Sistema monitora execução penal de 21 mil detentos em MG

Plataforma do CNJ reúne dados de detentos dos regimes fechado, aberto e semi-aberto (Divulgação/TJMG)

Sistema monitora execução penal de 21 mil presos em Minas Gerais

09/05/2017 - 08h10 

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) vai expandir a implantação do Sistema Eletrônico de Execução Unificada (SEEU). A previsão é que, até o fim do ano, 34 comarcas sejam contempladas. A ferramenta, entre outras vantagens, proporciona a gestão confiável dos dados da população carcerária e reduz o risco de alguém seguir encarcerado por prazo superior ao fixado na sentença.

Hoje, há mais de 21 mil pessoas inseridas no sistema: em cumprimento de pena no regime semiaberto, são 4 mil. No fechado, existem mais de 6 mil e no aberto o número ultrapassa 7 mil. Até o final do ano, a meta é que se atinjam mais de 40 mil sentenciados, que terão suas penas tramitando exclusivamente na plataforma eletrônica.

Além disso, o TJMG capacitou as equipes do Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário (PAI-PJ), que atendem a portadores de sofrimento mental que cometeram crimes. Atualmente, 170 medidas de segurança são acompanhadas pelo SEEU.

O sistema já opera plenamente em seis comarcas: Betim, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Patrocínio e Unaí. Mas o número está prestes a aumentar: em 1º de junho, será a inauguração do funcionamento exclusivo do SEEU em Uberlândia. Com todo o acervo digitalizado, a partir desta data, execuções de pena que entrarem tramitam de forma eletrônica.

Nas comarcas de Alfenas, Carmo do Paranaíba, Contagem, Itabira, Muriaé, Pará de Minas, Ribeirão das Neves e Vespasiano os acervos físicos estão sendo digitalizados. As comarcas de Caratinga, Ipatinga, Igarapé, Itajubá, Ponte Nova, Uberaba e Três Corações estão na fase de implantação, quando os processos já foram digitalizados e migrados para a plataforma eletrônica. Nessa fase, os processos novos já são cadastrados no SEEU.

O cronograma deste semestre, que inclui digitalização e treinamento das equipes, prevê as seguintes datas: em maio, em Pará de Minas (dia 8), Itabira (15), Muriaé (22) e Carmo da Parnaíba (29); seguido de Contagem (5), Ribeirão das Neves (19) e Belo Horizonte (26).

Expectativa

O juiz Rodrigo de Carvalho Assumpção, da Vara Criminal e da Infância e da Juventude de Paracatu, é um dos que aguarda, ansioso, pelo advento do SEEU, a ponto de ter contatado a Presidência para tentar antecipar a implantação em sua comarca. Com isso, uma reunião está agendada para agosto e os procedimentos de implantação devem iniciar em janeiro de 2018.

“A expectativa é dinamizar as rotinas e reduzir etapas agora inúteis, evitando a hipótese de os presos perderem benefícios ou terem atraso para começar a usufruir de seus direitos. Assim, poderemos organizar as execuções e dar mais atenção às demandas prioritárias”, afirma, repetindo sua confiança no potencial da informatização na execução penal.

A população cumprindo pena, em Paracatu, é de em torno de 400 presos. Destes, mais de 300 estão no presídio local, que tem capacidade máxima para apenas 135 detentos. Segundo o magistrado, até o momento não houve rebeliões na comarca, somente o início de motins que foram rapidamente controlados. “Além disso, a juíza de Unaí, que tem sido uma parceira indispensável, aceitou receber alguns presidiários, pois a comarca já está equipada com o SEEU e tem uma penitenciária”, explica.

Com a possibilidade de chegada do sistema, está sendo organizado um mutirão carcerário para o mês de maio. “Fizemos um convênio com a Faculdade do Noroeste de Minas (Finom), que, sob a supervisão de uma equipe do Judiciário, vai avaliar a situação dos presos provisórios para verificar se eles estão tendo acesso aos benefícios e se há alguma irregularidade”, conta o juiz.

Sistema Eletrônico de Execução Unificada (SEEU)

O SEEU informatiza os processos de execução penal, eliminando os autos físicos, e automatiza tarefas como o cálculo da pena e a emissão de alertas para notificar que o sentenciado já tem direito a benefícios como comutação de pena, livramento condicional, indulto e progressão de regime. O controle do abatimento de dias da pena por meio de trabalho e estudo, por exemplo, fica mais preciso e ágil. É possível, além disso, gerar relatórios e analisar o acervo processual.

Com o SEEU, há a comunicação imediata, eletrônica e simultânea dos atos, disponível para acesso às partes a qualquer momento. Segundo o presidente do TJMG, desembargador Herbert Carneiro, esse recurso tecnológico é decisivo na humanização da pena, pois resguarda os direitos do preso, que, assim, sente-se respeitado e estimulado a cumprir sua dívida para com a sociedade. O magistrado diz acreditar que o sistema possa reduzir, por exemplo, a superlotação e a ocorrência de rebeliões nos presídios.

Histórico

A ferramenta, que foi desenvolvida a partir de um sistema semelhante criado pela Justiça do Trabalho do Paraná (Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região – TRT-9), foi aprovada como política nacional judiciária pelo Plenário do CNJ em maio de 2016. No início de agosto do mesmo ano, a adoção do SEEU foi regulamentada pelo TJMG e pela Corregedoria-Geral de Justiça. O critério para a implantação nas comarcas foi o tamanho dos acervos de execução penal, a população carcerária e a existência de estabelecimentos prisionais.

Fonte: TJMG
Extraído de CNJ

Notícias

Magistrado reverte guarda de criança após constatação de alienação parental

Extraído de Recivil Magistrado reverte guarda de criança após constatação de alienação parental O juiz Geomir Roland Paul, titular da Vara da Família da Comarca de Brusque, deferiu pedido de tutela antecipada para reverter a guarda de uma criança, filha de casal separado, em favor do pai. A medida...

Lei do Gás atrairá investidores

Extraído de Gás Brasil | 21/03/2011 | Regulamentação da Lei do Gás atrairá investidores Artigo de Márcio Monteiro Reis e Renato Otto Kloss. Após sucessivos adiamentos, foi editado no fim do ano, o Decreto federal 7.382/2010, que traz a regulamentação a Lei 11.909, mais conhecida como Lei do Gás,...

Bandeira branca

  OAB prepara a guerra, CNJ e STF ensaiam a paz Por Rodrigo Haidar   A Ordem dos Advogados do Brasil mirou no alvo errado e acertou o próprio pé. Na esteira do natural antagonismo entre o jovem Conselho Nacional de Justiça e o vetusto Supremo Tribunal Federal, que passaram a dividir um...

Caminho mais curto

  PEC sobre fim de ação em segundo grau é polêmica Por Marina Ito   Na segunda-feira (21/3), o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, vai apresentar, em um evento na FGV Direito Rio, uma Proposta de Emenda Constitucional para que os processos sejam finalizados e...

Igualdade das partes

Extraído de DPU Artigo: MP ao lado do juiz viola equidistância das partes  Por Eduardo Tergolina Teixeira, Gabriel Faria Oliveira e Vinícius Diniz Monteiro de Barros    A Constituição do Brasil, em seu artigo 5º, caput e incisos LIV e LV, estabelece a igualdade das partes no curso do...