Empresário prevê crescimento de operações com moedas virtuais

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Aureo: “[Queremos] ser exemplo no crescimento no nosso País na questão das moedas digitais"

06/07/2017 - 14h03

Empresário prevê crescimento de operações com moedas virtuais; Receita alerta para dificuldade de fiscalização

O número de brasileiros que usam moedas virtuais pode chegar a um milhão até o fim do ano. Essa é a estimativa do diretor-executivo da FlowBTC, uma plataforma de negociação de moedas digitais, Marcelo Miranda. Ele participou, nesta quarta-feira (5), da primeira audiência pública promovida pela comissão especial que analisa o assunto.

Segundo Miranda, hoje entre 200 mil e 250 mil pessoas têm ou já tiveram moedas virtuais no Brasil. “Esse volume está crescendo bastante e a gente estima que até o final desse ano pode beirar um milhão de pessoas que têm bitcoin ou tem uma carteira de bitcoin”.

Essas transações financeiras virtuais são complexas e, apesar do número expressivo de participantes, não têm nenhuma regulamentação no Brasil.

"O Brasil tem tecnologia financeira de última geração e têm empreendedores de fintech que estão dispostos a assumir certos riscos para desenvolver esse setor. O que falta realmente são as regras claras do jogo", concorda Miranda.A comissão especial analisa um projeto do deputados Aureo (SD-RJ) que submete o uso de moedas virtuais e os programas de milhagem de companhias aéreas à regulamentação do Banco Central e à fiscalização do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (PL 2303/15).

Aureo e o deputado Lucas Vergilio (SD-GO) esclarecem, no entanto, que o objetivo não é prejudicar o crescimento da tecnologia mas, sim, dar segurança aos consumidores e aos que querem investir nessas moedas.

“[Queremos] dar a possibilidade de um crescimento com consistência e de não deixar, até pela falta de informação, consumidores brasileiros serem lesados”, explica Aureo.

Imposto de Renda
Hoje, as pessoas físicas já são obrigadas a declarar as moedas virtuais no Imposto de Renda. Mas o responsável pela área da fiscalização da Receita Federal, Iágaro Jung, lembra que o controle feito pelo Banco Central e pela Receita são diferentes.

 
Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
Audiência Pública e Reunião Ordinária. Subsecretário de Fiscalização da Receita Federal do Brasil, IÁGARO JUNG MARTINS
Jung: operações com moedas virtuais não deixam rastro e podem dificultar a identificação de crimes

O Banco Central, explica Jung, vai dizer como devem ser praticadas essas operações, como controlar, monitorar e regular esse processo. Já o aspecto tributário diz respeito à Receita Federal. Nesse caso, o desafio é estabelecer como controlar as informações desses processos para garantir que tudo seja declarado ao órgão de forma correta.

Na avaliação de Jung, a utilização desse tipo de dinheiro virtual fragiliza o sistema tributário e pode favorecer crimes como os de sonegação, corrupção, extorsão mediante sequestro e lavagem de dinheiro. Por exemplo, na Operação Lava Jato, uma das formas de identificar quem são as pessoas é justamente seguindo o dinheiro, rastreando essas operações financeiras. Se essas operações são praticadas com moeda virtual em alguns casos fica muito difícil identificar a prática desse crime.”

Regulamentação questionada
O economista e autor do livro “Bitcoin - a Moeda da Era Digital”, Fernando Ulrich, no entanto, ressaltou que os pagamentos feitos com bitcoins são lícitos. “O problema é a infração, a contravenção em si e não a tecnologia utilizada”, disse Ulrich.

Para o economista, antes de mais nada é preciso discutir se a regulamentação é necessária. “Eu sempre rogo que a gente primeiro entenda como funciona, entenda as nuances dessa tecnologia, antes de se apressar e acabar tentando impor uma regulação que só vai atravancar e impedir algo que pode ser muito benéfico para a sociedade de se desenvolver”.

De acordo com o plano de trabalho apresentado pelo relator do PL 2303/15, deputado Expedito Netto (PSD-RO), a comissão especial ainda deve fazer outras dez audiências públicas para debater o assunto.

Reportagem - Leilane Gama
Edição – Natalia Doederlein
Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

“Escola sem partido” acirra polêmica na educação

“Escola sem partido” acirra polêmica na educação Projeto em discussão no Congresso pretende enquadrar professores que “doutrinem” ideologicamente estudantes. Críticos da proposta veem medida como mordaça e censura, mostra a Revista Congresso em Foco POR CONGRESSO EM FOCO | 05/01/2016...

CCJ do Senado analisará PEC sobre solução extrajudicial de conflitos

PEC 108/15 CCJ do Senado analisará PEC sobre solução extrajudicial de conflitos Proposta impõe ao Estado dever de estimular a adoção de métodos extrajudiciais para a resolução das demandas que chegam aos tribunais. sábado, 2 de janeiro de 2016 O conjunto de direitos fundamentais dos brasileiros...

Se o cliente desistir da compra do imóvel, poderá pagar pelo tempo que o ocupou

Se o cliente desistir da compra do imóvel, poderá pagar pelo tempo que o ocupou A decisão é da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, que levou em conta as peculiaridades do caso Publicado por Bernardo César Coura - 19 horas atrás Uma compradora de imóvel que pediu rescisão do compromisso de...

Inovação muda realidade de pequenos negócios

Inovação muda realidade de pequenos negócios Fundadora da marca paraibana de calçados e acessórios femininos Eva Bag &Shoes, Evanilza Gonçalves Ribeiro está há 20 anos no mercado, mas enfrentou um 2015 difícil. Com a redução do consumo e a consequente queda das vendas e do faturamento, teve que...

Aulas em simulador de direção nas autoescolas passam a ser obrigatórias

REALIDADE VIRTUAL Aulas em simulador de direção nas autoescolas passam a ser obrigatórias 3 de janeiro de 2016, 18h05 A partir deste ano é obrigatório o uso do simulador de direção veicular nas autoescolas para quem vai tirar carteira de motorista e dirigir carros de passeio, na Categoria B. Leia...

Novo acordo ortográfico é obrigatório a partir de hoje no Brasil

Novo acordo ortográfico é obrigatório a partir de hoje no Brasil Publicado em 04/01/2016 As regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa são obrigatórias no Brasil a partir desta sexta-feira. Em uso desde 2009, mudanças como o fim do trema e novas regras para o uso do hífen e de acentos...