Zero Hora - Colunista Paulo Santana - Casamento é muito caro
				09/05/2011 12:28
				
Tenho um amigo que passou a vida inteira me dizendo que, se fosse homossexual, teria uma vida financeira feliz, pois paga duas pensões alimentícias para duas ex-mulheres que o crucificam economicamente. 
			
		Fonte: www.espacovital.com.br
Zero Hora - Colunista Paulo Santana - Casamento é muito caro
    (09.05.11)
Tenho um amigo que passou a vida inteira me dizendo que, se fosse homossexual, teria uma vida financeira feliz, pois paga duas pensões alimentícias para duas ex-mulheres que o crucificam economicamente. 
Pois desde quinta-feira o meu amigo não pode mais dizer-me isso: o Supremo Tribunal Federal decidiu que daqui por diante as uniões estáveis entre gays serão suscetíveis de partilhas de bens, pensão alimentícia e herança. 
Ou seja, se meu amigo fosse homossexual, isso não o livraria dos tributos da separação. 
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O que me intriga são as obrigações financeiras que vêm implícitas nas relações amorosas. 
Antes, levava-se em conta nessas obrigações, quando da separação, os filhos que o casamento deixara quando se desfez. 
Mas agora desapareceu a alegação de filhos. Homens e mulheres com cônjuge do mesmo sexo que vierem a separar-se terão de arcar com as obrigações de pensão alimentícia, partilha e herança. Os filhos desapareceram, assim, como óbices à separação. 
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Na verdade, eu sei por que são intrínsecas à separação essa obrigações financeiras, que, como se sabe, são perpétuas, só desaparecerão quando um dos cônjuges morrer. Pena perpétua. 
É que na constituição do amor, o âmago da relação amorosa já vem marcado pela ameaça da separação. 
O amor já carrega, portanto, desde o seu nascimento, na sua estrutura orgânica e emocional, o vírus da separação. 
Ainda mais hoje em dia, são raros os casamentos que se só findam com a morte dos cônjuges. A fadiga dos metais é hoje a causa mais frequente do arrasador índice de separações. 
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E, como o dinheiro comanda todas as ações humanas, não surpreende que controle também as relações conjugais e a extinção delas. 
Um pensamento antigo meu, já escrito aqui há muitos anos é o de que só existe uma coisa pior que o casamento: a separação. 
O STF nada mais fez do que declarar peremptoriamente, a todos os cidadãos brasileiros, que examinem os deveres financeiros acarretados no casamento e na união estável e só perpetrem um acasalamento depois de terem muito bem em vista as obrigações decorrentes de uma separação. 
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Eu já sabia há muito tempo que tanto o amor quanto o sexo custam caro. 
No seu início, o amor é pleno de delícias e de boas notícias. Vive-se num paraíso. 
Mas basta findar o amor e se tornar inevitável a separação para que rios de sangue, suor e lágrimas banhem as relações entre os separados. 
Quantos e quantos deixam de separar-se e mantêm os atribulados grilhões só para não mergulhar na falência econômico-financeira! 
O casamento é, pois, uma coisa muito séria. É preciso refletir-se muito antes de mergulhar em suas águas. 
Poucos saem impunes de qualquer união.
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