Sabatina para CNMP gera debate sobre limites ao poder investigatório de promotores

08/05/2013 - 13h30 Comissões - Justiça - Atualizado em 08/05/2013 - 18h53

Sabatina para CNMP gera debate sobre limites ao poder investigatório de promotores

Simone Franco

Debate sobre a imposição de limites ao poder de investigação criminal do Ministério Público - foco de controvertida proposta de emenda à Constituição (PEC 37/2011) em tramitação na Câmara dos Deputados - sobressaiu em sabatina dos procuradores de justiça Antônio Pereira Duarte e Alessandro Tramujas Assad, nesta quarta-feira (8), na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Ambos tiveram a indicação para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) aprovada pela comissão. Os nomes agora deverão ser analisados, em regime de urgência, no Plenário do Senado.

A questão surgiu a partir dos senadores Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), Roberto Requião (PMDB-PR), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Vital do Rêgo (PMDB-PB) - este, presidente da CCJ - , que condenaram excessos na divulgação pela mídia de casos sob investigação do Ministério Público. A principal queixa era de que este comportamento levava à condenação antecipada do investigado perante a opinião pública.

Apesar de questionarem a retirada da competência investigatória da instituição pela PEC 37/2011, estes parlamentares cobraram não só normas disciplinares para conter e punir eventuais exageros na atuação do MP, mas também a definição de prazos para os procedimentos investigatórios. Críticas também foram feitas ao suposto uso de escutas telefônicas por promotores de justiça sem prévia autorização judicial e aos abusos na aplicação de Termos de Ajuste de Conduta (TACs), cobranças encaminhadas pelo MP a gestores públicos sob suspeita da prática de irregularidades.

Inocência

Ao comentar as considerações dos parlamentares, Antônio Pereira Duarte sustentou que o dever do promotor de justiça de informar a sociedade sobre os processos em andamento não deve comprometer a presunção de inocência do investigado. Após observar que o MP não deve ter seu campo de atuação limitado, assegurou que tanto o estatuto da carreira quanto resoluções editadas pelo CNMP já estabelecem regras, prazos e sanções disciplinares para o promotor que não se conduzir com a responsabilidade necessária. Vinculado ao Ministério Público Militar, o indicado também defendeu a modernização da Justiça Militar, e não a sua extinção.

Por sua vez, o procurador de justiça do Ministério Público Estadual por Roraima Alessandro Tramujas Assad disse acreditar que as instituições alcançadas pela PEC 37/2011 - polícias e MP - podem chegar a um consenso sobre a condução da investigação criminal. Quanto à escolha dos casos a investigar, afirmou que o critério adotado aponta para as situações de lesão ao patrimônio público e os excessos cometidos por organismos policiais, seguindo parâmetro já definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Tramujas garantiu ainda, em resposta a indagação da senadora Ana Rita (PT-ES), que o Ministério Público tem sido atuante na execução da Lei Maria da Penha.

Grupo de trabalho

O desenrolar da discussão sobre a contenção de excessos na conduta do MP levou o senador Pedro Simon (PMDB-RS) a propor a intermediação de um entendimento - pela CCJ - entre delegados e promotores de justiça em torno da PEC 37/2011. Já Cássio Cunha Lima deverá apresentar requerimento de audiência pública para analisar a proposta junto com representantes da Procuradoria Geral da República, do CNMP e do Conselho Nacional de Procuradores Gerais de Justiça (CNPG).

A percepção de falhas no andamento da tramitação da PEC 37/2011 motivou Vital do Rêgo a articular, junto com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, um grupo de trabalho para analisar a matéria. A iniciativa envolve ainda representantes das polícias e do Ministério Público e deverá produzir, em 30 dias, uma solução de consenso para viabilizar o poder investigatório do MP.

- Uma matéria sensível e delicada como essa precisava de uma ação preventiva. Quando ela chegar ao Senado, já terá um estudo prévio desse grupo de trabalho - assinalou Vital.

Os senadores por Roraima Romero Jucá (PMDB), Mozarildo Cavalvanti (PTB) e Ângela Portela (PT) aproveitaram para ressaltar a competência e probidade dos indicados para o CNMP.

 

Agência Senado

 

Notícias

A melhor maneira de conquistar novos clientes

Segunda-feira, Agosto 22, 2011     Consultor Jurídico - Escritórios de advocacia precisam criar rede de indicações, diz consulto Notícias de Direito Texto publicado domingo, dia 21 de agosto de 2011   Bancas precisam criar rede de indicações, diz consultor Por João Ozorio de...

Juízes questionam prisão preventiva decretada de ofício

22 de Agosto de 2011 Juízes questionam prisão preventiva decretada de ofício As alterações no Código de Processo Penal, com a Lei 12.403/11, têm causado grandes discussões entre advogados e juízes e diversas interpretações. Afinal, o juiz pode — e deve — ou não, após ser comunicado de uma prisão...

PEC do Peluso

  Peluso explica vantagens da execução antecipada Por Márcio Chaer Toda mudança importante na vida de um país assusta quando é sugerida e é objeto de crítica. A Emenda Constitucional 45, que trouxe a súmula vinculante e a Repercussão Geral, foi criticada com a mesma intensidade e pelas mesmas...

Negada indenização por serviços prestados como amante

TJRS: Negada indenização por serviços prestados como amante   Sex, 19 de Agosto de 2011 08:19 No âmbito das relações familiares não se presta serviço, mas se compartilha solidariedade, afetos e responsabilidades, tudo voltado à realização de um projeto comum. Com base nesse entendimento a 8º...