Governo elabora decreto para concentrar dados no CPF

Decreto deve trazer uma lista de documentos que hoje são exigidos na prestação de serviços ao cidadão e que terão que ser substituídos pelo CPF

Governo elabora decreto para simplificar prestação de serviços públicos e concentrar dados no CPF

Ideia é simplificar processos como reconhecimento de firma e solicitação de abono salarial

Bárbara Nascimento, O Estado de S.Paulo
08 Fevereiro 2019 | 17h46
   

O governo quer simplificar a prestação de serviços públicos, retirando uma série de burocracias que vão desde a apresentação de documentação até o reconhecimento de firma. O Estadão/Broadcast apurou que um decreto em fase final de gestação deve dar mais um passo nessa direção e trazer uma lista de documentos que hoje são exigidos na prestação de serviços ao cidadão e que terão que ser substituídos pelo CPF.

Entre eles estão, por exemplo, a exigência do número do PIS para quem solicita abono salarial e do número da certificação de alistamento militar a quem toma posse em serviço público. Assim, essa documentação daria lugar à exigência apenas do CPF, que deverá automaticamente puxar todas essas informações. Para isso, será necessário conectar a base de dados dos órgãos da administração pública. O decreto deve estipular um prazo de três meses para que os órgãos públicos se adequem à nova exigência.

Na prática, essa determinação já consta de um outro decreto, publicado em julho de 2017, de número 9.094. Mas o governo já percebeu que terá que ser mais direto nas determinações para que esse cenário se concretize. "O decreto 9.094 é muito conceitual, por isso estamos detalhando. A gente precisa começar a fazer essa simplificação se refletir na prática", aponta uma fonte do governo.

O decreto em elaboração, que deve ser editado em breve, trata apenas de serviços federais. A ideia do governo é estender o mesmo a Estados e municípios por meio de um projeto de lei. "Os serviços federais são uma pequena parcela, alguma coisa a gente deve ter que fazer por lei para atingir Estados e municípios, que prestam a maior parte dos serviços. Há muita burocracia. Conseguir um alvará de construção numa prefeitura, por exemplo, envolve um trabalho enorme", completa essa fonte.

Boa-fé
A ideia é que isso evolua até que se chegue a uma situação em que o cidadão seja tratado pelo "pressuposto da boa-fé", eliminando de vez documentações como autenticação de cópias e reconhecimento de firma exigidos por órgãos públicos. Em mensagem enviada ao Congresso, o governo prevê essas medidas no âmbito de uma reforma administrativa. Segundo o texto, a ideia é eliminar "exigências comprobatórias que já não fazem sentido" e simplificar procedimentos de análises diversos. Para que isso seja viável, a mensagem sugere que "será necessário assumir o princípio da presunção da boa-fé, já consagrado em alguns atos normativos".

A medida atingiria em cheio os cartórios, que hoje prestam esse tipo de serviço de autenticação. Procurada, a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) põe em dúvida a eficiência da medida para o governo. Em nota, afirma que, como a medida transfere para os órgãos públicos a responsabilidade pela análise e aceitação dos documentos apresentados pelos cidadãos, a União terá gastos extras para capacitar pessoal para tal.

"Certo ainda que, em caso de fraude, caberá a estes entes públicos - e consequentemente a toda a sociedade que recolhe impostos - arcarem com os prejuízos, bem como aos cidadãos prejudicados buscarem reparação no Poder Judiciário, já sobrecarregado de demandas", diz o texto.

Fonte: Estadão

Notícias

Sem intimação pessoal, alienação de bem do devedor não é válida

Falta de aviso Sem intimação pessoal, alienação de bem do devedor não é válida Martina Colafemina 15 de junho de 2025, 15h52 Com efeito, ao menos em sede de cognição sumária, não há prova de que os autores tenham sido intimados pessoalmente, daí podendo derivar a nulidade do ato de consolidação da...

A viabilidade do inventário extrajudicial e suas as vantagens no mundo atual

A viabilidade do inventário extrajudicial e suas as vantagens no mundo atual Milena Cintra de Souza O crescimento na procura da via extrajudicial para realização de inventários em todo o país e as novidades trazidas pela resolução 571/24 do CNJ. quinta-feira, 12 de junho de 2025 Atualizado às...

Interdição só é válida se for registrada em cartório, diz juíza

FORA DA REGRA Interdição só é válida se for registrada em cartório, diz juíza Martina Colafemina 12 de junho de 2025, 8h16 Em sua análise, a juíza deu exemplos de artigos que dizem que é nulo qualquer contrato celebrado por uma pessoa absolutamente incapaz. Entretanto, ela analisou que a validade...

Nova procuração maioridade: Uma exigência prescindível?

Nova procuração maioridade: Uma exigência prescindível? Marcelo Alves Neves A exigência de nova procuração com a maioridade é prescindível. Veja o que a doutrina diz sobre a validade do mandato e saiba como proceder. segunda-feira, 9 de junho de 2025 Atualizado às 15:07 De fato, a exigência de uma...