OAB cria estatuto para ajudar casamento gay

Clipping - União homoafetiva: OAB cria estatuto para ajudar casamento gay

Revista Época

Segundo especialistas, número de casais que procuram união estável a fim de convertê-la em casamento aumentou.

A comunidade LGBT vem comemorando algumas conquistas inéditas no Brasil, que indicam avanços em direção ao casamento civil entre homossexuais. Em maio, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união de pessoas do mesmo sexo, o que deu início a uma onda de casamentos, obtidos a partir da conversão da união estável. Agora, a Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB, comandada pela advogada Maria Berenice Dias, está elaborando o Estatuto da Diversidade Sexual, que vai tratar especificamente dos direitos da comunidade LGBT. A intenção é solicitar uma audiência pública para debater o documento com a sociedade e apresentá-lo ao Congresso até agosto.

Diante das conquistas, a procura pelo contrato de união estável aumentou. Especialista em união homoafetiva, Maria Berenice diz já ter elaborado 87 contratos em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília, além de seis pedidos de conversão, que estão em andamento. "Mesmo antes da decisão do STF, já havia muitos pedidos. Depois, começaram a nos procurar para saber como proceder", diz.

Solicitada também em cartório, a escritura de união estável garante aos casais - sejam eles heteros ou homossexuais - os mesmos direitos obtidos com o casamento. O que poucos sabem é que a assinatura do documento, assim como sua conversão em casamento, envolve uma série de questões patrimoniais, que muitas vezes são desconhecidas ou ignoradas pelos casais. "O cartório até orienta, mas o casal pode não ter todas as respostas para se proteger em caso de uma separação ou para garantir herança, por exemplo", explica a advogada Sylvia Maria Mendonça, também especialista em união homoafetiva. Ela afirma que em seu escritório a procura pelo contrato aumentou em torno de 60%.

Para orientar os casais que moram juntos e desejam se casar, a Época São Paulo entrevistou a especialista Maria Berenice Dias, que tirou algumas dúvidas a respeito da união estável e do casamento entre homossexuais:

A declaração de união estável concede aos casais os mesmos direitos que o casamento?

Maria Berenice Dias: Sim, são praticamente os mesmos. A diferença vem sendo eliminada.

Há diferenças entre o modo como são tratados homossexuais e heterossexuais? A união entre pessoas do mesmo sexo está prevista em lei?

A Justiça já vinha concedendo aos gays os mesmo direitos dos heterossexuais. O que o STF fez foi referendar a posição da jurisprudência [decisões acatadas anteriormente por tribunais superiores]. Ninguém pode contrariar a decisão do STF, mas não há uma lei específica para isso. Por isso, estamos elaborando o Estatuto, para tratar especificamente dos direitos da comunidade LGBT.

Quanto tempo demora para sair a declaração? Existe um tempo mínimo de relacionamento entre o casal para obtê-la?

A declaração costuma sair na hora. Não existe um tempo mínimo. O casal apenas estabelece que a partir daquela data estão constituindo uma relação estável e o cartório certifica.

Quais são os direitos que a declaração de união estável possibilita?

As pessoas já têm seus direitos assegurados quando vivem juntos. Mas, sem a declaração, fica tudo mais difícil. Principalmente em caso de separação ou morte do companheiro, porque aí é necessário provar a união. A declaração facilita o reconhecimento dos direitos à pensão, seguros, divisão de bens e tudo que qualquer casal oficialmente casado tem.

E, quem já mora junto e quer casar, precisa da união estável?

Até ouvi dizer que há cartórios do registro civil que estão habilitando os casamentos, sem buscar a conversão da união. Mas, por enquanto, a união estável ainda é o melhor caminho.

A conversão em casamento oferece mais benefícios que a união estável?

Em termos de direito é a mesma coisa. Como a ideia de casamento é uma coisa muito sacralizada na visão das pessoas, chamar o casamento de união civil é uma maneira de driblar um pouco esse fundamentalismo. O que o casal quer é dizer que são casados mesmo, ter a certidão de casamento e ter assegurados os mesmos direitos que os heterossexuais.

 

Fonte: Revista Época
Publicado em 28/07/2011

Extraído de Recivil

 

Notícias

Fiança questionada

  STJ mantém fiança de pessoa diversa do contratante A fiança feita por pessoa jurídica diferente daquela que celebrou o contrato principal, e que é juridicamente válida, deve ser mantida para não tornar o principal sem efeito. Esse foi o entendimento da 2ª Turma do Superior Tribunal de...

Diplomação deve incidir sobre suplente da coligação

Quinta-feira, 17 de março de 2011 Diplomação deve incidir sobre suplente da coligação, decide Lewandowski O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu pedido de liminar apresentado por Wagner da Silva Guimarães, que pretendia assumir a cadeira do deputado federal Thiago...

Você teria sido aprovado no concurso para juiz de SC?

Fonte: www.espacovital.com.br Você teria sido aprovado no concurso para juiz de SC? (15.03.11)    Os leitores foram convidados a testar seus conhecimentos. Hoje, este saite repete, nesta páginas, quatro das mais complicadas (ou curiosas) perguntas, e já destaca em azul quais as...

Dano moral à doméstica deve ser analisado pela Justiça comum

15/03/2011 - 09h15 DECISÃO Dano moral à doméstica cometido por patroa médica deve ser analisado pela Justiça comum Cabe à justiça comum estadual processar e julgar ação de indenização por danos morais ajuizada por ex-empregada doméstica, por suposto erro médico praticado por sua ex-empregadora,...

STF deve julgar se ISS deve ser pago seguindo lei municipal ou lei federal

15/03/2011 - 13h03 DECISÃO STF deve julgar se ISS deve ser pago seguindo lei municipal ou lei federal Compete ao Supremo Tribunal Federal (STF) julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada...

Uso indevido de imagem em anúncio

16/03/2011 - 10h25 DECISÃO O Globo terá de pagar R$ 10 mil por uso indevido de imagem em anúncio A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) fixou em R$ 10 mil o valor da indenização a ser paga pela Infoglobo Comunicações Ltda., que publica o jornal O Globo, a Erick Leitão da Boa Morte,...