Bloqueio imediato de bens de pessoas investigadas vai para sanção

Roque de Sá/Agência Senado

Senado aprova projeto que bloqueia bens de terrorista de forma imediata

 

Da Redação | 20/02/2019, 18h42

O Senado aprovou nesta quarta-feira (20) o projeto que trata do bloqueio imediato de bens de pessoas e entidades investigadas ou acusadas por terrorismo (PL 703/2019). A proposta, que segue para a sanção da Presidência da República, busca adequar a legislação brasileira às recomendações do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), uma organização global da qual o Brasil faz parte.

O texto deixa claro que qualquer ação relativa ao bloqueio de bens terá que se dar conforme sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). O objetivo do projeto, de iniciativa do Executivo, é agilizar o procedimento de bloqueio de bens — desde valores e fundos até serviços, financeiros ou não — e a identificação de empresas e pessoas associadas ao terrorismo e à proliferação de armas de destruição em massa.

O Gafi concedeu ao Brasil prazo até fevereiro de 2019 para a criação de leis que atendam às medidas recomendadas pelo órgão. O Brasil é o único dos 35 países-membros do grupo que, no entender do órgão, ainda não adotava as medidas anti-terrorismo. Mais cedo, uma reunião conjunta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) já havia aprovado o parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).

Bloqueio

O projeto ainda trata de questões como ritos de processo, sigilo de documentos e relacionamento com outros países. Pelo texto, após receber oficialmente do Conselho de Segurança da ONU o pedido de bloqueio de valores ou de restrições à circulação de pessoas ou ao ingresso de bens, o Ministério da Justiça comunicará aos órgãos devidos para a adoção das providências. A União também deverá informar ao Conselho de Segurança e a seus comitês de sanções sobre medidas adotadas por juízes para o bloqueio de bens e valores que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes de terrorismo.

No caso do bloqueio de bens e ativos, móveis e imóveis, os órgãos reguladores ou fiscalizadores serão informados para que determinem às entidades esse bloqueio. Essa situação envolve, por exemplo, o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Monetário Nacional (CMN), que fiscalizam o sistema financeiro. Quanto à restrição para entrada ou saída de pessoas, caberá à Polícia Federal comunicar as empresas de transporte internacional.

Prazo

Na visão do senador Eduardo Braga (MDB-AM), o texto garante os direitos dos brasileiros e permite à comunidade internacional reconhecer o Brasil como um lugar seguro para investimentos. Ele, no entanto, reclamou do pouco prazo que os senadores tiveram para analisar a proposta. Angelo Coronel (PSD-BA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também reclamaram do pouco tempo deixado pela Câmara dos Deputados para a análise do texto, mas manifestaram apoio ao projeto.

— O Senado está entregando um bom trabalho ao Brasil: atende aos pedidos do Gafi sem abrir mão de princípios sensíveis de soberania nacional e direitos individuais — declarou Randolfe.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) cobrou um entendimento com a Câmara para que os prazos de apreciação sejam cumpridos. Ele lamentou o fato de situações de pouco tempo para o Senado serem recorrentes nos últimos anos. E informou que é a última vez que vota “sim”, sem analisar uma matéria de forma profunda.

— Precisamos ajudar o Brasil de uma forma real, em que todos participem — afirmou Aziz.

Entendimento

A senadora Eliziane Gama (PPS-MA) elogiou a admissão de termos mais específicos na redação final do projeto. O senador Carlos Viana (PSD-MG) afirmou que a decisão é muito importante para o Brasil e para a comunidade internacional. Para o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o projeto tem o mérito de buscar coibir atos terroristas. Os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Marcos Rogério (DEM-RO) elogiaram o trabalho do relator e o consenso entre as lideranças.

O líder do governo, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), agradeceu o apoio de todos os senadores, em especial aos parlamentares da oposição. Na mesma linha, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, agradeceu o entendimento de todos os líderes sobre a matéria. Ele disse que esse acordo permitiu a análise do texto por duas comissões e viabilizou ajustes na redação final do projeto.

— Essa construção foi coletiva. O Senado sai fortalecido, porque o diálogo e o entendimento permitiram a aprovação de uma matéria tão importante como esta — declarou.

 

Agência Senado

Notícias

Imóvel não deve ser alienado sem que haja intimação do devedor

ÔNUS INVERTIDO Imóvel não deve ser alienado sem que haja intimação do devedor Martina Colafemina 29 de maio de 2025, 7h49 Como, no caso, o credor não anexou provas da intimação, o juiz classificou como verdadeiros os fatos narrados pela autora e anulou a execução extrajudicial. Confira em Consultor...

Justiça nega exclusão de imóvel em divórcio com regime de comunhão de bens

Justiça nega exclusão de imóvel em divórcio com regime de comunhão de bens Autora argumentou que bem foi comprado com recursos próprios 23/05/2025 - Atualizado em 23/05/2025 Origem da Imagem/Fonte: TJMG Justiça entendeu que não há provas no processo de que o bem foi adquirido com recursos...

STJ exclui de partilha de novos bens herdeiro que renunciou à herança

Sucessão STJ exclui de partilha de novos bens herdeiro que renunciou à herança Colegiado entendeu que renúncia à herança é ato irrevogável, impedindo participação em sobrepartilha. Da Redação terça-feira, 13 de maio de 2025 Atualizado às 18:24 Por unanimidade, a 3ª turma do STJ decidiu que a...

Justiça reconhece pai socioafetivo sem excluir o biológico

Vínculo afetivo Justiça reconhece pai socioafetivo sem excluir o biológico O juiz autorizou a expedição de mandado ao cartório de registro civil para averbação da sentença. Da Redação quarta-feira, 14 de maio de 2025 Atualizado às 12:05 A vara de Família e Sucessões de Varginha/MG reconheceu, por...