Parentalidade compartilhada é defendida em reunião sobre primeira infância

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Especialistas ressaltaram a importância da participação dos homens no cuidado das crianças

13/02/2019 - 15h45

Parentalidade compartilhada é defendida em reunião sobre primeira infância

Assunto foi debatido em reunião na Câmara nesta terça-feira

Homens que participam mais da criação dos filhos pequenos vivem melhor. A afirmação é do americano Gary Barker, fundador da Promundo, organização que trabalha para promover a equidade de gênero e prevenir violência envolvendo homens e meninos em parceria com mulheres e meninas.

Gary participou, nesta terça-feira, de uma reunião promovida pela Secretaria da Mulher e pela Frente Parlamentar da Primeira Infância. A primeira infância compreende o período entre o nascimento e os seis primeiros anos de vida da criança.

Há mais de vinte anos, Gary e sua esposa brasileira viveram uma situação que ainda hoje é incomum. Enquanto ele fazia doutorado nos Estados Unidos, ela trabalhava, sem direito à licença maternidade. Gary acabou sendo o principal cuidador da filha do casal, enquanto a ela coube a tarefa de prover financeiramente a família.

"Estive em casa, cuidando de nossa filha, enquanto fazia o doutorado também. Aí, óbvio, o pânico. Estive estudando esse tema na teoria, mas aí na prática me encontro ali, minha família morava em outra parte do país. Estive ali dizendo 'opa, e agora?'. Isso foi um grande motor para mim, para sentir que a gente não prepara os homens para essa aventura”, contou.

Segundo Gary Barker, é preciso trabalhar o envolvimento dos homens no cuidado dos filhos desde quando ainda são crianças, trabalhar também o auto-cuidado, atentar para a participação masculina no período pré-natal, entre outros pontos. Ou seja, é um trabalho que começa cedo para obter resultados lá na licença-paternidade – que ele defende, aliás, que seja tão longa quanto a licença-maternidade.

"Vimos em várias pesquisas como é positivo para os homens. Ao cuidar do outro, a gente se cuida também. Homens que participam mais do cuidado também relatam mais felicidade, melhor relação do casal, como também parece que nos ajuda a concentrar e aproveitar melhor o trabalho também."

Parentalidade compartilhada
Outra especialista convidada para o debate foi Julyana Mendes, mãe de sete filhos com idades entre três e 24 anos. A coach e influenciadora digital ministra cursos sobre parentalidade compartilhada e defende a participação ativa também das crianças.

"Os filhos da gente não são nossa propriedade, a gente precisa entender isso desde cedo. Eles não são nossos, nós somos responsáveis e guias deles. Isso muda toda a visão que nós temos sobre essas crianças. E, como guias, a gente precisa ensiná-los a pensar, a questionar, a decidir, e a gente só ensina isso se a gente coloca eles junto desse processo da parentalidade."

Marco legal
A presidente da Frente Parlamentar da Primeira Infância, deputada Leandre (PV-PR), defendeu a implementação de lei já existente para proteger a primeira infância, o chamado marco legal da primeira infância (13.257/16).

"Nós temos uma legislação que é referência pro mundo. O nosso desafio é fazer ela sair do papel. Então a frente vai focar exatamente nisso, na questão da implementação do marco legal. Cada município que conseguir implementar o marco legal seguramente vai estar se preparando pra ter um futuro melhor pros seus cidadãos”, disse a deputada.

O marco legal da primeira infância completa três anos no próximo dia 8 de março. A lei trata de uma série de temas, desde o direito da criança de brincar até o envolvimento das crianças na formatação de políticas públicas. Foi a lei também que ampliou a licença paternidade de cinco para vinte dias, para as empresas que aderirem ao Programa Empresa Cidadã.

Reportagem – Paula Bittar
Edição – Ana Chalub
Agência Câmara Notícias
 
 

 

Notícias

Juíza condena filho a pagar pensão alimentícia a mãe idosa

Terceira idade Juíza condena filho a pagar pensão alimentícia a mãe idosa 3 de dezembro de 2025, 8h24 Ele apresentou uma oferta de 11% de seus rendimentos líquidos em caso de vínculo empregatício formal e de um terço do salário mínimo se estiver desempregado. Prossiga em Consultor...

CNJ permite que idosos escolham quem cuidará da sua saúde e patrimônio

CNJ permite que idosos escolham quem cuidará da sua saúde e patrimônio Procedimento exige visita ao cartório ou uso da plataforma digital O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou regra que permite a idosos e pessoas com deficiência escolher quem cuidará de sua saúde e patrimônio caso se tornem...

Indisponibilidade do bem de família: reflexos da decisão do STJ

Opinião Indisponibilidade do bem de família: reflexos da decisão do STJ Maria Helena Bragaglia Maria Aparecida Gonçalves Rodrigues Julia Pellatieri 30 de novembro de 2025, 7h01 A morte do devedor não retira, automaticamente, a qualidade do bem de família e, como tal, a sua impenhorabilidade, se...

Por abandono afetivo, filho é autorizado a retirar sobrenomes do pai

Casos de família Por abandono afetivo, filho é autorizado a retirar sobrenomes do pai 24 de novembro de 2025, 7h31 A sentença enfatiza que a ação demonstra a importância do direito à identidade e do papel do Judiciário na concretização dos direitos da personalidade, especialmente em situações de...