Olimpíada do Conhecimento

Ensino técnico é caminho para redução da desigualdade, defende diretor do Senai

08/09/2014   06h04    Belo Horizonte
Mariana Tokarnia - Enviada Especial*  Edição: Graça Adjuto

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, disse que o sistema educacional brasileiro tem um modelo de exclusão social. "Mais de 80% dos jovens não vão para a universidade e toda a grade curricular deles é pensada como se fossem", acrescentou, em entrevista à Agência Brasil.

Um caminho para reduzir essa desigualdade, segundo Lucchesi, é o ensino técnico. "A grande parte dos jovens que evade do sistema educacional brasileiro o faz pela falta de aderência do que vê em sala de aula à vida dele. Temos que repensar a grade curricular e,  sobretudo, aumentar, como ocorre nos países desenvolvidos, a educação profissional".

Na semana passada, o Senai organizou, em Belo Horizonte, a Olimpíada do Conhecimento, a maior competição de educação profissional das Américas, realizada de dois em dois anos. Essa foi a oitava edição. Ao todo, mais de 800 jovens participaram da olimpíada e de competições paralelas. No Brasil, segundo o Senai, a formação técnica chega a 6% dos jovens de 16 a 24 anos. Nas 34 nações mais desenvolvidas, a média dos jovens fazendo educação profissional é 35%, de acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

O objetivo da Olimpíada, segundo o diretor, é estimular os jovens a escolher a educação profissional e a considerar uma carreira em áreas tecnológicas. Financeiramente, a escolha compensa. De acordo com Lucchesi, as 21 profissões técnicas mais demandadas pela indústria têm salário inicial de aproximadamente R$ 2 mil. Com dez anos de profissão, esse salário é um pouco abaixo de R$ 6 mil.

De acordo com ele, o maior público da formação técnica é o jovem de classe C, embora a procura tenha aumentado em todas as idades e classes sociais. O maior problema continua sendo o preconceito. "Dos 24 milhões de jovens, menos de 4 milhões irão para a universidade, precisamos alargar bastante a educação profissional, senão eles irão para o mercado de trabalho apenas com a educação regular de má qualidade", diz Lucchesi. Ele defende que a formação não impede que o jovem continue estudando e que faça, inclusive, um curso superior.

Sobre a formação dada pelo Senai, ele diz que o incentivo à inovação é um dos principais eixos. "Nosso signo é preparar essa garotada para a inovação, que é a forma de você incrementar, agregar valor aos produtos. A inovação é o principal valor de competitividade em qualquer parque de manufatura do mundo e não é diferente no brasileiro".

Para Lucchesi, o técnico não deve ser um mero "apertador de botão". O modelo precisa ir além da produção em série, em que um trabalhador tem o conhecimento apenas da parte do trabalho que faz. "Não podemos ter uma lógica estandardizada do padrão fordista de inovação (sistema de produção em massa e gestão idealizados pelo empresário americano Henry Ford) e do modelo taylorista (modelo de administração desenvolvido pelo engenheiro norte-americano Frederick Taylor) das funções de organização da profissão. A gente tem que impulsionar a agenda da inovação para que as pessoas possam ser mais produtivas".

O Senai é o maior complexo de educação profissional e tecnológica da América Latina. Conta com 797 unidades em todo o país e qualifica anualmente 2,3 milhões de trabalhadores. É parte integrante do Sistema Indústria – formado ainda pela Confederação Nacional da Indústria, Serviço Social da Indústria e  Instituto Euvaldo Lodi.

 

*A repórter viajou a convite do Senai


Foto/Fonte: Agência Brasil

 

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Belo Horizonte expõe projetos inovadores desenvolvidos em unidades do Senai

05/09/2014  16h32  05/09/2014  16h48  Belo Horizonte
Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil* Edição: Nádia Franco

Um sistema inteligente para melhorar o trânsito nas cidades, uma rampa automática que pode ser acoplada a cadeiras de rodas e uma luz ecológica para identificação de táxis são algumas das inovações que estão sendo apresentadas pela primeira vez em uma mostra de nível nacional. Os projetos foram desenvolvidos nas unidades do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e integram a exposição Inova Senai na Olimpíada do Conhecimento.

