Lançado novo programa do CNJ para melhoria do sistema carcerário

Lançamento do Cidadania nos Presídios. Presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Ricardo Lewandowski.  Foto: Abdias Pinheiro/Agência CNJ

Lançado novo programa do CNJ para melhoria do sistema carcerário

05/05/2015 - 17h29 

O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, lançou, nesta terça-feira (5/5), o programa Cidadania nos Presídios, projeto voltado para a melhoria da situação carcerária no Brasil. O anúncio foi feito na abertura da 1ª Reunião Preparatória do IX Encontro Nacional do Poder Judiciário e da 1ª Reunião da Rede de Priorização do Primeiro Grau. O projeto-piloto do programa será desenvolvido no estado do Espírito Santo.

O Cidadania nos Presídios estabelece um modelo diferenciado de funcionamento do sistema de Justiça, por meio da maior aproximação do juiz, da sociedade e do jurisdicionado. "O Espírito Santo é um dos estados com maiores problemas carcerários e estamos contando com o apoio do Judiciário local e do Executivo", disse o ministro. De acordo com ele, o programa Cidadania nos Presídios é uma segunda etapa dos mutirões carcerários, que foram uma experiência bem-sucedida. "É preciso dar um passo além, mudar a filosofia para maior envolvimento dos Tribunais de Justiça e mais diálogo com os magistrados. Não queremos medidas unilaterais", diz o ministro.

De acordo com o ministro Lewandowski, o programa Cidadania nos Presídios gira em torno de três eixos, sendo o primeiro a mudança da metodologia de preparação e julgamento dos processos de progressão de regime, com intuito de acelerá-los. O objetivo é contar com o auxílio de mecanismos como a videoconferência para que se incentive a humanização da administração da Justiça. "Vamos trabalhar junto ao juiz da execução de forma coletiva", diz o ministro.

O segundo eixo do programa apresentado pelo ministro é a atenção especial do Poder Judiciário sobre as condições físicas dos presídios. "A magistratura não pode fechar os olhos para a situação dos presos", afirmou Lewandowski. O último eixo do Cidadania nos Presídios é o acompanhamento do preso para que, ao ganhar a liberdade, tenha acesso a programas de assistência social, consiga ter direito a seus documentos pessoais e, principalmente, o acesso ao mercado de trabalho para que se efetive a reinserção social. "É preciso garantir a reinserção na comunidade como cidadão e o direito a levar uma vida digna", completou.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coêlho, destacou que o programa tem o apoio integral dos 865 mil advogados do Brasil. "A segregação da liberdade não pode ser a única resposta do sistema penal, já que existem outras alternativas. O direito da pessoa presa é ter sua presença avistada pelo julgador. Isso é uma conquista civilizatória desde o século XVII e o CNJ está de parabéns por essas iniciativas", disse Coêlho.

Pacote de medidas - De acordo com o ministro Ricardo Lewandowski, o Cidadania nos Presídios faz parte de um pacote de medidas adotadas para combater o problema da enorme população carcerária brasileira - 600 mil em todo o país -, dos quais 42% são presos provisórios, ou seja, não têm a culpa formada e jamais estiveram diante de um magistrado. Além do programa Cidadania nos Presídios, o ministro ressaltou a importância da implantação das audiências de custódia, medida já em andamento em 14 estados brasileiros. "Esse projeto garante que o preso seja apresentado ao magistrado em 24 horas, recuperando a ideia original do habeas corpus, para dar a sua versão dos fatos, o que é fundamental em termos de direitos humanos", diz o ministro.

De acordo com o ministro, no estado de São Paulo, que conta com as audiências de custódia em funcionamento desde fevereiro, houve redução de 45% no número de presos provisórios, o que demonstra grande avanço civilizatório. "É preciso acabarmos com a cultura do encarceramento e aumentar a aplicação das medidas alternativas", frisou o ministro.

Outra medida destacada foi a assinatura de termo de colaboração entre o CNJ e o Ministério da Justiça para o fortalecimento das centrais de alternativas penais e a aquisição de tornozeleiras eletrônicas. "Fizemos uma pesquisa junto aos juízes em relação aos motivos da não aplicação das penas e medidas alternativas, e alguns alegaram desconhecimento, outros não tinham condições físicas ou não possuíam serviços para a fiscalização ou tornozeleiras", explicou o ministro. "Em curto prazo, as tornozeleiras e as centrais de alternativas estarão à disposição de todos", completou.

Na solenidade de lançamento do Programa Cidadania nos Presídios, o ministro Lewandowski informou ainda sobre programa que voltará a atenção para a saúde dos presos. Em fase final de formatação pelo CNJ, o programa será lançado em breve pelo órgão. "Hoje os presos encontram-se abandonados. Estamos firmando convênios com organismos nacionais e internacionais de saúde para viabilizar a iniciativa", garantiu o ministro.

Luiza de Carvalho Fariello
Agência CNJ de Notícias

Notícias

Herança digital e o testamento como aliado

Herança digital e o testamento como aliado Thauane Prieto Rocha A herança digital ganha destaque como parte essencial do testamento, permitindo que o testador decida sobre bens e memórias digitais após a morte. sexta-feira, 25 de abril de 2025 Atualizado em 28 de abril de 2025 08:08 Ao realizar uma...

Análise crítica de estratégias de planejamento sucessório

Análise crítica de estratégias de planejamento sucessório Gabriel Vaccari Holding/Sucessão: Cuidado online! Artigo expõe riscos de soluções fáceis (procuração, S.A., 3 células). Evite armadilhas fiscais/legais. Leitura essencial para famílias e advogados. sexta-feira, 25 de abril de 2025 Atualizado...

Bens trazidos à colação não respondem pelas dívidas do falecido

Processo Familiar Bens trazidos à colação não respondem pelas dívidas do falecido Mário Luiz Delgado 20 de abril de 2025, 8h00 Os bens recebidos em antecipação da herança necessária (legítima), nos moldes do artigo 544 do CC [6], quando “conferidos” pelo herdeiro após a abertura da sucessão, NÃO...

10 informações jurídicas essenciais acerca do inventário

10 informações jurídicas essenciais acerca do inventário Amanda Fonseca Perrut No presente artigo, abordamos pontos cruciais sobre inventário, como prazo, multas e recolhimento de tributos, dentre outros. segunda-feira, 21 de abril de 2025 Atualizado em 17 de abril de 2025 14:23 De modo a auxiliar...

Partilha testamentária como meio eficaz de planejamento sucessório

Partilha testamentária como meio eficaz de planejamento sucessório Amanda Fonseca Perrut A indicação de bens específicos pelo testador a determinado herdeiro é possível e evita eventuais disputas sucessórias. quinta-feira, 17 de abril de 2025 Atualizado às 09:11 É juridicamente possível atribuir...