Juristas esperam equilíbrio na reforma da Lei de Execução Penal

26/09/2013 - 19h35 Comissões - Lei de Execução Penal - Atualizado em 26/09/2013 - 20h39

Juristas esperam equilíbrio na reforma da Lei de Execução Penal

Da Redação

A necessidade de ouvir as demandas da sociedade dominou, nesta quinta-feira (26), o debate entre os membros da comissão de notáveis destinada a atualizar a Lei de Execução Penal (LEP). Além de opinarem sobre a linha de pensamento que deve conduzir os trabalhos, os juristas relataram o resultado das audiências realizadas em vários estados e ouviram da relatora da comissão, Maria Tereza Uille Gomes, um resumo das propostas coletadas - entre as quais, a garantia de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) à população carcerária e um prazo para emissão de documentos aos presos.

O advogado e professor Sérgio Habib levantou a questão sobre o perfil da comissão, que, em sua opinião, deve olhar a segurança da população mas não pode ficar refém dos anseios da sociedade por um "regime duro" - a esse respeito, ele lembrou a reação negativa da opinião pública à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acolher os embargos infringentes no julgamento do mensalão.

O presidente da comissão, Sidnei Beneti, considera que o perfil do colegiado está sendo traçado aos poucos e, avaliando os trabalhos até agora, afirmou que seus membros têm conseguido olhar "com realismo o idealismo".

- Idealismo mesmo, não posição de ingenuidade a respeito das graves questões que cercam a execução penal - ressaltou.

O advogado Maurício Kuehne criticou a falta de vontade política para realizar o que a LEP dispõe atualmente, o que, para ele, conduziu ao cenário "lamentável" de hoje.

- Os números ainda registram 40 mil presos em cadeias públicas e um déficit carcerário que ultrapassa 200 mil vagas.

Para Kuehne, a situação é agravada pelo contingenciamento do Fundo Penitenciário Nacional pelo governo federal. Ele espera que a comissão proponha dispositivos que as unidades da Federação não considerem utópicos.

Denis de Oliveira Praça, defensor público, considerou relevante a contribuição de pessoas sem formação jurídica que têm enviado sugestões e críticas à comissão.

- Isso oxigena nossos debates, traz a contribuição de toda a sociedade e permite que se faça um anteprojeto de lei que seja permeável a todas as influências da sociedade brasileira - afirmou.

No mesmo sentido, o promotor Marcelo Ugiette disse esperar que o "sentimento fora da academia" provoque reflexões no colegiado.

Maria Tereza Uille Gomes destacou a importância da proposta que impõe a emissão em 30 dias de "documentos de cidadania" - ela citou RG, CPF, certidão de nascimento e título de eleitor - aos presos que não os tenham: esses documentos deverão ser incluídos no prontuário do preso. Em sua avaliação, esses registros facilitarão a interoperabilidade entre bancos de dados de identificação nos Poderes Executivo e Judiciário. Outro "avanço extraordinário", para ela, é fazer como que o SUS se responsabilize pelos encarcerados.

- Se o acesso à saúde é igualitário para todos, por que discriminar os presos, que também fazem parte da sociedade? Eles também têm direito a esse benefício - argumentou.

O advogado Roberto Charles Dias cobrou a redução do sentimento de impunidade na sociedade, e disse esperar que a LEP faça com que o preso saiba o dia em que sairá da prisão.

 

Agência Senado

 

Notícias

Divórcio liminar?

Opinião Divórcio liminar? Daniela Bermudes Lino Raul Cézar de Albuquerque 9 de abril de 2025, 17h13 Enquanto isso, nos parece mais adequada a solução amplamente utilizada em Varas de Família e ratificada em algumas decisões de tribunais: decretar o divórcio na primeira audiência do processo, com...

Herança digital e planejamento sucessório

Herança digital e planejamento sucessório Luiz Gustavo de Oliveira Tosta No universo digital, legado também se planeja. Influenciadores e profissionais de mídia precisam proteger sua herança online com estratégia jurídica e visão sucessória. domingo, 6 de abril de 2025 Atualizado em 4 de abril de...

Se for de alto padrão, bem de família pode ser executado

Dignidade garantida Se for de alto padrão, bem de família pode ser executado 1 de abril de 2025, 12h57 Para o juiz, o dono da loja tem condições financeiras suficientes para não ficar desamparado. Ele determinou, então, a penhora do imóvel, e destinou 50% do valor à autora da ação. Confira em...

Pacto antenupcial: Liberdade, proteção e maturidade a dois

Pacto antenupcial: Liberdade, proteção e maturidade a dois Marcia Pons Mais do que divisão de bens, o pacto antenupcial tornou-se uma escolha consciente de casais modernos que valorizam autonomia, planejamento e vínculos duradouros. domingo, 30 de março de 2025   Atualizado em 28...