A ideia de criar semáforos que abrem ou fecham de acordo com o número de carros em cada rua foi de Rafael Sousa, ex-aluno do Senai de São Luís. Ele apresentou o projeto como conclusão de curso de eletroeletrônica. "Diariamente, sofro com problemas no trânsito, engarrafamentos, falta de sinalização. Às vezes, uma rua está muito engarrafada e o sinal está aberto para uma outra, que está quase vazia", disse o maranhense.

O sistema inteligente funciona por meio de sensores instalados ao longo das ruas, que contam os carros. Uma central decide qual semáforo deve abrir ou fechar, levando em consideração o tempo máximo que cada um pode ficar fechado para não impedir o fluxo em certas vias menos movimentadas. Segundo Sousa, apenas 1,5% dos semáforos da cidade de São Paulo, conhecida pelos longos engarrafamentos, tem algum tipo de controle. Os demais funcionam com tempos pré-definidos.

A equipe, que é formada por três estudantes e pelo professor de eletroeletrônica Pedro Gomes, busca patrocínio. Instalar um equipamento como esse custa de R$ 15 a R$ 30 por cruzamento. O preço, segundo eles, é semelhante ao dos sinaleiros convencionais.

Outro projeto que pode revolucionar o deslocamento urbano é o de Eliseu de Souza, professor de automação industrial do Senai de Santo Antônio da Platina, no Paraná. O projeto, desenvolvido por uma equipe de 18 pessoas, professores e estudantes, é voltado para cadeirantes e foi motivado pela falta de acessibilidade nas cidades. Nesse sistema, duas placas são posicionadas de cada um dos lados de uma cadeira de rodas. Controladas por botões nos braços da própria cadeira, as placas transformam-se em rampas para transpor obstáculos.

O equipamento pode ser acoplado a qualquer tipo de cadeira. "O que existe hoje no mercado são rampas de 1,6 metro de comprimento, pesadas, que têm de ser carregadas", explicou o professor. O stand foi visitado por cadeirantes e recebeu elogios. Chegou até a despertar o interesse de investidores que visitavam o local. O preço do equipamento é estimado em R$ 730, mas pode baixar, caso seja produzido em série.

Ao todo, a exposição apresenta 50 projetos inovadores, que são avaliados por uma equipe de profissionais, por investidores e pelo público. A mostra Inova Senai premiará as melhores criações desenvolvidas para atender às demandas da indústria e do mercado. Como parte da avaliação, as equipes se apresentam a potenciais investidores.

O projeto do engenheiro eletricista e professor do Senai de São Paulo Tiago Silva foi elogiado pela banca. Ele desenvolveu uma identificação de táxis, que são colocadas em cima do carro, sem fio. O produto funciona por energia solar e elétrica e pode ser carregado em tomadas ou mesmo no próprio carro. Os fios das atuais luzes passam por fora do veículo ou por um buraco feito no capô e são criticados por taxistas, segundo as pesquisas feitas por Silva. O equipamento desenvolvido por ele custa R$ 250 e pode ser controlado por smartphones.

"Onde eu assino?", foi a pergunta feita por João Kepler, conselheiro da Anjos do Brasil, logo após a apresentação de Silva aos potenciais investidores. "Importantíssimo ter essa perna de investimento e de negócio. Não adianta fazer, fazer, fazer, se não tiver mercado. Se não tiver para quem vender. Projetos como esse, são incríveis e, de repente, as pessoas estão paradas sem ter como viabilizar isso no mercado. Três telefonemas, ele está no mercado."

A Anjos do Brasil congrega investidores interessados em colocar o próprio capital em empresas nascentes, com alto potencial de crescimento. "O Brasil é um celeiro de inovação – e inovação, para mim, não é tecnologia. Inovação, para mim, é fazer a mesma coisa de forma diferente. Olhar diferente a mesma coisa", afirmou Kepler.

A Olimpíada do Conhecimento, a maior de educação profissional das Américas, é realizada de dois em dois anos pelo Senai. O evento está na oitava edição e ocorre em Belo Horizonte até amanhã (6). Participam mais de 700 jovens.

 

*A repórter viajou a convite do Senai//O texto foi ampliado às 16h48

Agência Brasil

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