"Reforma tributária deve criar fonte adicional de recursos para a saúde"

14/02/2011 - 21h46

Jucá: reforma tributária deve criar fonte adicional de recursos para a saúde

[Foto:]

Em entrevista nesta segunda-feira (14) ao programa Cidadania, da TV Senado, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), antecipou algumas das ideias em discussão no governo sobre a reforma tributária, além de outros temas da agenda legislativa para 2011, como a reforma política.

Discute-se, por exemplo, se o conveniente é fazer uma reforma tributária mais abrangente ou optar pelo "fatiamento", de acordo com os temas.

- Estamos levando esse debate aos governadores. A solução deve atender a todo o país. Uma coisa é certa: é preciso acabar com a guerra fiscal, simplificar a forma de cobrar tributos e ampliar a base [de arrecadação], para que todos paguem, porque, se todos pagarem, todos pagam menos - salientou.

O líder do governo ressaltou a necessidade de a reforma tributária prever uma fonte adicional de recursos para a área da Saúde, em substituição à extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Uma das alternativas seria, de acordo com ele, uma sistemática de cobrança similar à própria contribuição extinta em 2007, depois de passar dez anos em vigor. A última alíquota do tributo foi de de 0,38%.

- A saúde pública hoje no Brasil é um grande problema, que deve ser equacionado com gestão e com recursos - disse.

O entendimento no governo é de que a cobrança de uma contribuição com base nas transações financeiras é "mais fácil", porque impede a sonegação e abrange até mesmo a chamada economia informal, uma vez que nem essa está à margem do sistema bancário.

Para facilitar a absorção política dessa contribuição, o líder do governo entende que a sua criação deve se dar no âmbito de uma reforma, ocasião em que se pode acabar com outro tributo, de modo a atender ao reclame pela diminuição da carga tributária como um todo.

Jucá lembrou que a reforma tributária está na Câmara, mas o Senado, que enviou para aquela Casa um projeto contendo como inovação o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), também acompanhará o assunto. 

Eleições 

Em relação à reforma política, o líder do governo no Senado defendeu o financiamento público das campanhas como contraponto à "criminalização de quem doa".

- Defendo que se acabe com as doações de empresas privadas. Doação individual, só se for para o partido, que definiria o destino do recurso. Isso para que tenhamos uma transparência maior - disse.

Jucá também defendeu o fim das coligações e o voto majoritário para os candidatos do Legislativo, ou o chamado "distritão".

- É mais simples e é a linguagem que o povo entende: quem tem mais voto entra - explicou.

Para ele, o sistema distrital clássico, em que os estados são divididos em distritos e as candidaturas têm uma abrangência local não é interessante.

- Esse foco das eleições [para a Câmara dos Deputados] nos municípios não é bom porque estamos elegendo parlamentares dos estados para o âmbito federal - argumentou.   

Aposentadorias

A sempre polêmica questão previdenciária também foi abordada na entrevista à TV Senado. O senador voltou a dizer que o governo federal deverá enviar ao Congresso Nacional este ano projeto de lei para regulamentar o fundo complementar da aposentadoria dos servidores públicos dos três Poderes, previsto na Emenda Constitucional 41/03.

[Foto:]

Ressalvou, entretanto, que os fundos só serão destinados aos servidores que ingressarem no serviço publico a partir do ano de sua entrada em funcionamento.

O fim do fator previdenciário, previsto no Projeto de Lei do Senado 296/03, em análise na Câmara dos Deputados, é um mecanismo que busca compensar o aumento da expectativa de vida da população. Hoje se passa mais tempo recebendo a aposentadoria, o que representa custo para o sistema, conforme Jucá.

De acordo com o líder do governo, se ele for extinto é preciso fixar um limite de idade para os trabalhadores. 

Segundo ele, o governo estuda inserir em lei uma autorização para que a idade mínima para a aposentadoria possa ser ajustada sempre que se observar uma elevação da expectativa de vida, de modo a evitar uma batalha periódica em torno do problema. É o que ele chamou de "fórmula móvel".

Petróleo

Outro tema considerado polêmico pelo governo é a política de distribuição dos royalties do petróleo, especialmente da camada pré-sal. O assunto foi discutido no ano passado no Congresso, mas ainda não foi possível chegar a um consenso.

- Temos que democratizar esses royalties, sem que o Rio de Janeiro e o Espírito Santo tenham prejuízo naquilo que já recebem. Há muito recurso, muita margem para parcelar os royalties para todo o Brasil - disse.

Meio ambiente

Jucá disse ainda que os temas relacionados ao meio ambiente e à previsão de desastres naturais devem gerar muita discussão. Nesse sentido, ganham força os debates sobre a reforma do Código Florestal, que tramita na Câmara, e sobre a reformulação do Código de Defesa Civil.

O líder do governo defendeu a construção da Usina de Belo Monte, no Pará, observando que a energia hidrelétrica é a mais limpa, apesar do impacto ambiental causado pelas inundações. A saída, argumentou, é tomar os cuidados devidos para amenizar esse impacto, o que o governo, em sua opinião, está fazendo.

Nelson Oliveira e Raíssa Abreu / Agência Senado

____________________________________________________________________________________________________

Notícias

Erro essencial? Juíza nega anular casamento por doença mental da esposa

Caso de divórcio Erro essencial? Juíza nega anular casamento por doença mental da esposa Homem alegou que se casou sem saber de problema psiquiátrico, mas juíza não viu requisitos do CC para anulação. Em vez disso, concedeu o divórcio. Da Redação segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025 Atualizado às...

TJ-MG concede a quebra de sigilo bancário em uma ação de divórcio

Cadê o dinheiro? TJ-MG concede a quebra de sigilo bancário em uma ação de divórcio 4 de fevereiro de 2025, 19h12 Ao decidir, o desembargador entendeu que estavam presentes no caso os requisitos do artigo 300 do Código de Processo Civil para a concessão de pedido liminar: probabilidade do direito e...

STJ: Partilha em que filho recebeu R$ 700 mil e filha R$ 39 mil é nula

Doação inoficiosa STJ: Partilha em que filho recebeu R$ 700 mil e filha R$ 39 mil é nula Relatora, ministra Nancy Andrighi, ressaltou a necessidade de respeitar a legítima dos herdeiros. Da Redação terça-feira, 4 de fevereiro de 2025 Atualizado às 18:04 STJ declarou nula partilha em vida realizada...

Planejamento sucessório: o risco da inércia da holding

Planejamento sucessório: o risco da inércia da holding No universo do planejamento sucessório, a ferramenta que certamente ganhou mais atenção nos últimos tempos foi a holding. Impulsionada pelas redes sociais e por um marketing sedutor, a holding tornou-se figurinha carimbada como um produto capaz...