Brasil precisa melhorar qualidade da carne para não perder mercado, diz empresa

O Brasil tem hoje 215 milhões de cabeças de gado e produz 9,5 milhões de toneladas de carne bovina - Divulgação/Abiec

Brasil precisa melhorar qualidade da carne para não perder mercado, diz empresa

25/08/2017 06h10  Curitiba
Mariana Tokarnia* - Repórter da Agência Brasil

Com o maior rebanho mundial e ocupando o segundo lugar em produção e exportação de carne bovina, o Brasil tem agora o desafio de melhorar a qualidade do produto, segundo o gerente de Inteligência de Mercado da Minerva Foods, Leonardo Alencar. "O aumento de produção tem que vir com ganho de qualidade. Sem ganho de qualidade, há o risco de termos que comer mais e mais, porque os países lá fora não vão querer comprar nossa carne".

A Minerva Foods é uma das empresas líderes na América do Sul na produção e comercialização de carne bovina. Alencar participou do 5º Fórum de Agricultura da América do Sul, promovido pelo Agronegócio Gazeta do Povo, em Curitiba.

A qualidade da carne brasileira voltou a ser discutida desde a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, que denunciou a comercialização de carne adulterada no mercado interno e externo. O maior rigor de outros países em relação à carne brasileira levou recentemente à suspensão das importações de carne fresca pelos Estados Unidos (EUA). O Brasil havia conseguido abrir esse mercado após 17 anos de negociação.

"O mercado internacional conhece a carne do Brasil, sabe que é competitiva e de qualidade, mas o ponto principal [que faz com que compre a carne brasileira] ainda é a competitividade, mais que a qualidade", diz o gerente.

O Brasil, segundo Alencar, está bem posicionado internacionalmente. Em 2016, o país aparece como o segundo maior exportador, com 19,7% da fatia mundial, atrás da Índia, com 23,2%. Em terceiro lugar vem a Austrália, com 18,5%, e em quarto, os Estados Unidos, com 16,3%. Em 2017, o cenário se mantém mais ou menos constante - a Índia, 19,8%; o Brasil, 19,2%; a Austrália, 17,3%, e os Estados Unidos, 16,7%.  "O Brasil tem hoje produto de qualidade e produto sem qualidade, tem produto barato, bastante competitivo. A gente consegue atender a quase todos os mercados. Exportamos para mais de 100 países. Os Estados Unidos e a Austrália exportam para menos de cinco países. O Uruguai, a Argentina, todos para poucos".

De acordo com o gerente, da Minerva Foods, o Brasil tem produção bastante heterogênea, o que acaba prejudicando a imagem do produto. Atualmente, um dos principais concorrentes é a Índia, que oferece carne barata e de baixa qualidade. "A gente tem que continuar se diferenciando para não ficar nessa briga com a Índia. Hoje temos a carne ingrediente, a da Índia, que é consumida misturada em outros produtos, tem aquela carne que se compra no supermercado e até mesmo em restaurantes, que é a carne dos EUA, e tem a carne premium, que é do Uruguai, da Argentina e Austrália. O Brasil precisa caminhar nesse sentido", defende. Para Alencar, o Brasil consegue atender a nichos específicos de qualidade, mas a maior produção do país "ainda está longe disso".

O mercado externo tornou-se atrativo especialmente pelo câmbio, com o dólar alto e com a queda do consumo no mercado interno, devido à crise econômica. Alencar diz que o Brasil tem cenário favorável, primeiro pela diminuição da exportação de outros países. Entre 2000 e 2017, a Rússia registrou retração de 34,3%; o México, de 34,6%; a China, de 21,2%; e os Estados Unidos, de 4,8%. Como segundo fator, ele cita o aumento do rebanho. Também entre 2000 e 2017, o Brasil aumentou em 54,5% o rebanho. Outros países da América do Sul que se destacam no mercado da carne bovina tiveram aumentos menores: o Paraguai aumentou em 39,8%; a Argentina, em 6,3%; e, o Uruguai, em 12,2%.

O Brasil tem hoje, de acordo com dados divulgados pela Minerva, 215 milhões de cabeças de gado e produz 9,5 milhões de toneladas de carne bovina. A produtividade é considerada baixa quando comparada com os Estados Unidos, que produzem 12 milhões de toneladas, com 86 milhões de cabeças de gado. Os números demonstram o potencial de crescimento da produção.  "Temos que continuar aumentando os investimentos e melhorando produtividade. Agora, isso não pode ser feito de maneira desconexa em relação à qualidade, ou vamos começar a inundar o mercado com uma carne que não necessariamente tem a absorção no ritmo em que a gente está mantendo a produção". 

*A repórter viajou a convite da organização do evento

Edição: Graça Adjuto
Agência Brasil

Notícias

Sem intimação pessoal, alienação de bem do devedor não é válida

Falta de aviso Sem intimação pessoal, alienação de bem do devedor não é válida Martina Colafemina 15 de junho de 2025, 15h52 Com efeito, ao menos em sede de cognição sumária, não há prova de que os autores tenham sido intimados pessoalmente, daí podendo derivar a nulidade do ato de consolidação da...

A viabilidade do inventário extrajudicial e suas as vantagens no mundo atual

A viabilidade do inventário extrajudicial e suas as vantagens no mundo atual Milena Cintra de Souza O crescimento na procura da via extrajudicial para realização de inventários em todo o país e as novidades trazidas pela resolução 571/24 do CNJ. quinta-feira, 12 de junho de 2025 Atualizado às...

Interdição só é válida se for registrada em cartório, diz juíza

FORA DA REGRA Interdição só é válida se for registrada em cartório, diz juíza Martina Colafemina 12 de junho de 2025, 8h16 Em sua análise, a juíza deu exemplos de artigos que dizem que é nulo qualquer contrato celebrado por uma pessoa absolutamente incapaz. Entretanto, ela analisou que a validade...

Nova procuração maioridade: Uma exigência prescindível?

Nova procuração maioridade: Uma exigência prescindível? Marcelo Alves Neves A exigência de nova procuração com a maioridade é prescindível. Veja o que a doutrina diz sobre a validade do mandato e saiba como proceder. segunda-feira, 9 de junho de 2025 Atualizado às 15:07 De fato, a exigência de uma...