Detento dá aulas e ajuda pessoas a ter uma profissão

Condenado dá aulas e ajuda pessoas a ter uma profissão

02/05/2012 - 06h00

No município de Itapetininga (SP), há um ano o padeiro João Antônio Leite, de 47 anos, cumpre pena alternativa prestando um serviço comunitário que pode mudar a vida dele e de muitas pessoas carentes. João dá aulas de panificação para adultos atendidos pela Entidade de Promoção e Assistência à Mulher (EPAM), por meio de convênio desta ONG com a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP). A experiência, que já colhe bons resultados, tem o apoio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

João presta serviço comunitário, em liberdade, porque o delito pelo qual foi condenado é de baixo potencial ofensivo. Ele foi encaminhado para o trabalho na EPAM pela Central de Penas e Medidas Alternativas de Itapetininga (CPMA), vinculada à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP). Segundo a EPAM, graças ao curso muitos atendidos pela entidade hoje auferem renda trabalhando como autônomos ou mesmo em padarias e confeitarias da região.

Para o juiz auxiliar da Presidência do CNJ Luciano Losekann, coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ), a experiência de Itapetininga deveria ser expandida para todo o Estado de São Paulo.

“Quando a pena restritiva de direito é bem executada - e isso significa bem aplicada e fiscalizada, como neste caso - dá ótimos resultados, evitando os efeitos nefastos do encarceramento, principalmente de pessoas que cometeram delitos de menor potencial ofensivo. Espera-se que essa feliz iniciativa se espalhe por todo o Estado de São Paulo", disse o magistrado.

Segundo Losekann, essa experiência está em sintonia com os princípios do Programa Começar de Novo, do CNJ, que busca prevenir a reincidência criminal por meio da oferta de oportunidades de profissionalização e trabalho para quem pretende reconstruir a vida longe do crime.

O curso de panificação começou em maio de 2011 e é voltado para o público adulto. Nas aulas, homens e mulheres aprendem a fazer pães, confeitos, bolos e bolachas, além de outros itens culinários. A irmã Maria Bueno da Silva, da EPAM, comentou os resultados da experiência. “A capacitação profissional dá a essas pessoas condições de buscar uma nova vida, com dignidade, através do trabalho”, afirmou a religiosa.

A EPAM existe há 18 anos e hoje atende cerca de 180 pessoas carentes, entre crianças, adolescentes e adultos. Para cada um desses públicos há atividades específicas. As crianças, por exemplo, participam de atividades lúdicas enquanto as mães estão no trabalho. Os adolescentes e os adultos, por sua vez, recorrem à entidade na busca de capacitação profissional.,

O padeiro João é um dos muitos cumpridores de penas alternativas encaminhados pela CPMA à EPAM em seis anos de parceria entre as duas instituições. Ele concilia as aulas de panificação com o trabalho em uma padaria de Itapetininga. Perguntado sobre os efeitos da pena alternativa em sua vida, respondeu, de forma bem simples: “Está sendo muito bom para mim e para as pessoas”.

As penas alternativas, previstas na legislação penal brasileira, permitem o convívio do apenado com a sociedade e a família, além de mantê-lo longe das mazelas do sistema carcerário. Funcionam como via de mão dupla, onde o infrator e a população podem se beneficiar, aumentando as chances de redução da reincidência criminal.

 

Jorge Vasconcellos
Foto/Fonte: Agência CNJ de Notícias

Notícias

Juiz faz audiência na rua para atender homem em situação vulnerável

Proteção social Juiz faz audiência na rua para atender homem em situação vulnerável Acordo homologado garantiu ao trabalhador o recebimento do BPC. Da Redação sexta-feira, 12 de setembro de 2025 Atualizado às 13:05 Uma audiência fora do comum marcou esta semana em Maceió/AL. O juiz Federal Antônio...

A renúncia à herança e seus efeitos no processo sucessório

A renúncia à herança e seus efeitos no processo sucessório Pedro Henrique Paffili Izá O STJ reafirma que renúncia ou aceitação de herança é irrevogável, protegendo segurança jurídica e limites da sobrepartilha. quinta-feira, 25 de setembro de 2025 Atualizado às 07:38 No recente julgamento do REsp...

Idosa de 76 anos obtém divórcio judicial para oficializar novo casamento

Idosa de 76 anos obtém divórcio judicial para oficializar novo casamento 23/09/2025 Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM (com informações do DPE-TO) No Tocantins, uma idosa de 76 anos conseguiu formalizar o divórcio de um casamento que havia se dissolvido na prática há mais de duas décadas. A...

Valor Econômico: Volume de inventários digitais cresce no país

Valor Econômico: Volume de inventários digitais cresce no país Entre 2020 e 2024, número de procedimentos cresceu 49,7%, segundo o Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal O volume de famílias que têm resolvido a partilha de bens de forma extrajudicial vem aumentando desde 2020, quando foi...

Ex-cônjuge não sócio tem direito a lucros distribuídos depois da separação

Ex é para sempre Ex-cônjuge não sócio tem direito a lucros distribuídos depois da separação Danilo Vital 22 de setembro de 2025, 19h18 “Enquanto os haveres não forem efetivamente pagos ao ex-cônjuge, permanece seu direito de crédito em face da sociedade, que deve incidir também sobre os lucros e...