Debatedores criticam acordo ortográfico, enquanto ministério destaca unidade da língua portuguesa

Vinícius Loures/Câmara dos Deputados
A Comissão de Educação debateu o Acordo Ortográfico, em vigor desde 2009

Debatedores criticam acordo ortográfico, enquanto ministério destaca unidade da língua portuguesa

Especialistas defenderam a saída do Brasil do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A representante do Ministério das Relações Exteriores rejeitou a proposta

04/09/2019 - 14:12  

 

Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (4) pela Comissão de Educação, proposta pelos deputados Dr. Jaziel (PL-CE) e Paula Belmonte (Cidadania-DF), a maioria dos participantes criticou a adoção do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990 e em vigor há cerca de uma década no país.

Favorável à revogação do documento, Dr. Jaziel destacou que aproximadamente 0,4 % das palavras sofreram modificações. Para ele, a revogação é anseio de muitos escritores, professores e linguistas, que fizeram várias indagações a respeito desse acordo. "Por isso nós propusemos uma audiência para a gente discutir, porque há uma inconveniência grave da nossa língua", disse.

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa propôs a unificação da ortografia  entre os países que usam o português como língua oficial. Mas, segundo o escritor Sidney Silveira, o documento está longe de reunir consenso, sobretudo em Portugal e no Brasil.

Aqui, as modificações incluíram a eliminação dos acentos em terminações 'eia' e 'oo'; a supressão do trema; além de mudanças nas regras para emprego do hífen. As letras k, w e y foram incorporadas oficialmente ao alfabeto.

Alfabetização
Para Sidney Silveira, o acordo tem impacto negativo, inclusive, na alfabetização:

"Estamos diante de algo que precisa ser revogado ontem e diz respeito a cada um de nós. Hoje os professores de português ensinam muitas vezes coisas que têm regra praticamente incompreensíveis, o hífen por exemplo. (...) É muito difícil, é confuso, é abstruso", disse.

Doutora em Filologia e Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo (USP), Amini Hauy também concorda com a revogação do acordo:

"Eu sou contra o acordo pelo seu aspecto formal e de conteúdo. Pelo prejuízo e desconcerto na sala de aula, desconcerto na atividade profissional do professor, além dos desacertos evidentes inaceitáveis do texto escrito do novo acordo e sobre o aspecto gramatical principalmente", observou.

Gramática preservada
Representante do Ministério das Relações Exteriores, a embaixadora Márcia Donner Abreu reconheceu que o acordo tem imperfeições, mas, na sua avaliação, é importante na promoção da Língua Portuguesa no mundo:

"Da perspectiva do Itamaraty, não haveria uma razão para buscar a denúncia do acordo. O acordo de 90 preserva nossa gramática, preserva nossa variante lexical. Nós tivemos relativamente poucas mudanças ortográficas, mas principalmente meu argumento é que o acordo mantém una a Língua Portuguesa, na sua riqueza, na sua variação, nas suas várias variantes", disse.

Mas, para Sérgio de Carvalho Pachá, que foi lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras, a unidade de uma língua não se dá pela ortografia ou o léxico; mas é muito maior do que tudo isso e existe por si, sem necessidade de comprovação.

Reportagem – Giovanna Ribeiro
Edição – Roberto Seabra - Agência Câmara Notícias

 

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