Para representante do Uber, serviço é de qualidade; para taxistas, aplicativo é ilegal

Luiz Alves / Câmara dos Deputados

27/10/2015 - 20h51

Para representante do Uber, serviço é de qualidade; para taxistas, aplicativo é ilegal

Eles participaram de mais um debate acalorado na Câmara. Motoristas das duas categorias bateram boca e Polícia Legislativa teve que intervir

Representantes do Uber e de taxistas divergiram nesta terça-feira (27) sobre a legalidade do serviço prestado pelo aplicativo em mais um debate acalorado sobre o assunto na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público. No final da audiência, motoristas das duas categorias bateram boca e a Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados chegou a ser chamada.

Luiz Alves / Câmara dos Deputados
Audiência Pública sobre o Aplicativo Uber
A audiência sobre o aplicativo Uber reuniu motoristas de taxis e do Uber para encontrar uma solução que resolva o problema entre as duas categorias

O diretor de políticas públicas do Uber no Brasil, Daniel Mangabeira, afirmou que o serviço é acusado injustamente de clandestino e de pirata. “A lei estabelece quatro categorias de transporte urbano, duas delas de transporte individual e duas privadas”, informou.

De acordo com Mangabeira, não se pode misturar dois serviços diferentes, sendo que um é baseado em uma plataforma tecnológica e outro baseado nos serviços de táxi: “Uma categoria, dos taxis, é regulamentada no âmbito federal e municipal. Outra categoria nova, sem regulação, não pode ser considerada ilicitude”, disse.

Empreendedorismo
Daniel Mangabeira destacou que o aplicativo é um sistema de tecnologia que cria grandes oportunidades de trabalho e fomenta o empreendedorismo: “Se a gente incentiva o indivíduo a se inserir no mercado de trabalho, por que não regulamentar?”.

O diretor lamentou a agressão de taxista a motorista do Uber na última semana em Brasília. “Não queremos confrontar com os meios existentes. Estamos diante de um fato: a tecnologia não vai retroceder. O debate é como vamos internalizar isso para todo mundo, para a sociedade, para o cidadão e para os trabalhadores”, finalizou.

Transporte clandestino
O diretor-presidente da Associação Brasileira das Associações Civis e Cooperativas de Motoristas de Taxi, Edmilson Americano, afirmou que a intenção do Uber é legalizar o transporte clandestino. “Vocês, do Uber, não enganam ninguém. Isso é para encaixar o clandestino na lei. O Uber faz o serviço de taxi, de transporte remunerado de passageiro”, criticou.

O diretor da associação também criticou a ausência de fiscalização do aplicativo: “A [empresa] Uber não pode ter poder de fiscalizar o seu próprio serviço”. Ele também acredita que o aplicativo vai atrapalhar a mobilidade urbana. “Daqui a pouco, vai virar bagunça. O Uber quer acabar com os taxistas para depois reinar”.

Qualidade
O economista-chefe do Conselho de Administração de Defesa Econômico (Cade), Luiz Alberto Esteves, explicou que o mercado de táxi é regulado para preservar a qualidade do serviço prestado ao cidadão: “Se você deixar o mercado sozinho, sem regulação, os resultados não serão satisfatórios. Quando não é regulado, não há ponto, não se sabe quanto vai se pagar, não se sabe a qualidade do serviço”.

Luiz Alberto Esteves disse que uma das razões do sucesso de aplicativos de transporte de passageiro se dá em razão de o aplicativo conseguir suprir várias falhas do serviço de táxi: “Da poltrona da minha casa, com um smartphone, consigo saber o preço, quem vem, etc. Esse tipo de aplicativo trouxe melhoria para o mercado”.

Destino do dinheiro
O presidente da Federação Nacional dos Taxistas e Transportadores de Passageiros, Edgar Ferreira de Souza, criticou o destino de 25% do dinheiro arrecadado pelo motorista do Uber para local desconhecido. “Se vai para os Estados Unidos, eu não sei, mas o que é bom para os EUA pode não ser bom para o Brasil. Vamos esperar a derrama?”, criticou, se referindo à cobrança de impostos que culminou na Inconfidência Mineira.

Para ele, o Uber é ilegal. “É um discurso político para mudar a lei. É um aplicativo que quer se interpor entre o tomador e o executor da tarefa. É uma afronta à CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]”. Segundo Souza, as profissões já regulamentadas precisam ser respeitadas: “Imagina se criam um aplicativo que permite fazer consulta sem um médico?”.

O deputado Augusto Coutinho (SD-PE), que solicitou a audiência pública, defendeu a regulamentação do serviço. “O que os taxistas reclamam é que o sistema Uber não tem nenhum tipo de controle. Mas a verdade é que é um sistema que a população tem absorvido muito bem. Temos que construir uma solução sensata para resolver esse impasse.”

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição - Luciana Cesar
Agência Câmara Notícias

 

Notícias

Justiça do Amazonas reconhece multiparentalidade em registro de adolescente

Justiça do Amazonas reconhece multiparentalidade em registro de adolescente 07/11/2025 Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM (com informações da DPE-AM) A Vara Única de Itapiranga reconheceu judicialmente a multiparentalidade no registro civil de um adolescente de 15 anos. Com a sentença, ele...

Pela 1ª vez, uniões consensuais superam casamento civil e religioso

Pela 1ª vez, uniões consensuais superam casamento civil e religioso Censo 2022 revela que 51,3% da população tinha relação conjugal Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil Publicado em 05/11/2025 - 10:03 Brasília Origem da Imagem/Fonte: Agência Brasil  -  Certidão de...

STJ autoriza penhora de imóvel financiado para quitar dívida de condomínio

STJ autoriza penhora de imóvel financiado para quitar dívida de condomínio Alessandro Junqueira de Souza Peixoto A decisão do STJ muda o jogo: Agora, imóveis financiados também podem ser penhorados para pagar dívidas de condomínio. Entenda o que isso significa para síndicos e...

Neto poderá ter avós maternos reconhecidos como seus pais

Neto poderá ter avós maternos reconhecidos como seus pais Ele moveu ação para reconhecimento de paternidade e maternidade socioafetiva 29/10/2025 - Atualizado em 29/10/2025 A 4ª Câmara Cível Especializada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) cassou uma sentença da Comarca de Diamantina e...