PEC da Música aguarda continuação de discussão em Plenário

17/01/2013 - 10h10 Plenário - Atualizado em 17/01/2013 - 11h58

PEC da Música aguarda continuação de discussão em Plenário

Tércio Ribas Torres

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 123/2011, conhecida como PEC da Música, já pode voltar a ser discutida no Plenário do Senado. A PEC, de autoria do deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), livra de impostos CDs e DVDs produzidos no Brasil “contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham”.

O benefício, no entanto, não alcança o processo de replicação industrial, que continuará a ser tributado. O objetivo da PEC é reduzir o preço dos produtos ao consumidor e, assim, desestimular a venda de reproduções piratas.

A PEC foi aprovada em maio do ano passado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O presidente da CCJ, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), foi o relator da proposta. Em seu voto favorável, Eunício lembrou que a isenção, se efetivada, vai assegurar ao setor fonográfico benefícios fiscais já concedidos a livros, revistas e jornais. Ele ainda argumentou que, além de reduzir a pirataria, a iniciativa busca democratizar o acesso da população às produções artísticas brasileiras.

- Ao mesmo tempo em que oferece condições dos músicos e dos produtores continuarem trabalhando e ampliando sua obra, a população passa a ter condições reais de ter acesso a essas obras, valorizando a música popular brasileira – argumentou Eunício.

A PEC chegou a ter uma primeira sessão de discussão no Plenário em julho do ano passado, mas a segunda foi adiada por solicitação dos senadores Eduardo Braga (PMDB-AM) e Gim Argello (PTB-DF). A proposta só pode ser votada em primeiro turno depois de cinco sessões de discussão.

Depois, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) solicitou informações aos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, e a PEC só voltou a ficar liberada para inclusão na Ordem do Dia no fim de novembro.

Polêmica

A aprovação da PEC na CCJ, no entanto, não ocorreu sem polêmica. A matéria recebeu o voto contrário do senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Ele fez questão de deixar claro que sua posição não representava desapreço pela cultura e pelos artistas brasileiros, mas era motivada pelo risco à indústria fonográfica e de vídeo instalada na Zona Franca de Manaus.

- Nós, do Amazonas, não temos nada contra incentivos à cultura brasileira, aos compositores e intérpretes da música brasileira. Mas acreditamos que a aprovação desta PEC não garantirá o combate à pirataria e não terá os efeitos esperados pelos seus defensores – declarou Eduardo Braga, informando que a Zona Franca detém 98% da indústria fonográfica e de vídeo e emprega 7 mil trabalhadores no setor.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também ressaltou o temor de que a isenção tributária venha provocar o deslocamento do parque produtivo de Manaus para outras regiões do país, mais especificamente para o eixo Rio-São Paulo, que concentra 80% dos consumidores desses produtos. Em discurso no Plenário, a senadora voltou a manifestar preocupação com o risco de desemprego em Manaus.

– Se aprovarmos essa PEC do jeito que está, ou seja, concedendo imunidade à produção de videogramas e fonogramas, obviamente a primeira providência será a transferência desse setor, da Zona Franca de Manaus para a localidade mais próxima ao grande centro de consumo, obviamente para os estados de São Paulo e do Rio do Janeiro. O que permeou o debate não foi a razão, e sim a emoção, porque vale muito o pedido dos cantores: do Fagner, da Ivete Sangalo, de Bruno e Marrone, e daí para a frente - alertou a senadora.

 

Agência Senado

 

Notícias

STJ valida filiação socioafetiva post mortem sem manifestação expressa

Família STJ valida filiação socioafetiva post mortem sem manifestação expressa 3ª turma reconheceu vínculo de filha criada desde a infância, ainda que falecidos não tenham formalizado adoção. Da Redação terça-feira, 7 de outubro de 2025 Atualizado às 18:55 Por unanimidade, 3ª turma do STJ...

Renúncia à herança e sua extensão a bens descobertos posteriormente

Opinião Renúncia à herança e sua extensão a bens descobertos posteriormente Mathias Menna Barreto Monclaro 7 de outubro de 2025, 7h01 Não se deixa de reconhecer que, em certos contextos, a rigidez da solução pode suscitar debates sob a ótica da justiça material, sobretudo em heranças complexas, em...

Juiz nega penhora de imóveis rurais usados para subsistência

Proteção Juiz nega penhora de imóveis rurais usados para subsistência Magistrado reconheceu que a família do devedor explora diretamente a terra para sua subsistência e que os imóveis se enquadram como pequena propriedade rural. Da Redação domingo, 5 de outubro de 2025 Atualizado em 3 de outubro de...

Assinatura eletrônica e digital: entre prática judicial e debate acadêmico

Opinião Assinatura eletrônica e digital: entre prática judicial e debate acadêmico Cícero Alisson Bezerra Barros 2 de outubro de 2025, 18h25 A confusão entre os termos reside justamente no fato de a assinatura digital ser uma modalidade específica de assinatura eletrônica, mas dotada de requisitos...