para o deputado João Rodrigues (PSD-SC), o seminário deveria ter ocorrido em Chapecó (SC), “junto à população que mais vive este problema”, mas “por causa de uns trocados” a Comissão Externa sobre a Situação de Emergência em Xanxerê não pôde se deslocar até a cidade.

A comissão foi criada pela Câmara dos Deputados para acompanhar a situação do município do oeste catarinense, atingido por um tornado que danificou 2.600 construções e causou a morte de duas pessoas, além de 120 feridos.

Reportagem – Roberto Stefanelli
Edição – Pierre Triboli
Agência Câmara Notícias

 

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