Comissão do Senado apresenta relatório final do novo Código Civil brasileiro

Origem da Imagem/Fonte: Extraída de Anoreg/BR

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Comissão do Senado apresenta relatório final do novo Código Civil brasileiro

Após apresentação do relatório, caberá ao Congresso analisar PL que promove alterações no Código

A tarde desta segunda-feira (26/02) marcou um momento crucial no processo de atualização do Código Civil brasileiro, com a apresentação do relatório final elaborado pela comissão de juristas designada para essa tarefa. O documento, resultado de um processo colaborativo que envolveu estudiosos e representantes da sociedade civil, foi apresentado no Senado Federal, após debates e audiências públicas.

O relatório, fruto do trabalho coordenado pelo ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), reflete um esforço concentrado em estabelecer os grandes princípios e valores que regerão as relações sociais no século 21. Inspirado em modelos como o Código Civil argentino, cuja revisão foi liderada pelo ministro Ricardo Lorenzetti, da Suprema Corte argentina, o novo Código Civil brasileiro visa oferecer uma estrutura jurídica mais alinhada com as demandas contemporâneas.

Princípios e Valores para o Século 21

Durante o processo de revisão, destacou-se a importância de incorporar princípios como o respeito à privacidade, liberdade de expressão, acessibilidade e proteção das crianças. Segundo Lorenzetti, a inclusão desses valores é essencial para refletir a dinâmica das sociedades atuais, permeadas por emoções coletivas e valores fundamentais.

Para o ministro da Suprema Corte da Argentina, o novo Código Civil brasileiro deve ser um “sistema articulador de princípios e valores”. Ele destacou a importância de princípios como:

“Respeito à privacidade”, segundo Lorenzetti, é fundamental para a proteção dos dados pessoais e da liberdade individual no mundo digital.

“Liberdade de expressão”, garante o direito de todos os cidadãos de se expressarem livremente, sem censura, e é essencial para a democracia.

“Acessibilidade”, deve ser um princípio fundamental para garantir que todos os cidadãos, independentemente de suas condições físicas, sociais ou econômicas, tenham acesso à justiça e aos direitos previstos no Código Civil.

“Proteção das crianças”, é essencial para garantir o desenvolvimento saudável e seguro das crianças e adolescentes, e deve ser uma prioridade do Estado.

Tutela Preventiva e Direito Digital

O ministro Lorenzetti também sugeriu a inclusão de mecanismos de tutela preventiva no novo código, visando prevenir danos não só à propriedade, mas também às pessoas. “Atualmente, não é possível falar só de reparação. Temos que falar de prevenção. Temos muitos casos em que não há possibilidade de reparar”, afirmou.

A Comissão de Juristas brasileiros apresentou um capítulo específico sobre Direito Digital, sendo elogiado tanto pelo ministro argentino quanto pelo ministro Edson Fachin, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). “Impende respeitar a autodeterminação informativa, atenta à segurança no ambiente digital, ao desenvolvimento econômico e tecnológico, à inovação, à livre iniciativa, e sobranceiramente ao exercício da cidadania”, disse Fachin.

O novo código também deve proporcionar mecanismos compreensíveis para a população em geral, garantindo uma relação mais transparente entre o sistema judicial e os cidadãos. A inclusão de um capítulo sobre Direito Digital foi elogiada, mas ressalvou-se a necessidade de balizas de interpretação que assegurem a proteção não apenas da pessoa humana, mas também dos bens comuns.

A relatora da Comissão de Juristas que elaborou o Código Civil argentino, Aida Kemelmajer, destacou a importância de manter os direitos das famílias dentro do Código Civil. “No nosso critério, e creio que nisso Brasil e Argentina estão unidos, consideramos os direitos da pessoa individualmente e nas suas relações de família como algo que deve pertencer à estrutura do Código Civil”, disse.

Kemelmajer também elogiou a coragem da Comissão brasileira em abordar temas considerados tabus na Argentina, como a multiparentalidade e a reprodução humana assistida. “Vocês tiveram coragem e se animaram a incorporar ao projeto – e nós não – a multiparentalidade. Vocês estão regulando por um critério mais moderno que os nossos temas como o respeito à reprodução humana assistida. Nós tivermos muitos problemas para regular isso”, afirmou.

O processo de atualização do Código Civil brasileiro continua com a abertura para emendas e destaques, seguido pela análise do Congresso Nacional.

Fonte: AssCom ANOREG/BR

Notícias

Advogada esclarece o que ocorre com dados digitais após falecimento

Herança digital Advogada esclarece o que ocorre com dados digitais após falecimento Com a ausência de uma legislação específica, cresce a necessidade de planejamento sucessório para ativos digitais como contas online, criptomoedas e arquivos pessoais. Da Redação terça-feira, 3 de junho de...

Imóvel não deve ser alienado sem que haja intimação do devedor

ÔNUS INVERTIDO Imóvel não deve ser alienado sem que haja intimação do devedor Martina Colafemina 29 de maio de 2025, 7h49 Como, no caso, o credor não anexou provas da intimação, o juiz classificou como verdadeiros os fatos narrados pela autora e anulou a execução extrajudicial. Confira em Consultor...

Justiça nega exclusão de imóvel em divórcio com regime de comunhão de bens

Justiça nega exclusão de imóvel em divórcio com regime de comunhão de bens Autora argumentou que bem foi comprado com recursos próprios 23/05/2025 - Atualizado em 23/05/2025 Origem da Imagem/Fonte: TJMG Justiça entendeu que não há provas no processo de que o bem foi adquirido com recursos...