Ministro defende regulamentação do lobby

Luis Macedo - Cristiane Brasil: é preciso desmistificar a ideia de que o lobby está relacionado à corrupção
11/07/2016 - 18h18

Ministro da Transparência defende regulamentação do lobby no Brasil

O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Lorena Jardim, defendeu em audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) a regulamentação da atividade de lobista no Brasil. “Lobby é atividade legítima do ambiente democrático, de diálogo, de tolerância, de conhecimento e é uma representação social”, afirmou.

 
Marcelo Camargo/Agência Brasil
política// geral//ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, durante a cerimônia de sua posse no Palácio do Planalto
Torquato Jardim: trata-se de uma atividade legítima do ambiente democrático

Segundo Jardim, é importante dar um tratamento legal mais claro para identificar quem exerce esse ofício, perante quais personalidades e para quais fins. Ele negou que haja qualquer relação entre corrupção e lobby. "Não há nenhuma relação entre corrupção e lobby. São duas figuras completamente diferentes”, disse o representante do Executivo.

Para a relatora do projeto (PL 1202/07) do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) que regulamenta a atividade, deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), também é importante desmistificar a ideia de que o lobby está relacionado à corrupção.

"Operar propina não pode. Muitas vezes, a imprensa mistura as coisas e diz que lobista é operador de propina. Lobista é o cara que está defendendo um interesse. Ele pode representar, por exemplo, uma associação de mulheres que lutam contra o câncer de mama e quer aprovar uma legislação de proteção a esse público. Onde isso é crime?”, argumentou Cristiane Brasil, que propôs o debate na CCJ da Câmara dos Deputados.

Lista pública

 
Luis Macedo
Reunião Ordinária. Dep. Cristiane Brasil (PTB - RJ)
Cristiane Brasil: é preciso desmistificar a ideia de que o lobby está relacionado à corrupção

Torquato Jardim defendeu a transparência sobre a atividade por meio de uma lista pública de lobistas, porém salientou que não se deve centralizar as informações em único órgão. “Ninguém jamais será contra a transparência de qualquer informação de interesse público. Esse é o pressuposto fundamental da democracia”, apontou.“Onde haverá essa lista é o que vamos conversar, perante que órgão público ou entidade? Prefiro que não surjam novas autarquias. O Estado moderno não é um estado autárquico”, completou Jardim.

Leis suficientes
Por sua vez, o doutor em Administração de Empresas pela Florida Christian University, Luís Roberto Antonik, acredita que o País já tem leis suficientes e não é preciso mais uma para regulamentar o lobby. “O problema é o modelo de governo que nós temos: o chamado presidencialismo de coalizão, que está esgotado. Nesse sistema, a classe política acaba interferindo demais na administração pública. O gargalo está na desprofissionalização da administração, não na falta de leis”, comentou.

O professor destacou que há diversas normas que tratam da relação das empresas com o Estado e que só precisam ser cumpridas. Para Antonik, o lobby não é uma algo ruim, pois trata-se de uma atividade histórica na qual as companhias estão sempre tentando mostrar para o Poder Público qual o melhor caminho para legislar. 

“Isso é fazer um bom lobby. Por outro lado, dar dinheiro para uma pessoa que exerce uma função pública não é lobby, é caso de polícia. Algumas empresas, desafortunadamente, fazem um mau lobby, ou seja, praticam uma má relação com o Estado, não cumprem as normas existentes, dão presentes, propinas, comissões”, avaliou.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Marcelo Oliveira
Agência Câmara Notícias
 

 

Notícias

Juiz faz audiência na rua para atender homem em situação vulnerável

Proteção social Juiz faz audiência na rua para atender homem em situação vulnerável Acordo homologado garantiu ao trabalhador o recebimento do BPC. Da Redação sexta-feira, 12 de setembro de 2025 Atualizado às 13:05 Uma audiência fora do comum marcou esta semana em Maceió/AL. O juiz Federal Antônio...

A renúncia à herança e seus efeitos no processo sucessório

A renúncia à herança e seus efeitos no processo sucessório Pedro Henrique Paffili Izá O STJ reafirma que renúncia ou aceitação de herança é irrevogável, protegendo segurança jurídica e limites da sobrepartilha. quinta-feira, 25 de setembro de 2025 Atualizado às 07:38 No recente julgamento do REsp...

Idosa de 76 anos obtém divórcio judicial para oficializar novo casamento

Idosa de 76 anos obtém divórcio judicial para oficializar novo casamento 23/09/2025 Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM (com informações do DPE-TO) No Tocantins, uma idosa de 76 anos conseguiu formalizar o divórcio de um casamento que havia se dissolvido na prática há mais de duas décadas. A...

Valor Econômico: Volume de inventários digitais cresce no país

Valor Econômico: Volume de inventários digitais cresce no país Entre 2020 e 2024, número de procedimentos cresceu 49,7%, segundo o Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal O volume de famílias que têm resolvido a partilha de bens de forma extrajudicial vem aumentando desde 2020, quando foi...

Ex-cônjuge não sócio tem direito a lucros distribuídos depois da separação

Ex é para sempre Ex-cônjuge não sócio tem direito a lucros distribuídos depois da separação Danilo Vital 22 de setembro de 2025, 19h18 “Enquanto os haveres não forem efetivamente pagos ao ex-cônjuge, permanece seu direito de crédito em face da sociedade, que deve incidir também sobre os lucros e...