Especialistas dizem que criminalizar drogas é ineficaz

Especialistas dizem que criminalizar drogas é ineficaz

Tráfico de drogas: especialistas defendem que criminalização fracassou, e que é hora de adotar uma nova estratégia em relação às drogas.

Publicado por Pedro Magalhães Ganem - 18 horas atrás

Especialistas dizem que criminalizar drogas ineficaz

Londres - As estratégias para lutar contra as drogas baseadas na criminalização demonstraram ser ineficazes e devem ser substituídas por medidas centradas na saúde pública, segundo defendem especialistas internacionais em um relatório apresentado nesta segunda-feira em Londres.

O estudo "Depois da guerra contra as drogas" foi elaborado pela London School of Economics (LSE) como prévia da reunião prevista para abril na ONU, na qual serão abordadas as políticas globais para o controle destas substâncias.

"A comunidade internacional deu prioridade às medidas proibicionistas", o que teve um "terrível custo socioeconômico", afirma o documento que conta com o aval do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e cinco ganhadores do prêmio Nobel, entre outros.

O diretor-executivo do Projeto Internacional de Legislação sobre Drogas (IDPP), John Collins, afirmou à Agência Efe que "a prova que a guerra contra as drogas fracassou pode ser encontrada na América Latina".

Nessa região "se encarcerou muita gente, se fez a guerra contra os cartéis, mas tudo isso teve virtualmente um impacto nulo no mercado real", destacou Collins, um dos autores do relatório.

"Propomos que se mude o enfoque utilizado para avaliar o êxito das políticas contra as drogas", disse por sua vez à Efe a especialista do Centro de Pesquisa e Docência Econômicas do México (CIDE), Catalina Pérez.

Segundo a jurista, até agora "o êxito se mediu em função de quantas apreensões são feitas e quantas erradicações de cultivos são efetuadas", o que, a seus olhos, não contribui para resolver o problema.

"Um grande setor da população é criminalizado, como os consumidores e os camponeses", ressaltou Pérez, para quem as estratégias dos governos devem concentrar-se na "proteção da saúde dos consumidores presentes e futuros".

Os especialistas concordam em ressaltar que é imprescindível a cooperação internacional para abordar o problema, ao mesmo tempo em que advertem que cada região deve encontrar o caminho mais adequado segundo suas circunstâncias.

"Alguns países estão experimentando a ideia da legalização", destacou Collins, que considera essas medidas "experiências de aprendizagem que deveriam ser positivas em muitos aspectos", embora alerte que "ainda resta muito caminho para poder dizer que a legalização é a solução".

Para o especialista em História Internacional na LSE, a sessão especial da Assembleia das Nações Unidas sobre as drogas (UNGASS) prevista para abril será uma oportunidade para que os países dialoguem sobre a ideia de que as estratégias convencionais não foram efetivas até agora.

"Não esperamos que dessa reunião saiam conclusões rompedoras", admitiu Collins, que advertiu que a Rússia e diversos países asiáticos, entre outros, continuam defendendo um enfoque baseado na proibição.

A esse respeito, Pérez ressaltou que "na América Latina se viram as enormes consequências da guerra contra as drogas e nesta região há um movimento para tentar mudar a estratégia".

O estudo apresentado em Londres, que recebeu o apoio dos vencedores do Nobel de Economia Vernon Smith (2002), Thomas Schelling (2005), Eric Maskin (2007) e Oliver Williamson (2009), assim como da vencedora do Nobel de Medicina em 2008, Françoise Barre-Sinoussi, defende que os países devem "abandonar as políticas contraproducentes e ineficazes sobre drogas".

"Os Estados e o sistema regulador global sobre drogas devem dar um giro rumo aos princípios de desenvolvimento sustentável que incluem a saúde pública, a redução de danos associados ao consumo e fornecimento, o acesso a remédios essenciais e a experimentação científica com uma estrita regulação legal", conclui o documento.

Fonte: Exame

Pedro Magalhães Ganem

Origem da Foto/Fonte: JusBrasil

Notícias

Juíza reconhece nulidade de algibeira em caso de execução de patrimônio

SÓ QUANDO CONVÉM Juíza reconhece nulidade de algibeira em caso de execução de patrimônio 8 de maio de 2025, 11h57 Tal conduta caracteriza a chamada ‘nulidade de algibeira’. Em síntese, a nulidade de algibeira consiste na estratégia de não alegar a nulidade no momento em que ela ocorre, utilizando-a...

Quando o bem de família pode ser penhorado? Jurisprudência do STJ

Opinião Quando o bem de família pode ser penhorado? Jurisprudência do STJ Caroline Valéria Adorno de Macêdo 5 de maio de 2025, 6h32 A jurisprudência do STJ tem reiterado que tais exceções devem ser interpretadas restritivamente, em respeito à função social da moradia e à dignidade da pessoa...

Herança digital e o testamento como aliado

Herança digital e o testamento como aliado Thauane Prieto Rocha A herança digital ganha destaque como parte essencial do testamento, permitindo que o testador decida sobre bens e memórias digitais após a morte. sexta-feira, 25 de abril de 2025 Atualizado em 28 de abril de 2025 08:08 Ao realizar uma...

Análise crítica de estratégias de planejamento sucessório

Análise crítica de estratégias de planejamento sucessório Gabriel Vaccari Holding/Sucessão: Cuidado online! Artigo expõe riscos de soluções fáceis (procuração, S.A., 3 células). Evite armadilhas fiscais/legais. Leitura essencial para famílias e advogados. sexta-feira, 25 de abril de 2025 Atualizado...

Bens trazidos à colação não respondem pelas dívidas do falecido

Processo Familiar Bens trazidos à colação não respondem pelas dívidas do falecido Mário Luiz Delgado 20 de abril de 2025, 8h00 Os bens recebidos em antecipação da herança necessária (legítima), nos moldes do artigo 544 do CC [6], quando “conferidos” pelo herdeiro após a abertura da sucessão, NÃO...