Ministro defende prova de relevância para que recurso chegue ao STJ

02/10/2013 - 20h20

Ministro defende prova de relevância para que recurso chegue ao STJ

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luiz Felipe Salomão defendeu, nesta quarta-feira (2) na Câmara, a aprovação da proposta (PEC 209/12) que exige que o advogado demonstre a relevância jurídica da questão trazida em seu Recurso Especial para que seja aceito pelo STJ.

Durante audiência pública promovida pela comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição 209/12, Salomão explicou que essa medida é essencial para que o tribunal possa efetivamente funcionar como uniformizador da legislação infraconstitucional como é sua missão.

Segundo o ministro, os juízes dedicam boa parte de seu tempo resolvendo questões que não deveriam chegar a um tribunal superior.

Compra de gato
O ministro relatou alguns dos casos que julgou recentemente. Entre eles, o conserto de um vestido de noiva, o uso de elevador por cachorro e briga de vizinhos. Para chegar ao STJ, o processo deve ter passado por pelo menos duas instâncias da Justiça. "Vejam se é bem destinado o recurso público para suprir um tribunal dessa natureza julgando o seguinte tipo de causa: o inadimplemento de um contrato de compra e venda de um gato."

O deputado Hugo Leal (Pros-RJ) afirmou que os advogados também são responsáveis pelo “entulhamento” dos tribunais superiores, já que recorrem mesmo sabendo que não deveriam. "Parece uma obrigação recorrer. Infelizmente não se muda uma cultura por lei, não muda por decreto. Muda por comportamento. E começa a estabelecer esse regramento."

O ministro do STJ explicou que o texto da proposta foi elaborado por uma comissão de ministros, depois de análise sobre a situação do tribunal. A PEC foi apresentada pelos deputados Rose de Freitas (PMDB-ES) e Luiz Pitiman (PMDB-DF).

Ele afirmou que, caso a proposta seja aprovada, o regimento do tribunal deverá estabelecer como será avaliada a relevância da questão trazida pelo recurso.

Assuntos repetitivos
Salomão afirmou, no entanto, que essa é só uma das mudanças necessárias para desafogar a Justiça brasileira, que hoje trabalha com 90 milhões de processos. Ele defendeu a criação de um mecanismo de detecção de demandas repetitivas no primeiro grau.

Sempre que houvesse muitas causas sobre o mesmo tema, o STJ traria a decisão para si e assim, assuntos idênticos não chegariam mais até a corte. "Se continuarem a entrar esses recursos com demandas absolutamente repetidas não serão suficientes os números de juízes que se multiplicam, de servidores que se multiplicam, porque nunca conseguiremos atender a esse quantitativo. É preciso racionalizar o trabalho do Judiciário."

O ministro defendeu ainda a aprovação da segunda parte da Reforma do Judiciário, que foi fatiada em 2005 (PEC 385/05) e o estímulo a mecanismos alternativos de solução de conflitos. Nesse sentido, Luiz Felipe Salomão informou que entregou ao presidente do Senado, Renan Calheiros, propostas de alteração e ampliação da Lei de Arbitragem e o Marco Legal da Mediação.

 

Reportagem - Vania Alves
Edição - Regina Céli Assumpção

Foto em destaque/Fonte: Agência Câmara Notícias

 

Notícias

Lacunas e desafios jurídicos da herança digital

OPINIÃO Lacunas e desafios jurídicos da herança digital Sandro Schulze 23 de abril de 2024, 21h41 A transferência de milhas aéreas após a morte do titular também é uma questão complexa. Alguns programas de milhagens já estabelecem, desde logo, a extinção da conta após o falecimento do titular, não...

TJMG. Jurisprudência. Divórcio. Comunhão universal. Prova.

TJMG. Jurisprudência. Divórcio. Comunhão universal. Prova. APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DIVÓRCIO - COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS - PARTILHA - VEÍCULO - USUCAPIÃO FAMILIAR - ÔNUS DA PROVA - O casamento pelo regime da comunhão universal de bens importa na comunicação de todos os bens presentes e futuros...

Reforma do Código Civil exclui cônjuges da lista de herdeiros necessários

REPARTINDO BENS Reforma do Código Civil exclui cônjuges da lista de herdeiros necessários José Higídio 19 de abril de 2024, 8h52 Russomanno ressalta que, além da herança legítima, também existe a disponível, correspondente à outra metade do patrimônio. A pessoa pode dispor dessa parte dos bens da...

Juiz determina que valor da venda de bem de família é impenhorável

Juiz determina que valor da venda de bem de família é impenhorável Magistrado considerou intenção da família de utilizar o dinheiro recebido para adquirir nova moradia. Da Redação terça-feira, 16 de abril de 2024 Atualizado às 17:41 "Os valores decorrentes da alienação de bem de família também são...

Cônjuge não responde por dívida trabalhista contraída antes do casamento

CADA UM POR SI Cônjuge não responde por dívida trabalhista contraída antes do casamento 15 de abril de 2024, 7h41 Para o colegiado, não se verifica dívida contraída em benefício do núcleo familiar, que obrigaria a utilização de bens comuns e particulares para saná-la. O motivo é o casamento ter...