Congresso negocia para resolver impasse sobre 'royalties' do petróleo antes do dia 26

04/10/2011 - 18h44

Líderes partidários do Senado e da Câmara dos Deputados definiram o dia 26 de outubro como data-limite para apreciação do veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Emenda Ibsen Emenda Ibsen é a forma como é conhecido o artigo 64 da Lei do Pré-Sal, vetado pelo Presidente da República. Ela vinculou o rateio dos recursos dos royalties e participações especiais do petróleo aos critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Quando aprovada pela Câmara dos Deputados, gerou protestos dos estados e municípios confrontantes, que perderiam, assim, parte significativa de suas receitas. Posteriormente, emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS) estabeleceu que a União compensaria, a partir de recursos correspondentes à sua parcela de royalties e participações especiais, os estados e municípios produtores. A mensagem com o veto ainda deverá ser apreciada pelo Congresso. , que prevê a distribuição dos royalties do petróleo segundo os critérios do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o de Participação dos Municípios (FPM).

A tomada de decisão foi convocada pelo presidente do Senado, José Sarney, que havia marcado o exame da Emenda Ibsen para o dia 5, mas achou politicamente mais adequado que o adiamento da sessão do Congresso e a continuação das negociações fossem fruto de consenso entre as duas casas.

- O assunto merece tratamento suprapartidário, capaz de, acima das paixões, preservar os interesses da nação - disse Sarney, nesta terça-feira (4), em reunião na Presidência do Senado, quando foi fechado o acordo.

Alguns parlamentares registraram a importância da mediação de Sarney no sentido de evitar confronto entre estados produtores e não produtores de petróleo.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), informou que no dia 19 de outubro deverão ser levados à votação os projetos sobre o tema em tramitação no Senado. Entre eles, o PLS 448/11, do senador Wellington Dias (PT-PI), que está em regime de urgência e pode passar por mudanças a partir de novas rodadas de negociações. O relator é o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Para votação das propostas, será necessário antes votar três medidas provisórias, o que pode ser feito já nesta quarta-feira (5), conforme previu Jucá:

- Nas próximas duas semanas vamos trabalhar na construção de uma proposta [de consenso para os royalties]. Neste período, temos um acordo com a Câmara para que não sejam enviadas ao Senado mais medidas provisórias a fim de que não haja riscos de a pauta ser novamente obstruída - explicou o líder do governo.

O senador Wellington Dias (PT-PI) disse que os parlamentares tentam evitar que a questão seja resolvida na Justiça.

- Se votarmos uma proposta que tenha maioria na Câmara e no Senado antes do dia 26 afastamos esse risco. Unanimidade não vai haver, mas é possível uma proposta que dê equilíbrio aos estados produtores - opinou.

Os representantes desses estados (Rio de Janeiro e Espírito Santo, principalmente) de petróleo têm avisado que irão à Justiça para derrubar a Emenda Ibsen, já que ela altera os critérios de pagamento de royalties também nos contratos em vigor.

Oposição

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que inicialmente oposição queria que o veto fosse apreciado nesta quarta-feira (5), conforme estabelecido pelo presidente do Senado, José Sarney. No entanto, ele considerou bom o novo cronograma:

- Está de bom tamanho este novo prazo, pois permite a busca do entendimento E, se não acontecer, deliberamos sobre o veto máximo no dia 26. Se derrubássemos o veto amanhã (quarta), haveria uma Ação Direta de Inconstitucionalidade imediata no Supremo - afirmou.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), por sua vez, reclamou que os governadores, prefeitos e parlamentares da oposição ficaram de fora das negociações.

- Eu não fui ouvido. Agora, sim, nós vamos discutir - afirmou, depois de negar a possibilidade de novo adiamento para análise do veto.

- Nem se cogita isso. Sem chance. Ou se acha uma solução ou votamos o veto no dia 26 de outubro - afirmou.

Representante do Rio de Janeiro, o senador Francisco Dornelles (PP) criticou o posicionamento da União.

- A União tem que ter consciência de que concentra todos os recursos, então precisa abrir mão para resolver os problemas federativos. A União criou um problema e agora quer resolver sem colocar recursos e sem abrir mão da receita das petroleiras, as quais estão ganhando rios de dinheiro - argumentou o parlamentar, que defende o aumento dos repasses da União aos estados não produtores e do percentual pago pelas empresas de petróleo, ao invés da perda de receita dos produtores.

Comissões

O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), informou que a Câmara e o Senado formaram comissões que vão negociar o assunto nas próximas semanas: pelo Senado, o trabalho ficará a cargo de Wellington Dias, Vital do Rêgo e Francisco Dornelles. Na Câmara, os entendimentos serão conduzidos pelos deputados Paulo Teixeira (SP), líder do PT, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), líder da oposição, e Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB.

Anderson Vieira / Agência Senado

Notícias

Divórcio potestativo sob a perspectiva jurisprudencial

Com Partilha Divórcio potestativo sob a perspectiva jurisprudencial Marília Mello de Lima 9 de outubro de 2025, 8h00 Há julgados recentes, inclusive do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que o divórcio pode ser decretado antes mesmo da citação da parte requerida. Leia em Consultor...

Doação verbal exige escritura pública para validade do ato, diz TJ-BA

Usucapião afastado Doação verbal exige escritura pública para validade do ato, diz TJ-BA 8 de outubro de 2025, 12h19 O julgador explicou que a ocupação do imóvel — ainda que por um longo período de tempo — ocorreu por mera liberalidade da proprietária. Leia em Consultor...

STJ valida filiação socioafetiva post mortem sem manifestação expressa

Família STJ valida filiação socioafetiva post mortem sem manifestação expressa 3ª turma reconheceu vínculo de filha criada desde a infância, ainda que falecidos não tenham formalizado adoção. Da Redação terça-feira, 7 de outubro de 2025 Atualizado às 18:55 Por unanimidade, 3ª turma do STJ...

Renúncia à herança e sua extensão a bens descobertos posteriormente

Opinião Renúncia à herança e sua extensão a bens descobertos posteriormente Mathias Menna Barreto Monclaro 7 de outubro de 2025, 7h01 Não se deixa de reconhecer que, em certos contextos, a rigidez da solução pode suscitar debates sob a ótica da justiça material, sobretudo em heranças complexas, em...

Juiz nega penhora de imóveis rurais usados para subsistência

Proteção Juiz nega penhora de imóveis rurais usados para subsistência Magistrado reconheceu que a família do devedor explora diretamente a terra para sua subsistência e que os imóveis se enquadram como pequena propriedade rural. Da Redação domingo, 5 de outubro de 2025 Atualizado em 3 de outubro de...