Ações do Pnaic têm como eixo formação continuada de professores alfabetizadores

Ações do Pacto têm como eixo formação continuada de professores alfabetizadores

14/02/2013 - 15h07
Educação
Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Está na cartilha do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic): "as ações do Pacto são um conjunto integrado de programas, materiais e referências curriculares e pedagógicas que serão disponibilizados pelo Ministério da Educação e que contribuem para alfabetização e letramento, tendo como eixo principal a formação continuada dos professores alfabetizadores".

O programa começou a ser implementado com o início das aulas nas escolas públicas, marcado para hoje (14) em grande parte do país. O Pnaic foi anunciado em novembro do ano passado e tem como objetivo principal alfabetizar em português e matemática todas as crianças até os 8 anos de idade. Apesar de estar iniciando, o pacto não encontrará tantos professores e formadores despreparados. Em 2005, propostas semelhantes definiam o programa Pró-Letramento - Mobilização pela Qualidade da Educação, no qual a alfabetização já ganhava destaque.

O Pró-Letramento foi lançado no governo anterior para capacitar professores para ensinar português e matemática até a 4ª série (o atual 5º ano) do ensino fundamental. O programa se destinava a cerca de 400 mil professores que lecionavam nessas séries e contou com o apoio de 21 universidades públicas, com a elaboração de material e jogos. A experiência do programa colaborou para o Pnaic. A Universidade de Brasília (UnB) é uma das instituições responsáveis pela formação de professores de seis unidades da Federação (São Paulo, Goiás, Amazonas, Pará, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal) no Pró-Letramento. Agora, a universidade assume também a formação dos professores do 1º ao 3º anos do Distrito Federal e de Tocantins pelo Pnaic.

Segundo a coordenadora-geral do PNAIC na UnB, Leila Chalub Martins, o Pnaic define em três anos o período de alfabetização, a partir dos 6 anos de idade. "De modo que, aos 8, as crianças já estejam em condições de evitar aquilo que se vê mais tarde: estudantes de 13, 14 anos que não conseguem interpretar um texto, os chamados analfabetos funcionais. Vencer isso é o nosso maior desafio em termos de educação hoje". Leila destaca também outras diferenças como o incentivo da participação por meio de bolsas. O programa receberá investimento de R$ 3,3 bilhões em dois anos. Os profissionais que participarem terão bolsas de R$ 200 a R$ 2.000 mensais, variando de acordo com o papel desempenhado. 

Não é apenas em português que o governo deseja melhorar o ensino, mas em matemática. O projeto prevê que a partir de 2014, os números sejam o enfoque do Pnaic, o que já vinha sendo trabalhado no Pró-Letramento. No entanto, a Prova Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização (Prova ABC), iniciativa do movimento Todos Pela Educação, do Instituto Paulo Montenegro/Ibope, da Fundação Cesgranrio e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), mostrou em 2011, mesmo com o programa em andamento, que os alunos do 3° ano do ensino fundamental têm mais dificuldade em matemática do que em leitura – apenas 42% dominam as operações de soma e subtração e conseguem solucionar problemas envolvendo, por exemplo, notas e moedas.

"Somos de uma tradição de medo da matemática. Os próprios professores tinham medo da matemática e isso era passado aos alunos. O objetivo agora é ter uma matemática voltada para professores, para chamar a atenção de aspectos que são colocados pelo professor que não estão sob seu controle direto", explica Leila Chalub Martins. A coordenadora de Projetos do Centro de Formação Continuada de Professores em Alfabetização e Linguagem (Cform) da UnB, Paola Aragão, que trabalha no Pró-Letramento e no Pnaic acrescenta: "A matemática exige também um processo de entendimento e o aluno precisa de uma base que adquire aos 6, 7 anos. Não adianta decorar a tabuada sem entender onde e quando usá-la. E isso serve de base para cálculos mais complexos. Tivemos um resultado positivo no Pró-Letramento, o processo deve continuar também com o Pnaic".

 

Edição: Tereza Barbosa

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil.

Fotos/Fonte: Agência Brasil

Notícias

Renúncia à herança e sua extensão a bens descobertos posteriormente

Opinião Renúncia à herança e sua extensão a bens descobertos posteriormente Mathias Menna Barreto Monclaro 7 de outubro de 2025, 7h01 Não se deixa de reconhecer que, em certos contextos, a rigidez da solução pode suscitar debates sob a ótica da justiça material, sobretudo em heranças complexas, em...

Juiz nega penhora de imóveis rurais usados para subsistência

Proteção Juiz nega penhora de imóveis rurais usados para subsistência Magistrado reconheceu que a família do devedor explora diretamente a terra para sua subsistência e que os imóveis se enquadram como pequena propriedade rural. Da Redação domingo, 5 de outubro de 2025 Atualizado em 3 de outubro de...

Assinatura eletrônica e digital: entre prática judicial e debate acadêmico

Opinião Assinatura eletrônica e digital: entre prática judicial e debate acadêmico Cícero Alisson Bezerra Barros 2 de outubro de 2025, 18h25 A confusão entre os termos reside justamente no fato de a assinatura digital ser uma modalidade específica de assinatura eletrônica, mas dotada de requisitos...

A possibilidade da usucapião de bem imóvel ocupado por um único herdeiro

A possibilidade da usucapião de bem imóvel ocupado por um único herdeiro Victor Frassetto Giolo Decisões recentes do STJ trazem clareza à possibilidade de usucapião em herança e evidenciam os impactos da posse exclusiva na partilha familiar. terça-feira, 30 de setembro de 2025 Atualizado às...