Contingenciamento de verbas para pesquisa põe em risco a competitividade do Brasil

A partir da esquerda, Antônio Fernando de Souza Queiroz, da UFBA; José Eduardo Krieger, da USP; o presidente da CCT, Lasier Martins; Rui Vicente Oppermann, da UFRGS; e Rômulo Simões Angélica, da UFPA  Pedro França/Agência Senado

Suspensão de recursos para ciência e tecnologia põe em risco futuro do país, dizem gestores universitários

  

Da Redação | 08/11/2016, 12h11 - ATUALIZADO EM 08/11/2016, 12h13

O contingenciamento de verbas para pesquisa e inovação põe em risco a competitividade do Brasil em curto e médio prazo, apontaram dirigentes de universidades públicas durante audiência pública promovida nesta terça-feira (8) pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).

Para 2017, a previsão é de contingenciamento de 55% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A arrecadação deverá chegar a R$ 5,2 bilhões, mas R$ 2,9 bilhões não deverão ser efetivamente gastos.

Chama-se de contingenciamento a suspensão, pelo Poder Executivo, da execução de certas despesas orçamentárias. A programação desses gastos pode ser retardada, por prazo indeterminada, ou mesmo definitivamente descartada, sob a alegação de insuficiência de receitas.

A Comissão de Ciência e Tecnologia avalia a efetividade da aplicação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel). Segundo os dirigentes das universidades, esses repasses são essenciais para a manutenção das universidades e dos programas de pós-graduação.

Redução drástica

— Os recursos desses fundos foram drasticamente reduzidos a partir de 2013 e isso precisa ser revertido - disse Rui Vicente Oppermann, reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

— Sem esses recursos não haveria pesquisa e pós-graduação — acrescentou  Rômulo Simões Angélica, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Oppermann teme que o setor científico e tecnológico enfrente dificuldades ainda maiores com a aprovação da proposta de emenda à Constituição que estabelece um teto para os gastos públicos por 20 anos (PEC 55/2016). A PEC restringe o aumento das despesas federais à variação da inflação do ano anterior.

— Gostaria que considerassem educação, ciência, tecnologia e inovação como exceções na PEC, pois são investimentos. A gente não ganha reduzindo investimentos — argumentou.

Empresas e academia

Em vez de sinalizar cortes na área de ciência, pesquisa e inovação, o governo deveria apostar suas fichas em políticas que estimulem a aproximação das empresas com as universidades, afirmaram os debatedores.

Na opinião deles, essa conjunção de esforços entre setor produtivo e academia ajudaria na retomada do crescimento:

— Há necessidade de um projeto Brasil para a ciência e tecnologia, para a criação de ambiente de inovação e para a redução do custo Brasil na criação e transformação de conhecimento em riqueza — apontou José Eduardo Krieger, pró-reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP).

Diminuir a burocracia para o depósito de patentes e facilitar a compra de insumos para pesquisa foram outras das reivindicações apresentadas pelos gestores universitários.

— País sem pesquisa, ciência e tecnologia é um país sem futuro — concluiu Antônio Fernando de Souza Queiroz, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Agência Senado

 

Notícias

Advogada explica regularização por georreferenciamento em imóvel rural

Regularização Advogada explica regularização por georreferenciamento em imóvel rural A obrigatoriedade inicia a partir de 20/11 para qualquer transação imobiliária ou regularização fundiária. Da Redação segunda-feira, 4 de agosto de 2025 Atualizado às 12:02 Processos de regularização fundiária e...

Usucapião como limite temporal para reconhecimento da fraude à execução fiscal

Opinião Usucapião como limite temporal para reconhecimento da fraude à execução fiscal Antonio Carlos de Souza Jr. Roberto Paulino de Albuquerque Júnior 31 de julho de 2025, 7h04 O tribunal superior, porém, não vem analisando uma importante questão sobre a fraude à execução fiscal, qual seja:...

Intenção de pagar a dívida basta para manter devedor em imóvel

Vitória da boa-fé Intenção de pagar a dívida basta para manter devedor em imóvel 26 de julho de 2025, 12h32 Na decisão, a juíza destacou a gravidade da situação e disse que “tais medidas são a última oportunidade para solução amigável, caso contrário, será dado cumprimento ao mandado de...

Regime da separação convencional de bens e a renúncia antecipada à herança

Opinião Regime da separação convencional de bens e a renúncia antecipada à herança Rafael Adelor Cabreira 28 de julho de 2025, 9h21 Uma vez escolhido o regime da separação convencional de bens, o casal deixa claro que não tem interesse no patrimônio do outro — para além da morte do consorte,...