Problemas no sistema socioeducativo brasileiro persistem e até pioram, diz conselheiro do CNJ

Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ

Problemas no sistema socioeducativo brasileiro persistem e até pioram, diz conselheiro do CNJ

04/07/2013 - 11h29

O conselheiro Guilherme Calmon, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), disse, nesta quarta-feira (3/7), que os problemas no sistema socioeducativo brasileiro persistem e até pioraram desde o último diagnóstico feito pelo Conselho nas unidades de internação de adolescentes, em 2011. Calmon, que é supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF), representou o CNJ em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, sobre os problemas do sistema socioeducativo.

Ao discorrer sobre as ações que vêm sendo desenvolvidas pelo CNJ desde a edição da pesquisa Panorama Nacional: a Execução das Medidas Socioeducativas de Internação, o conselheiro disse que um dos problemas que persistem é a falta de apoio dos governos estaduais e distrital aos sistemas socioeducativos. "O CNJ não está satisfeito com o estágio atual do sistema socioeducativo no Brasil; os problemas são inúmeros", afirmou.

Para o conselheiro, uma das questões que precisam ser enfrentadas pelos governos diz respeito ao uso de drogas e à cooptação dos jovens para o tráfico. Calmon lembrou que 75% dos jovens que cumpriam medidas de internação durante a realização do diagnóstico do CNJ eram usuários de drogas e que o tráfico de entorpecentes foi apontado como o segundo ato infracional mais praticado pelos adolescentes internados nas regiões Sul e Sudeste.

Política pública – "Se não houver uma política pública efetiva relativa à questão do uso e tráfico de drogas, que envolva também os adolescentes, o problema persistirá", afirmou. "Não adianta ficarmos pensando em alteração legislativa se não houver efetiva política pública em relação ao adolescente", complementou.

Segundo o conselheiro, o CNJ tem procurado ir além do diagnóstico da situação, propondo também melhorias aos governos. Entre as sugestões que estão sendo feitas, Calmon citou a sugestão de capacitação dos funcionários que lidam com o tema, a adoção de ações voltadas para a educação e o ensino profissionalizante, além da previsão de tratamento aos usuários de drogas.

"As unidades de cumprimento de medidas socioeducativas hoje têm muito pouco de 'sócio' e quase nada de educativas", afirmou Carlos Martheo Cruzoé Guanaes Gomes, membro da Comissão da Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério Público. "A construção de unidades de internação, por si só, não é a resposta para o problema", disse.

Febem – O coordenador-geral do Sistema Nacional de Medidas Socioeducativas da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Cláudio Augusto Vieira da Silva, lembrou que o sistema hoje existente é herança do antigo sistema Febem/Funabem, por isso é inadequado à concretização da Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei (Sinase), editada em 2012.

Para ele, a solução também não passa por alterações legislativas que impliquem maior recrudescimento na punição aos adolescentes em conflito com a lei. "Não é com mais truculência que vamos recuperar esses adolescentes. O grande desafio é ir atrás das pessoas que os estão levando a essa situação", ressaltou.

A audiência pública, realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, contou ainda com a participação do coordenador-Geral de Análise de Processo Legislativo da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Patrick Mariano Gomes.

 

Tatiane Freire
Agência CNJ de Notícias
 

Notícias

OAB ingressará com Adins no STF contra ex-governadores

OAB irá ao Supremo propor cassação de pensões para os ex-governadores Brasília, 17/01/2011 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, afirmou hoje (17) que a OAB ingressará com ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) no Supremo Tribunal Federal contra todos...

Desmuniciamento de arma não conduz à atipicidade da conduta

Extraído de Direito Vivo Porte de arma de fogo é crime de perigo abstrato 14/1/2011 16:46   O desmuniciamento da arma não conduz à atipicidade da conduta, bastando, para a caracterização do delito, o porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar....

Prática de racismo no ambiente de trabalho

Extraído de JusBrasil Apelidos racistas no ambiente de trabalho geram danos morais Extraído de: Direito Vivo - 38 minutos atrás   Na Justiça do Trabalho de Minas ainda é grande a incidência de processos que denunciam a prática de racismo no ambiente de trabalho. Mas a sociedade moderna e as...