A Falácia dos Cursos de ‘Contabilidade para não contadores’

A Falácia dos Cursos de ‘Contabilidade para não contadores’

19 de junho de 2012 09:380

Rudilvam de Souza Gomes 

Corre no mercado um sem número de cursos que se intitulam Contabilidade para Não Contadores, chegando a ter cursos de apenas oito horas, sem, contudo, explicar como é que se pode aprender a Ciência Contábil, que é um curso de nível superior extenso, que tem duração mínima de oito semestres, em tão pouco tempo, isso sem contar que atualmente se você não fizer um pós-graduação na área logo ao final do curso, pouco realmente saberá de contabilidade na prática, pelo menos da atual, que se delimita nos limites das normas internacionais de contabilidade, as ditas IFRS’s (WWW.ifrs.org) . Sob determinadas reservas em relação ao exemplo, mantidas as devidas proporções e, considerando os nefastos resultados, seria então possível ensinar Direito ou até mesmo Medicina, num mesmo período de tempo, a leigos.

Em minha opinião, quem quer que deseje passar contabilidade para leigos, realmente não está ensinando e nem pode ensinar contabilidade, mas tão somente como gerenciar os indicadores oferecidos pela contabilidade e depreendidos e calculados nas Demonstrações Financeiras da entidade alvo, perdendo e muito, quem quer que assista tais cursos, a capacidade de avaliação (ou de diagnóstico) se estes indicadores são realmente de valor regular que possibilitem de fato gerar decisões adequadas para o futuro do negócio.

Naturalmente que ao me referir à perda de capacidade quanto à avaliação do que o empreendedor/gerente do negócio recebe de quem elabora a contabilidade, estou a me referir basicamente daqueles efetivamente interessados em gerir o seu negócio; não estou a me referir a terceiros que, por ventura, por razões alheias à gestão de qualquer negócio, tenham interesse em conhecer um pouco mais do que seja contabilidade, interesse esse que em geral se encontra entre advogados, economistas, administradores (acadêmicos ou não), engenheiros, pequenos investidores na Bolsa de Valores, etc. os quais realmente não têm porque se preocupar com a fidedignidade dos elementos que produziram os indicadores observados numa determinada demonstração contábil, já que, ou não necessitam dessa fidedignidade para seus objetivos, ou quando esta é requerida, que é o caso dos pequenos investidores, as referidas demonstrações financeiras são revisadas previamente por auditores independentes, muito embora aqueles, mesmo por terem apenas esse interesse, dificilmente sairão de um curso dessa natureza conhecendo contabilidade, mas tão somente como, quando muito e limitado ao alcance do discernimento da assistência, entender os indicadores básicos coletados em quaisquer demonstrações financeiras alvo de seu interesse.

Assim, forçoso é concluir, baseado estritamente no meu entendimento, que não é possível ensinar contabilidade para não contadores, pelo menos para uma grande maioria de leigos que freqüentam esse tipo de curso, que em geral buscam efetivamente um conhecimento mais profundo por achar que, pelo título e pelo conteúdo programático do curso, terá seus anseios satisfeitos. Eu diria que ensinar até seria possível, o problema é o assistente realmente aprender contabilidade, mesmo em seus preceitos básicos, em tão pouco tempo.

Naturalmente que, referindo-se ainda aos empreendedores, empresários e gerentes de negócios que necessitam conhecer não só os indicadores que podem ser levantados na verificação e análise das demonstrações financeiras, que, porém, não têm tempo nem disposição para freqüentar a academia, é possível se lhes oferecer um curso que primordialmente os auxilie a entender os raciocínios lógicos da estruturação, da classificação, da natureza e do registro contábil das principais operações de uma entidade, gerando com isso, um entendimento das conseqüências destes fatores nas demonstrações financeiras e nos conseqüentes índices e demais indicadores que são obtidos naquelas. Mas isso não há de ser num curso de apenas oito horas, senão que pelo menos, pela nossa experiência, entre quarenta a oitenta horas de duração, de acordo com o aprofundamento que se deseje oferecer aos cursandos e, com exemplos e exercícios práticos elaborados com a interação e participação direta e indireta destes.


Autor:  RUDILVAM DE SOUZA GOMES: é Contador, auditor independente, auditor Líder da Qualidade, Membro da Comissão de Estudos de Auditoria Independente do CRCRS – Gestão 2010 e 2011; especialista em Controladoria e Planejamento Tributário, especialista em Administração Financeira, especialista em Organização de Empresas; auditou mais de 250 empresas de todos os portes; atua em auditoria independente desde 1977. Permitida somente a reprodução em qualquer veículo, desde que mantidas os dados e as qualificações profissionais do autor e seu email de contato: rudisg@terra.com.br;


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Extraído de Notícias Fiscais

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