Idosos protestam contra projeto que limita concessão da meia-entrada em espetáculos

27/05/2013 - 13h25 Comissões - Direitos Humanos - Atualizado em 27/05/2013 - 13h38

Idosos protestam contra projeto que limita concessão da meia-entrada em espetáculos

Marilia Coêlho

Idosos protestaram, nesta segunda-feira (27), contra o PL 4571/2008, que fixa em 40% o número de ingressos reservados à meia-entrada para espetáculos artísticos, culturais e esportivos no país. O projeto contraria o artigo 23 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), que garante às pessoas com 65 anos ou mais a meia-entrada nesses eventos. A manifestação, com faixas e cartazes, aconteceu durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH).

O projeto, de autoria do então senador Eduardo Azeredo, tramita na Câmara dos Deputados e deve chegar ao Senado nos próximos dias. Ele foi recentemente aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara, última comissão por que deveria passar na Casa. O senador Paulo Paim (PT-RS), que solicitou e presidiu a audiência pública, afirmou que o Senado não deve aprovar a proposta.

- Não é uma posição de governo, muito menos de nós senadores. Se não é uma posição de governo, e aqui governo tem a maioria, e não é posição dos senadores, não tem sentido nós permitirmos essa violência contra o Estatuto do Idoso – afirmou Paim.

Os participantes da audiência também defenderam outros direitos das pessoas idosas, como o fim do fator previdenciário e o instituto da desaposentadoria. O senador Paulo Paim defendeu uma política de valorização do benefício do aposentado e do pensionista, tal como foi feito com o salário mínimo.

Fim do fator previdenciário

Para o presidente da Federação de Aposentados do Distrito Federal, Florêncio Pimenta, o fator previdenciário é a mais triste realidade dos idosos. Introduzido em 1999, o fator multiplicativo é aplicado aos benefícios previdenciários, levando em conta o tempo de contribuição, a idade do segurado e a expectativa de vida. A finalidade é desestimular aposentadorias precoces.

- Ele tira do trabalhador que se aposenta 40%, mas da trabalhadora, que tem uma expectativa de vida maior, ele tira até 50%. Eu falo isso com convicção. A minha mulher, que começou a trabalhar com 15 anos e se aposentou com 49, teve 48,5% de redução do salário – relatou Pimenta.

O secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Guimarães, que veio representando o ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho, afirmou que a previdência não está quebrada. No entanto, há uma preocupação com o futuro, já que a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que, em 2050, a população idosa vai chegar a 64 milhões de pessoas.

Segundo o secretário, o resultado de março de 2013, acumulado em 12 meses, mostra um superávit de R$ 21,7 bilhões na previdência urbana. No entanto, a previdência rural, que é um sistema semicontributivo, apresenta um déficit de R$ 67,2 bilhões.

Guimarães reconheceu o fator previdenciário como um problema, mas afirmou que se o mecanismo é ruim, pior seria se ele acabasse.

- Se, simplesmente, se extinguir o fator previdenciário, nós teríamos um aumento grande nas despesas da Previdência, além de criarmos uma injustiça com aquele aposentado que espera e que se aposenta numa idade mais elevada – afirmou.

Paulo Paim, no entanto, defendeu o fim do fator previdenciário, afirmando tratar-se da pior lei criada depois da ditadura militar.

- Tudo bem que não veio nesse governo de que eu faço parte, veio no governo anterior. Mas é uma lei tão perversa, que o nosso governo deveria bater no peito e dizer: “nós vamos derrubar essa proposta” – afirmou.

Desaposentadoria

Para Paim, o instituto da desaposentadoria pode ser usado para combater o fator previdenciário. Atualmente só conseguida por meio de ações na Justiça, a desaposentadoria se dá quando o aposentado continua trabalhando e contribuindo com o INSS e renuncia a essa  aposentadoria para pedir uma nova, levando em conta os novos pagamentos.

- O instituto da desaposentadoria é um gatilho que está armado contra o fator. Eu fiz parte da comissão de orçamento, já está previsto lá, inclusive, verbas para o instituto da desaposentadoria – afirmou o senador.

Paim disse ainda que o governo não terá gastos com a desaposentadoria, porque o dinheiro usado será o dinheiro de contribuição do trabalhador.

 

Agência Senado

 

Notícias

Da percepção do salário no regime da comunhão parcial de bens

Da percepção do salário no regime da comunhão parcial de bens Pedro Linhares Della Nina O STJ, em 21/11/23, enfrentou questão jurídica sobre a percepção dos proventos (art. 1.659, VI, do Código Civil) ser ato particular do cônjuge. Porém, quando percebido, a remuneração integra a meação de...

Proposta de alteração no Código Civil não muda status jurídico dos animais

SERES COISIFICADOS Proposta de alteração no Código Civil não muda status jurídico dos animais José Higídio 26 de março de 2024, 8h51 De acordo com a proposta da relatoria-geral, “os animais, objetos de direito, são seres vivos sencientes e passíveis de proteção jurídica própria, em virtude da sua...

Como fica a divisão dos bens em uma separação?

Como fica a divisão dos bens em uma separação? Francisco Gomes Júnior Antes de casar ou unir-se, defina o regime de bens e faça acordos antenupciais para evitar disputas na separação. segunda-feira, 25 de março de 2024 Atualizado às 07:58 Ultimamente, com a notícia de diversos casos de famosos...