Denúncias são fundamentais para coibir crime digital

27/08/2015 - 16h26

Empresas de internet afirmam: denúncias são fundamentais para coibir crimes digitais

Deputados pedem que empresas atuem de forma mais proativa, mas diretores alegam que seguem regras do Marco Civil da Internet, aprovado pelo Congresso

Diretores de empresas de internet foram unânimes em destacar a importância de denúncias de usuários para coibir os diferentes crimes digitais, em audiência pública nesta quinta-feira (27) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes Cibernéticos. A CPI ouviu o diretor de Políticas Públicas do Google Brasil Internet, Marcel Leonardi, o diretor de Relações Governamentais do Facebook no Brasil, Bruno Magrani, o diretor de Relações Governamentais do Twitter Brasil, Felipe Magrim; e o diretor Jurídico do Yahoo! Brasil, Diego Gualda.

Os diretores afirmaram que retiram de suas páginas, sem necessidade de ordem judicial, os conteúdos referentes à violência sexual contra crianças e adolescentes, os discursos de ódio (por exemplo, envolvendo preconceito de raça e gênero), e as imagens e vídeos de nudez e atos sexuais divulgados sem o consentimento dos envolvidos (“pornografia de vingança”). Porém, as denúncias dos envolvidos são fundamentais. As quatro empresas disponibilizam ferramentas para denúncias, que são analisadas por suas equipes.

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência Pública. Diretor de Políticas Públicas do Google Brasil Internet, Marcel Leonardi
Marcel Leonardi, do Google, explica que os crimes contra a honra são subjetivos, daí a necessidade de análise do Judiciário.
 

No caso de conteúdos considerados ofensivos contra a honra, como injúria e difamação, é necessária ordem judicial para a retirada, como estabelece o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14). Segundo o diretor do Google, os crimes contra a honra, em geral, são subjetivos, daí a necessidade de análise do Judiciário. De acordo com o marco civil, a entrega a autoridades de dados de usuário suspeitos de práticas de crimes também só pode ser feita mediante ordem judicial.

Os diretores afirmaram que a lei, aprovada no ano passado, trouxe mais segurança jurídica e clareza de regras para as empresas e usuários. “O efeito é positivo, inclusive sobre a criminalidade na rede”, ressaltou o diretor do Yahoo. Porém, eles não tinham dados consolidados com a diferença no número de crimes antes e depois da aprovação do marco civil, solicitado por alguns integrantes da CPI.

Violência sexual contra crianças
No caso das denúncias de violência sexual contra crianças, os diretores informaram que elas são enviadas para o órgão americano NCMec (National Center for Missing and Exploited Children), que cataloga e criptografa todas as imagens, impedindo que sejam novamente divulgadas. “Essas tecnologias foram desenvolvidas para detectar os casos de abuso sexual infantil de forma automática (por algoritmo)”, disse Marcel Leonardi.

O deputado Sandro Alex (PPS-PR), subrelator da CPI, acredita, porém, que o recurso de imagens criptografadas não tem sido suficiente. Segundo ele, ficou disponível no YouTube, por cinco dias, vídeo de estupro de menor no Paraná. O deputado Rafael Motta (Pros-RN), também subrelator, afirmou que rápida busca pelo Google mostra vídeos de crianças com conteúdo sexual, com comentários degradantes.

De acordo com o diretor do Google, os filtros automáticos têm falhas, e não é possível uma análise prévia de todo o conteúdo divulgado na rede. “O YouTube recebe 300 horas de material por minuto. É um volume avassalador. É preciso haver a denúncia para que possamos agir”, salientou Marcel. “Nenhuma ferramenta tecnológica vai ser totalmente eficaz; dependemos das denúncias”, completou o diretor do Facebook , Bruno Magrani. Os diretores ressaltaram a importância da educação das crianças e adolescentes para uso da internet e informaram que as plataformas disponibilizam material explicando a forma mais segura de se comportar na rede.

Difamações

Arquivo/Gabriela Korossy
Pr. Marco Feliciano
Feliciano afirma que só conseguiu retirar conteúdo ofensivo do Facebook depois que obteve contato direto com executivo da empresa
 

O deputado Silas Freire (PR-PI) criticou o fato de as empresas não agirem preventivamente contra os crimes na internet, mas apenas quando provocadas. Para ele, há demora para retirar os conteúdos denunciados. O deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) disse que move centenas de processos contra as redes sociais e salientou a dificuldade das pessoas para proteger sua imagem e sua honra na internet. O parlamentar relata nunca ter conseguido retirar difamações contra ele do Facebook até ter contato direto com um dos diretores da empresa no Brasil.

O deputado João Arruda (PMDB-PR), que solicitou a audiência, concorda com as regras atuais. “Foi muito importante levar para a Justiça algumas questões, como o julgamento de crimes de calúnia. Senão, o Facebook teria que contratar juízes”, opinou.

 

Reportagem - Lara Haje
Edição - Patricia Roedel
Origem da Foto/Ilustração/Imagem em destaque/Fonte: Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

REFORMA TRIBUTÁRIA

  Criar tributo aumenta insegurança jurídica Por Raul Haidar   Com uma carga tributária próxima de 40% do PIB o Brasil não tem a mínima chance de competir com os demais emergentes, além de correr sérios riscos de perder muitas industrias e até mesmo ver a inflação retornar a níveis...

Unidade familiar

Extraído de Recivil Casal homossexual pode adotar bebê Ao concederem, por unanimidade de votos, a adoção de um bebê para um casal de homossexuais, os desembargadores da 1ª Câmara Cível de Belo Horizonte mais uma vez pensaram no melhor interesse da criança, como demandam casos envolvendo menor. Para...

Concubina e esposa dividirão pensão

Concubina e esposa dividirão pensão A Turma Regional de Uniformização (TRU) dos Juizados Especiais Federais (JEFs) da 4ª Região uniformizou, na última semana, entendimento de que uma mulher que se relacione com homem casado de forma estável poderá ter direito à metade da pensão por morte deste,...

Base de cálculo

IPTU progressivo é constitucional, decide Supremo O Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou constitucional a Lei municipal 13.250/2001, de São Paulo, que instituiu o valor venal do imóvel como base de cálculo da cobrança do IPTU. Segundo ministro Marco Aurélio, relator do caso, deve ser...