Lançada frente parlamentar mista em defesa das energias renováveis
Divulgação - Vanessa d·Oliviêr- Além de parlamentares, o lançamento contou com a participação das entidades do setor que representam geração eólica, solar, pequenas centrais hidrelétricas, produtores independentes, entre outros
Lançada frente parlamentar mista em defesa das energias renováveis
Frente contará com 233 parlamentares e entidades do setor elétrico e industrial e visa fomentar políticas de desenvolvimento das energias de fontes renováveis complementares
A Frente Parlamentar Mista de Energia Renovável foi lançada, nesta quarta-feira (14), na Câmara dos Deputados. Composta por 220 deputados federais e 13 senadores, a frente conta com a participação das entidades do setor que representam geração eólica (Abeeólica), solar (Absolar), pequenas centrais hidrelétricas (Abragel), além de produtores independentes de energia (Apine), autoprodutores (Abiape), biomassa (Única) e representantes da indústria (Abimaq e Abrava).
Segundo o deputado Beto Rosado (PP-RN), que preside a frente, o colegiado vai trabalhar para que o governo adote um programa mais agressivo de pesquisa e inovação tecnológica, pela desoneração de tributos das cadeias produtivas, para melhorar os sistemas de transmissão e escalonar os leilões de energia, estabilizando o mercado de fornecedores de insumos.
Ele também defendeu a atualização do atlas de ventos, a retomada do financiamento do setor de energias renováveis pelo Fundo do Desenvolvimento do Nordeste, por meio da Sudene, e mais incentivos para o crescimento do mercado livre, oferecendo condições de financiamento semelhantes aos das compras governamentais.
Para a senadora Ana Amélia (PP-RS), que será a vice-presidente da frente, o colegiado terá um papel decisivo na tramitação de propostas voltadas para o setor em tramitação no Congresso. “Nosso trabalho será o de continuar implementando as políticas definidas pelo ministério de Minas e Energia e do setor público, por meio de iniciativas da Câmara e do Senado, para que os resultados sejam em beneficio de um maior crescimento do País e do seu desenvolvimento sustentável, aproveitando do ambiente aquilo que ele tem de melhor a favor da população.”
Eólica
A presidente da Associação brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Élbia Gannoum, revelou que, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), na última segunda-feira (12) a fonte eólica atingiu 46% da carga do sistema Nordeste, com fator de capacidade de 84%, e atendendo em 7% o sistema interligado nacional. “Isso demonstra que se nesse momento o Nordeste não contasse com a fonte eólica, estaria em racionamento”, observa Élbia.
Já a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) destacou que a energia eólica é imprescindível para a promoção do desenvolvimento social e econômico com sustentabilidade do País.
PCHs
O presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Charles Lenzi, destacou o tralho desenvolvido a partir da frente parlamentar de apoio às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Essas usinas geram energia elétrica a partir do aproveitamento do potencial hidráulico com capacidade instalada superior a 1 MW e inferior ou igual a 30 MW, além de reservatório em área menor que 13 km².
Leinzi assinalou que o setor tem conseguido reinserir a PCH dentro do contexto da expansão das fontes renováveis no País. Ele observou a importância da complementariedade das energias renováveis. “Essas fontes não devem competir entre si.”
Para o dirigente, o “sucesso de uma fonte, seja eólica, solar, da biomassa ou da PCH depende, naturalmente, das outras fontes, pois elas são complementares. Nenhuma consegue resolver o problema de geração de energia de forma isolada. Precisamos ter esse conceito de diversidade e investir em todas as fontes”.
O deputado Pedro Uczai (PT-SC), que preside a Frente Parlamentar de Apoio às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Microgeração, afirmou a nova frente ajudará nas medidas necessárias para que o Brasil permaneça como referência mundial de produção de energia renovável. “Vamos fazer do vento, do sol, da água e da biomassa boas alternativas econômicas, sociais e ambientais”.
Produção independente de energia
Para o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Marcelo Moraes, a frente parlamentar deve ajudar a conduzir os anseios e necessidades das entidades e dos empreendedores. “A Abiape é formada por grandes grupos industriais que investem em energia para consumo próprio, com investimento próprio. São 10 empresas responsáveis por 20% do consumo brasileiro de energia e produzem 10% da energia do País, ou seja, produzem 50% do que consomem. É um segmento que sempre quis investir em energias renováveis, principalmente eólica, mas a legislação ainda não permite, em virtude de algumas dificuldades ou falta de isonomia em relação a outros agentes.”
Moraes lembrou ainda das dificuldades de licenciamento ambiental para as renováveis. “Uma térmica é licenciada hoje em até seis meses, mas o licenciamento de uma PCH leva em média de quatro a cinco anos. Essa casa pode ajudar a resolver esse problema”, finalizou.
Solar
O vice-presidente da Absolar, Guilherme Syrkis, observou que o setor de energia solar tem crescido nos últimos três anos. “De três anos pra cá, um projeto se pagava em 12 anos, hoje este tempo caiu para três anos. O que melhorou significativamente a competitividade e a viabilização da fonte”, comemorou, lembrando ainda, a recente desoneração de Pis/Cofins da indústria solar e sete estados que aderiram à redução de ICMS.
Já o deputado Jose´ Stedile (PSB-RS) afirmou que, considerando o potencial de exploração de energias renováveis, o Brasil enfrenta cerca de 20 anos de atraso, em comparação a outros países. "A Alemanha está mais adiantada em geração solar, enquanto que o nosso potencial para esta fonte é melhor”.
O deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) destacou a capacidade de diversas propriedades rurais de pequeno, médio e grande porte, e observou a necessidade de que estas possam ter uma torre armazenando, produzindo energia eólica e solar. Além disso, Heinze criticou a tributação das fontes. “Hoje temos a energia mais cara do mundo, não podemos admitir que toda diversidade e o potencial que nós temos, seja prejudicado por tantos tributos federais e estaduais”.