Maratona desenvolve aplicativo contra a violência de gênero

Maratona de computação desenvolve aplicativo contra a violência de gênero

28/11/2014 12h15  Brasília
Carolina Gonçalves – Repórter da Agência Brasil  Edição: Denise Griesinger

Natural de Belém do Pará, José Yoshiriro se tornou professor do curso de computação da Faculdde de Tecnologia do Colégio Bandeirantes (Bandtec) de São Paulo. Conhecido pelos alunos como Yoshi, o paraense não esquece um marco triste de sua infância. “Era a década de 1980 e eu morava na periferia. Era muito comum ouvir e até ver agressões físicas e verbais contra as mulheres no meio da rua. Isso sempre ficou na minha cabeça”, contou.

Há alguns meses, Yoshi se viu diante da possibilidade de unir sua profissão com a indignação diante dessas ocorrências. Ele, que já tinha participado e conquistado o quarto lugar do Hackathon - uma espécie de maratona promovida pela Câmara dos Deputados, que reúne hackers, programadores e desenvolvedores para criar projetos de interesse público em soluções digitais como aplicativos, sentiu motivação maior ao saber do tema deste ano.

Na segunda edição do evento, que começou no último dia 24 e terminou hoje (28) em Brasília, os participantes tiveram que desenvolver aplicativos para contribuir na redução da violência contra a mulher e fortalecer as políticas de gênero. “Eu vi a oportunidade de colocar minha rotina nesse projeto”, afirmou.

Ao lado de outros três participantes, Yoshi desenvolveu um aplicativo que vai reunir informações sobre denúncias, ações e políticas de combate a este tipo de crime. “É um aplicativo sem uma cara, como se fosse robô que fica varrendo informações sobre violência contra a mulher. A gente viu que não existia esse canal no Brasil, quando existia era concentrado em um estado ou em uma ONG [organizaçao não governamental]. A gente quer um canal que unifique tudo, um canal bem completo”, explicou.

Segundo ele, em um primeiro momento serão usados apenas dados de órgãos do governo, mas a proposta é ampliar as fontes. “É uma causa nobre que não tem preço. A premiação nem se compara ao valor do que vamos entregar para a sociedade. As redes sociais são muito usadas e podem ser ferramentas no combate à violência contra as mulheres”, completou o professor.

Além deste aplicativo, outros 18 projetos foram apresentados hoje. Os grupos terão até o dia 5 de dezembro para aperfeiçoar os programas e apresentar uma versão final que será analisada por uma comissão avaliadora no dia seguinte. Dois projetos serão selecionados e o anúncio será em 19 de dezembro. Os vencedores vão ganhar passagem e hospedagem para participar de um encontro sobre projetos de Democracia Digital na sede do Banco Mundial, em Washington, nos Estados Unidos.

A socióloga paulista, Fernanda Gomes Becker deixou suas atividades por uma semana para tentar contribuir com programadores e hackers que trabalharam ao seu lado. Juntos, eles criaram uma ferramenta que mostra como as deputadas eleitas se posicionam sobre os principais temas debatidos no Congresso, quais as propostas defendidas e os temas mais sensíveis na legislature dessas parlamentares.

“Pensando na Lei da Transparência, vimos que existe uma dificuldade muito grande do consumo destes dados abertos que chegam em planilhas e em formatos complicados para o cidadão comum manipular. A ideia era criar uma visualização de dados que mostrasse um pouco como é a representação das mulheres dentro da Câmara”, explicou.

Segundo ela, no aplicativo que ainda sera finalizado, sera possível acessar o conteúdo das propostas e contatos do gabinete como telefone e e-mail. “Buscamos facilitar um pouco a compreensão do que está acontecendo aqui na Câmara e estimular as pessoas a acompanhar mais as atividades do Congresso”, completou.

A presença de profissionais que não estão diretamente ligados às áreas de computação e informática foi um dos destaques do evento deste ano. O resultado é que, dos dois lados, houve aprendizado.  “Muitos programadores têm dificuldade de trabalhar com essa questão do gênero que não é tão familiar e acabam aprendendo com a bagagem que a gente tráz. Eu também não programo é acompanhei como é construído. Todo mundo acaba entendendo um pouco”, avaliou a socióloga.

Agência Brasil

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