Convidadas destacam necessidade de aprofundar debate sobre microcefalia

Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados
02/06/2016 - 19h17

Convidadas destacam necessidade de aprofundar debate sobre microcefalia

Assunto foi debatido nesta quinta-feira (02) em audiência pública da comissão externa da Câmara que acompanha iniciativas em relação ao zika vírus

 
Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o atendimento a Crianças Diagnosticadas com Microcefalia. Neuropediatra, indicação do Hospital Pequeno Príncipe e gerente médica da Associação de Assistência à Criança Deficiente - AACD/Recife, VANESSA VAN DER LINDEN
A médica Vanessa Van Der Linden (C) alerta para as complicações causadas pelo zika vírus nos bebês

A médica Ana Van Der Linden, que acompanhou o início da epidemia de microcefalia, criticou, nesta quinta-feira (2), a tendência de classificar a doença apenas como uma malformação no crânio dos bebês. “A microcefalia é só a ponta do iceberg, há muitas outras coisas por baixo, e o tamanho da cabeça não necessariamente significa a gravidade da doença”, disse, em reunião da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha iniciativas do governo sobre o zika vírus.

Van Der Linden comanda a equipe médica da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de Recife (PE), estado com maior número de casos de microcefalia, com 358 confirmações até maio. Ela explicou que, apesar de os danos neurológicos serem a chave para compreender a doença, existem outras complicações ainda não exploradas, como o choro excessivo, a epilepsia, redução na visão, problemas digestivos, entre outros.

“Uma criança que não se alimenta bem pode engasgar e ter complicações; a criança que tem problemas motores, se não faz fisioterapia, vai ter deformidades no quadril ou nos pés, e, lá na frente, ela não vai nem conseguir sentar direito”, ressaltou.

Reabilitação
Para a médica, o tratamento da microcefalia deve privilegiar a reabilitação caso a caso, como forma de evitar que o diagnóstico de malformação da cabeça, por si só, defina o futuro dessas crianças. Conforme ela, a reabilitação tem dois objetivos: estimular um potencial que existe na criança e melhorar a qualidade de vida de pacientes em quadro grave.

“A criança não precisa ser inteligente para ser feliz, se está comendo bem, respirando bem, recebendo carinho, ela é feliz independente se ela vai responder as expectativas do pai ou da mãe”, disse. “Então é isso que a gente tem de pensar para a criança, uma qualidade de vida boa”, completou.

Grávidas
A coordenadora-geral da Saúde da Pessoa com Deficiência do Ministério da Saúde, Vera Lúcia Mendes, chamou atenção para a necessidade de dar suporte psicossocial às grávidas na rede de saúde pública.

“Quantos abandonos e desestruturações familiares poderiam ser prevenidas, se esta mãe, mesmo antes do diagnóstico (da microcefalia), pudesse ser ouvida?”, indagou, ao observar que o apoio também deve ser estendido às mulheres cujos filhos são portadores de outras deficiências.

Auxílio
A diretora do Departamento de Proteção Social Básica do Ministério do Desenvolvimento Social, Maria Helena Tavares, destacou a importância do benefício mensal de um salário mínimo (R$ 880,00) a que tem direito a família integrada por idosos ou pessoas com deficiência. “A maioria dessas crianças são de famílias de muita vulnerabilidade, não só econômica, mas social. Portanto, acessar o benefício, que é um direito constitucional, é um apoio efetivo”, disse.

Para Vanessa Van Der Linden, entretanto, é preciso rever o valor do auxílio. Ela contou que atende a uma família que tinha renda mensal de dois salários mínimos. No entanto, a mãe teve que parar de trabalhar com o nascimento do segundo filho.

Mesmo assim, a família não cumpre o requisito de renda máxima exigida para receber o auxílio (renda per capita menor que R$ 220). “Resultado: vão ser quatro, um salário e uma criança deficiente grave”, observou.

Já a deputada Carmen Zanotto (PPS-SC), uma das que solicitou o debate, alertou para a falta de recursos e do cumprimento das normas de combate ao mosquito. “Uma coisa é o que está no conteúdo do papel, outra é aquilo que efetivamente acontece lá na base, lá no município”, disse.

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Mônica Thaty
Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro Marcia Pons e Luiz Gustavo Tosta Autocuratela, agora regulamentada pelo CNJ, permite que qualquer pessoa escolha seu curador antecipadamente, reforçando autonomia e prevenindo conflitos familiares. terça-feira, 9 de dezembro de...

Valor Investe: Seu imóvel vai ganhar um 'CPF': veja o que muda a partir de 2026

Valor Investe: Seu imóvel vai ganhar um 'CPF': veja o que muda a partir de 2026 Por Yasmim Tavares, Valor Investe — Rio 02/12/2025 06h30  Atualizado há 4 dias A implementação do CIB acontecerá de forma escalonada: capitais e grandes municípios terão até agosto de 2026 para atualizar seus...

Juíza condena filho a pagar pensão alimentícia a mãe idosa

Terceira idade Juíza condena filho a pagar pensão alimentícia a mãe idosa 3 de dezembro de 2025, 8h24 Ele apresentou uma oferta de 11% de seus rendimentos líquidos em caso de vínculo empregatício formal e de um terço do salário mínimo se estiver desempregado. Prossiga em Consultor...