Visita íntima

28/04/2011 - 17h31

Pedro Taques defende advogado público e fim de visitas íntimas para membros de organizações criminosas 

 

 

O senador Pedro Taques (PDT-MT) defendeu nesta quarta-feira (28) o fim da visita íntima para presidiários membros de organizações criminosas, normalmente grupos envolvidos com o tráfico de drogas e armas. Em audiência que debateu ameaças dessas organizações contra juízes federais e suas famílias, o senador também propôs que os condenados sejam impedidos de contratar advogados privados, passando a contar exclusivamente por profissionais da Defensoria Pública.

Para Pedro Taques, essas medidas são essenciais para reduzir a margem que chefes de quadrilha hoje dispõem para continuar comandando suas ações de dentro dos presídios e devem ser abordadas num mesmo projeto de lei. A idéia é evitar que companheiras e namoradas recebidas nas visitas íntimas e advogados contratados pelos detidos sejam usados para transmitir instruções aos comparsas que agem de fora. Nos últimos anos, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça permitiram comprovar fatos do tipo.

- O papel do advogado é indispensável à administração da Justiça e temos que louvar a importância desse profissional. Porém, os que se colocam ao lado do crime são também criminosos - observou Pedro Taques, ressalvando que apenas uma "minoria" se desvirtua.

A audiência foi promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), a requerimento do presidente do colegiado, Paulo Paim (PT-RS), por sugestão do senador Aníbal Diniz (PT-AC). No dia anterior, houve um dia de paralisação da Justiça Federal, com adesão de juízes em todo o país. Eles cobram mais segurança para atuar, sobretudo para os julgam membros de facções criminosas. Além disso, reivindicam reposição salarial em torno de 15% e benefícios hoje garantidos ao Ministério Público, como licença-prêmio e auxílio-alimentação.

Quanto às visitas íntimas para integrantes do crime organizado, Pedro Taques classificou de "aberração que só existe no Brasil". Ainda sobre os advogados ele também propôs que, na revisão da legislação sobre o crime de lavagem de dinheiro, seja também incluída diretriz para que os defensores de membros de organizações criminosas justifiquem a origem dos recursos que sustentam seus honorários.

Ao tratar das ameaças relatadas antes por juízes que atuam em varas criminais, o senador disse que o Estado tem o dever fundamental de proteger quem está no cumprimento de missão funcional. Também relatou que, durante os quinze anos em que atuou como procurador federal, ele e sua família viveram sob escolta policial devido a ameaças de facções criminosas.

Reação capixaba

Depois dos relatos dos juízes, a senadora Ana Rita (PT-ES) lembrou que o Espírito Santo vem enfrentando o crime organizado nos últimos anos. Ali, as organizações se infiltraram em todos os espaços de poder. Com o assassinato do juiz Alexandre Martins, foi iniciada uma reação social que já produziu mudanças.

- O estado do Espírito Santo está diferente. Não está totalmente livre do crime, mas aquele momento de angústia não é mais tão visível - disse Ana Rita.

Eduardo Amorim (PSC-SE) defendeu esforço na comissão no sentido de acelerar proposições trazidas pelos juízes que trouxeram relatos de ameaças em decorrência dos casos que julgam.

Aníbal Diniz destacou como um avanço a votação de projeto originário da Câmara dos Deputados, primeiro pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e depois em Plenário, no dia anterior (27), pelo qual será autorizada a formação de um colegiado de magistrados para decidir sobre atos processuais que envolvam organizações criminosas. O objetivo é evitar ameaças e pressões sobre juízes. O projeto está indo a sanção.

 

Gorette Brandão / Agência Senado

 

Notícias

Construtora pode reter taxa de personalização de imóvel em caso de distrato

Sob medida Construtora pode reter taxa de personalização de imóvel em caso de distrato Danilo Vital 16 de julho de 2025, 8h49 A magistrada destacou que o contrato de compra e venda previu a retenção da taxa porque os materiais selecionados para personalizar a unidade têm natureza personalíssima e,...

Artigo: STJ garante proteção do lar para além da morte – por Gabriela Alves

Artigo: STJ garante proteção do lar para além da morte – por Gabriela Alves Origem da Imagem/Fonte: Extraída de Colégio Notarial do Brasil São Paulo Recente decisão da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou uma diretriz fundamental no ordenamento jurídico brasileiro: a proteção...

A proteção ao bem de família não é absoluta

A proteção ao bem de família não é absoluta Thallyta de Moura Lopes STJ fixa teses que restringem a penhora do bem de família em hipóteses de hipoteca, exigindo demonstração de benefício direto à entidade familiar. quarta-feira, 9 de julho de 2025 - Atualizado em 8 de julho de 2025 15:00 "Para...

Pagamento espontâneo após citação valida execução, diz TJ-MG

Causa reconhecida Pagamento espontâneo após citação valida execução, diz TJ-MG 8 de julho de 2025, 9h56 Conforme se verifica dos autos de origem, o agravante não arguiu, em nenhum momento, qualquer nulidade da execução promovida pelo condomínio agravado. Confira em Consultor Jurídico    ...