Julgamento do Mensalão testa independência de ministros do Supremo

publicado em 15/04/2012 às 16h52:

Julgamento do Mensalão testa independência de ministros do Supremo

Agência Estado

Uma discussão interna entre os ministros do Supremo Tribunal Federal, sobre a possível necessidade de suspender o recesso de julho para votar o processo do Mensalão, divide a Corte. Alguns deles acham que o tribunal não pode nem deve se deixar levar pelas táticas procrastinatórias da defesa, mas tampouco dobrar-se à pressão pública por justiçamento a ponto de dar tratamento diferenciado a esse caso. A hipersensibilidade à voz das ruas é um fator mais problemático do que oito dos onze integrantes da Corte terem sido nomeados pelo governo petista.

Até mesmo o ministro aposentado José Carlos Moreira Alves, que em quase 30 anos no STF jamais foi acusado de ser garantista, acha "irreal" o cenário desenhado. Em um jantar, na última quinta-feira (12/4), Moreira Alves divertiu-se com a possibilidade de se instalar "palmômetros" na entrada de tribunais para decidir processos que mobilizam a opinião pública. Um outro julgador enxerga "artificialização do periculum in mora" para justificar a proposta da suspensão do recesso.

Outra ideia em curso é a de expandir o horário de funcionamento das sessões. Elas aconteceriam de segunda a sexta-feira, a partir das 9h — ao menos durante algumas semanas. O ministro Ricardo Lewandowski mobilizou nove pessoas, entre elas dois juízes federais, para cumprir seu papel de revisor do relator Joaquim Barbosa. Nos demais gabinetes, ao menos dois assessores em cada um cuida da tarefa.

Nesse estado de exceções, cogita-se de uma reunião para discutir a estratégia operacional do julgamento. Os ministros podem ou não examinar a apreciação de casos em bloco, o que suscitaria problemas, já que a defesa é individualizada e cada acusado tem seu advogado.

Em entrevista ao jornal O Globo deste domingo, o ministro Ayres Britto, que assume a Presidência do tribunal na quinta-feira (19/4), cogitou da impossibilidade de se votar o Mensalão no segundo semestre, por coincidir com a ebulição das eleições municipais. Britto também faz considerações sobre a eventual ausência do ministro Cezar Peluso, cuja aposentadoria compulsória está programada para setembro.

Extraído de www.dirigida.com.br

Comentários para "Julgamento do Mensalão testa independência de ministros do Supremo"

Nenhum comentário foi encontrado.

Novo comentário

Notícias

A proteção ao bem de família não é absoluta

A proteção ao bem de família não é absoluta Thallyta de Moura Lopes STJ fixa teses que restringem a penhora do bem de família em hipóteses de hipoteca, exigindo demonstração de benefício direto à entidade familiar. quarta-feira, 9 de julho de 2025 - Atualizado em 8 de julho de 2025 15:00 "Para...

Pagamento espontâneo após citação valida execução, diz TJ-MG

Causa reconhecida Pagamento espontâneo após citação valida execução, diz TJ-MG 8 de julho de 2025, 9h56 Conforme se verifica dos autos de origem, o agravante não arguiu, em nenhum momento, qualquer nulidade da execução promovida pelo condomínio agravado. Confira em Consultor Jurídico    ...

Herança digital: Entre senhas perdidas e memórias disputadas

Herança digital: Entre senhas perdidas e memórias disputadas Andrey Guimarães Duarte Herança digital exige testamento e orientação jurídica, diante da ausência de lei específica para criptoativos, redes sociais e memórias pessoais. terça-feira, 1 de julho de 2025 - Atualizado em 30 de junho de...