Homens valorizam mais casamento que as mulheres, aponta Datafolha

Homens valorizam mais casamento que as mulheres, aponta Datafolha

Publicado em: 28/11/2017

Após perder a mulher com quem viveu por 38 anos para um câncer, Paschoal Scaciotta, 68, se ajoelhava no banco da igreja e pedia a Deus por uma nova companheira para lhe acompanhar pela vida.Acabou achando essa mulher, Marlene, na mesma igreja, vendendo livros e CDs na porta da catedral. Foi amor à primeira vista, diz.

Sete meses depois, se casaram ali mesmo, na época ele com 64 anos e ela com 58, ao lado dos dez netos e seis filhos somados. “Sempre quis me envolver de novo. Procurava uma mulher maravilhosa como a minha, porque viver sozinho ninguém merece”, conta ele, que é representante comercial.

Paschoal representa os 79% dos homens idosos no Brasil que acham o casamento importante ou muito importante, segundo pesquisa Datafolha que entrevistou 2.732 pessoas – 848 com mais de 60 anos. A porcentagem é bastante superior à das mulheres, de 61% (veja os resultados ao final).A tendência se repete em outros recortes: quando pessoas abaixo dos 60 pensam no que será mais importante na velhice (8% deles dizem casamento, contra 3% delas) e quando idosos respondem o que era mais importante na juventude (16% deles dizem casamento, ante 10% delas).

Os resultados podem parecer uma inversão do senso comum – de que a mulher dessa geração é mais dependente do marido –, mas médicos e psicólogos que trabalham com idosos contam ver isso com frequência no dia a dia.”O homem sabe menos ficar sozinho, é menos autônomo.

A mulher faz sua própria comida, limpa a casa e, quando fica sozinha, acaba preenchendo esse tempo”, afirma o geriatra José Eduardo Martinelli, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí.

O locutor Ismael Gongora, 71, por exemplo, confessa que não consegue se imaginar solteiro novamente depois que se casou com sua segunda mulher, Joelita, há três décadas. “Às vezes quando temos uma briguinha eu fico pensando: ‘Puxa, ficar sozinho e começar tudo de novo?’ Não dá. Vou ter que reaprender a lavar roupa, limpar a casa… Minha mulher lava o alface dez vezes!”, elogia ele, que diz fazer tudo a dois, como pescar, assistir futebol e ir ao teatro.Nessa idade, afirmam especialistas, normalmente tanto eles quanto elas procuram relacionamentos mais maduros, com afeto, companheirismo e interesses parecidos.

Foi o caso de Paschoal. “Queria uma mulher de boa família, boa avó, boa mãe. Andei com mil e uma por aí, mas essa preencheu tudo o que eu precisava”, conta.Isso não significa, porém, que as pessoas em idade avançada hoje tenham uma ideia necessariamente fechada e tradicional de casamento. Muitos procuram, já depois de velhos, relações “cada um em sua casa”.Marlene, a mulher de Paschoal, mora em Maringá (PR), enquanto ele continua em SP. “É aquela coisa de ‘namorido’. Eu tenho as minhas coisinhas, ela tem as dela”, ele explica.

ANTES SÓ?

A pesquisa apontou também que os idosos são os que mais vivem sozinhos: um quarto deles não mora com ninguém – contra em média um décimo nas faixas etárias entre 25 e 59 anos. E metade deles gosta disso.

Entre as mulheres, que têm um “índice de viuvez” três vezes maior (33%) que o dos homens (11%), a satisfação com a solitude é maior. Enquanto 57% delas dizem achar ótimo ou bom morar sozinhas, o índice dos homens é de 39%.

De batom vermelho e riso fácil, Francisca Diniz, 63, é uma das que não titubeia ao dizer que hoje é muito mais feliz do que quando vivia com o marido. “Se eu soubesse como era bom, já tinha me separado há muito tempo”, brinca, com o sotaque cearense.

Faz 13 anos, quando tomou a decisão de se divorciar, que sua sensação preferida é a liberdade. “Quando saio, não preciso falar ‘vou em tal lugar, vou sair tal hora e vou chegar tal hora'”, diz ela, que adora bailes da terceira idade
.

 

 

Fonte: Jornal Folha de S. Paulo
Extraído de Recivil

Notícias

Contrato de namoro: Bobagem ou blindagem patrimonial?

Contrato de namoro: Bobagem ou blindagem patrimonial? Izabella Vasconcellos Santos Paz O artigo aborda a importância do contrato de namoro como proteção patrimonial em relacionamentos informais. terça-feira, 23 de dezembro de 2025 Atualizado às 13:24 "Os tempos são líquidos porque tudo muda tão...

STJ julga caso inédito de adoção unilateral com manutenção de poder familiar

Família STJ julga caso inédito de adoção unilateral com manutenção de poder familiar 4ª turma fixou solução inovadora proposta pelo ministro Buzzi. Da Redação sexta-feira, 6 de dezembro de 2019 Atualizado em 7 de dezembro de 2019 16:30 A 4ª turma do STJ concluiu na quinta-feira, 5, julgamento que...

Inclusão do cônjuge do devedor na execução: até onde vai a conta do casamento?

Opinião Inclusão do cônjuge do devedor na execução: até onde vai a conta do casamento? Lina Irano Friestino 19 de dezembro de 2025, 9h25 A decisão do STJ no REsp 2.195.589/GO reforça algo que, no fundo, já estava escrito na lógica do regime de bens: casar sob comunhão parcial significa dividir não...

Contrato e pacto antenupcial pela perspectiva de gênero

Contrato e pacto antenupcial pela perspectiva de gênero Autor: Rodrigo da Cunha Pereira | Data de publicação: 16/12/2025 O Direito das Famílias e Sucessões está cada vez mais contratualizado. Isto é resultado da evolução e valorização da autonomia privada, que por sua vez, vem em consequência do...

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro Marcia Pons e Luiz Gustavo Tosta Autocuratela, agora regulamentada pelo CNJ, permite que qualquer pessoa escolha seu curador antecipadamente, reforçando autonomia e prevenindo conflitos familiares. terça-feira, 9 de dezembro de...