Faltam geólogos especializados para o sistema de monitoramento de desastres, diz Mercadante

14/10/2011 - 12h30

Nacional
Pesquisa e Inovação

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A falta de geólogos especializados em análise de solo pode prejudicar o funcionamento do Sistema de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, que o governo está criando para evitar graves consequências de enchentes e deslizamentos.

“Não temos geólogos disponíveis para o tamanho do problema. O Brasil não convivia com problemas de mudança climática. As chuvas estão se intensificando, as precipitações são muito agressivas, os extremos climáticos estão se acentuando”, reconheceu o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, em entrevista após participar do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços.

Segundo Mercadante, não há como resolver essa dificuldade em curto prazo. “Não temos profissionais disponíveis no mercado. São poucos geólogos especialistas e a maioria está na mineração e no petróleo. Há pouca gente trabalhando nessa área [monitoramento de desastres], que é basicamente de política pública”, avaliou o ministro.

O ministro destacou que o trabalho do geólogo é importante para fazer a topografia de relevos vulneráveis e classificar o volume de chuva que pode acarretar o deslizamento. Esses profissionais são necessários para que as prefeituras façam o mapeamento de morros e encostas (cartas geotécnicas ) e leiam dados sobre o volume de água no solo e, assim, possam alertar sobre o riso de deslizamento. “Esse é o maior desafio, a maior barreira para ter um sistema completo de prevenção”, ressaltou ele.

A intenção do governo é que “cada cidade que esteja em uma área de risco tenha uma sirene e as pessoas saibam o que tem que fazer após o toque, cumprindo a orientação que ela teve”. “Dessa forma é que nós vamos diminuir significativamente o número de vítimas”, acrescentou Mercadante. Ele avalia que a falta da análise geológica diminui a credibilidade dos alertas. “O sistema não será consistente se não tivermos mapeamento da área de risco.”

“Não temos [o mapeamento] ainda e vai demorar anos para que a gente tenha levantamento das áreas de risco de todas as cidades do Brasil, para poder ter um sistema mais rigoroso. Mas nós vamos iniciar um sistema de alerta”, assegurou o ministro.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação quer monitorar riscos durante 24 horas e para isso abriu concurso para a contratação de equipe temporária do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Segundo Mercadante, há nove vagas para geólogos com doutorado. Até agora, apenas uma pessoa se inscreveu. Hoje é último dia de inscrição (após prorrogação).

Levantamento da pasta apresentado na Câmara dos Deputados, em junho, contabiliza que há no país 735 municípios com pelo menos cinco áreas de riscos de deslizamento. As cidades são de Alagoas, da Bahia, do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Paraná, de Pernambuco, do Rio de Janeiro, de Santa Catarina e de São Paulo. Em todos os estados, apenas 25 cidades (3,4%) dispõem de cartas geotécnicas.

 

Edição: Juliana Andrade
Agência Brasil

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