“Herdeira de fato e de direito”.

Casal conquista a dupla paternidade

Recife – Os empresários pernambucanos Maílton Albuquerque, de 35 anos, e Wilson Albuquerque, de 40, conseguiram na Justiça uma sentença favorável ao registro de um filho, concebido a partir de inseminação artificial, com dupla paternidade. De acordo com o juiz da 1ª Vara da Família do Recife, Clicério Bezerra e Silva, esse é o primeiro caso no Brasil.

Planejar um filho foi diferente para Maílton e Wilson quando comparado à maioria dos casais. Eles têm uma relação há 15 anos, convertida em casamento civil no ano passado, e, assim que souberam que o Supremo Tribunal Federal (STF) havia autorizado a união civil de casais homossexuais começaram a busca pelo direito de registrar uma criança. “Depois desse tempo juntos, o relacionamento já não tinha mais sentido se não fosse para construir uma família. Fizemos muitas viagens e festas. Agora, queremos viver em função dos filhos”, explicou Maílton. Eles chegaram a pensar em adoção, mas a burocracia e a dificuldade os desanimaram.

Em janeiro de 2011,  uma decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) mudou o rumo da história e, com ela, a árvore genealógica da família Albuquerque. O CFM complementou a lei a respeito da reprodução assistida, sancionada em 1992, que restringia o procedimento a casais heterossexuais, casados ou em união civil estável. Com a mudança, o conselho passou a permitir que a reprodução in vitro fosse feita por casais homoafetivos. Eles então procuraram o Centro de Reprodução Humana no Recife e iniciaram o processo.

BARRIGA SOLIDÁRIA Colhido o material genético de Maílton, os médicos Cláudio Leal e Eduardo Moreira foram os responsáveis por fecundar os espermatozóides com o óvulo selecionado, posteriormente colocado no útero substituto, a chamada barriga solidária. “A medicina permite fazer embriões, mas só Deus pode dar a vida. E Ele permitiu que Maria Tereza viesse para nós”, comemorou Maílton, que falou sobre a escolha do nome: Maria, nome da mãe de Wilson, e Tereza, da mãe de Maílton.

A barriga solidária foi de uma prima de Maílton, de 32 anos, que assinou um documento se comprometendo a não reivindicar a maternidade da criança.

Em 29 de janeiro, nasceu Maria Tereza. A partir de então, o casal entrou na Justiça com um pedido de registro indicando a segunda paternidade, a de Wilson, já que a de Maílton é a biológica, e o Judiciário reconheceu o pedido.

Direito conquistado, na certidão de nascimento de Maria Tereza consta a dupla paternidade. Com o documento em mãos, os pais disseram que a sensação foi de justiça, por ter garantido a proteção da filha, segundo Maílton, agora “herdeira de fato e de direito”. “Nossa filha será educada na verdade. Vai saber porque veio e como. Ela estará preparada para dizer à sociedade que é uma menina feliz, pois é fruto do nosso amor.”

 

Fonte: Jornal Estado de Minas

Publicado em 02/03/2012

Extraído de Recivil

Notícias

Pela 1ª vez, uniões consensuais superam casamento civil e religioso

Pela 1ª vez, uniões consensuais superam casamento civil e religioso Censo 2022 revela que 51,3% da população tinha relação conjugal Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil Publicado em 05/11/2025 - 10:03 Brasília Origem da Imagem/Fonte: Agência Brasil  -  Certidão de...

STJ autoriza penhora de imóvel financiado para quitar dívida de condomínio

STJ autoriza penhora de imóvel financiado para quitar dívida de condomínio Alessandro Junqueira de Souza Peixoto A decisão do STJ muda o jogo: Agora, imóveis financiados também podem ser penhorados para pagar dívidas de condomínio. Entenda o que isso significa para síndicos e...

Neto poderá ter avós maternos reconhecidos como seus pais

Neto poderá ter avós maternos reconhecidos como seus pais Ele moveu ação para reconhecimento de paternidade e maternidade socioafetiva 29/10/2025 - Atualizado em 29/10/2025 A 4ª Câmara Cível Especializada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) cassou uma sentença da Comarca de Diamantina e...

Georreferenciamento: novo prazo para 2029 gera alívio e controvérsia

Opinião Georreferenciamento: novo prazo para 2029 gera alívio e controvérsia Nassim Kassem Fares 27 de outubro de 2025, 19h35 O projeto e seu substitutivo, que estendeu a prorrogação para todos os imóveis rurais, tiveram como objetivo oferecer “uma solução legislativa viável, segura e proporcional...