Deputados criticam atuação do Ministério da Cultura

21/03/2012 15:31

Deputados criticam atuação do Ministério da Cultura; ministra se defende

Em debate na Câmara, Ana de Hollanda também refutou suspeitas de que o governo federal beneficiaria o Ecad em futuro projeto de lei a ser enviado ao Congresso.

Luiz Alves

Min. Ana de Hollanda (ministra da Cultura)

Ana de Hollanda: qualquer suspeita de favorecimento ao Ecad é "leviana" e "resultado de má-fé".

A coordenadora de Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou hoje (21) que o Ministério da Cultura não tem atuado no Congresso em favor das propostas do setor, como a que cria o Sistema Nacional de Cultura (PEC 416/05). A crítica foi rebatida pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que esteve em audiência na Comissão de Educação e Cultura nesta manhã.

Além da PEC 416/05, Jandira destacou outras medidas que, segundo ela, deveriam contar com o apoio do Executivo. Entre elas, estão a vinculação de 2% do Orçamento da União para a cultura (PEC 150/03) e a criação do vale-cultura (PL 5798/09) e do Procultura (PL 6722/10). “O governo, quando tem prioridade política, atua no Congresso para apoiar suas prioridades. Isso não está acontecendo na cultura, o que é um problema, já que essas propostas baseiam o uso do orçamento da área”, disse.

Entenda algumas das principais propostas sobre cultura em tramitação na Câmara

Para Ana de Hollanda, entretanto, não há descompasso entre a atuação da pasta e a dos parlamentares ligados ao setor: “Estamos sempre presentes e atuantes. Claro que a demanda é muito maior que a nossa capacidade de atender não só no Congresso, mas em todos os locais. Estamos, contudo, trabalhando muito”.

Ecad
No debate desta quarta-feira, a ministra também rechaçou suspeitas de que o governo federal estaria beneficiando o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), órgão privado que cuida do recolhimento e do repasse dos valores referentes aos direitos autorais de músicas no País. Segundo Ana de Hollanda, qualquer suspeita nesse sentido é “leviana” e “resultado de má-fé”.

As suspeitas recaem sobre o anteprojeto da lei de direitos autorais, que está em análise na Casa Civil antes de ser enviado ao Congresso. A proposta foi submetida a uma segunda fase de consulta pública após a posse da nova ministra, no ano passado, e sofreu algumas mudanças. Entre elas, está uma suposta redução da fiscalização de entidades arrecadadoras, como o Ecad.

De acordo com a ministra, porém, a proposta não defende nenhum interesse privado. “Nós, inclusive, não estamos contemplando o Ecad no anteprojeto da forma como eles gostariam”, garantiu. Ainda não há data prevista para envio do projeto ao Congresso.

Orçamento
A ministra da Cultura detalhou ainda aos integrantes da comissão as áreas prioritárias para o setor neste ano. De acordo com ela, o projeto Mais Cultura, Mais Educação –que prevê o financiamento de iniciativas que garantam o acesso dos alunos da educação básica ao teatro, ao cinema, a centros de leitura e a outras artes – deverá receber R$ 142 milhões. A medida vai beneficiar 2 milhões de estudantes em 8 mil escolas. Já o chamado PAC das Cidades Históricas, com ações de preservação em 125 cidades, terá orçamento de R$ 100 milhões.

Para a construção de praças esportivas e culturais, estão reservados, segundo a ministra, R$ 345 milhões. Por sua vez, os espaços Mais Cultura, bibliotecas, usinas de cultura e pontos de cultura terão garantidos R$ 169 milhões. Outros R$ 133 milhões do total de R$ 256 milhões do Fundo Nacional de Cultura (FNC) já serão aplicados até o próximo mês, de acordo com Ana de Hollanda. Entre os programas beneficiados estão o Cultura Viva (R$ 46 milhões); o Economia Criativa (R$ 16); os microprojetos culturais da Bacia do São Francisco (R$ 16,8); e a recuperação dos imóveis em risco no centro histórico de Salvador (R$ 16).

Lentidão
Apesar dos números apresentados, a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), disse que o Ministério da Cultura tem sido lento na implementação das políticas do setor. “Entendo o esforço, mas as metas são insuficientes e as demandas, enormes. A resposta do ministério deve ser mais rápida”, declarou.

O deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ), que solicitou a audiência, também lembrou que os valores planejados não serão necessariamente aplicados nos projetos previstos. “Quem vê esse planejamento [apresentado pela ministra] se emociona. Contudo, nunca foi tão divergente o que se planeja e o que se implementa em ações governamentais”, alertou.

 

Reportagem – Carolina Pompeu
Edição – Marcelo Oliveira

Foto/Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

Notícias

Contrato de namoro: Bobagem ou blindagem patrimonial?

Contrato de namoro: Bobagem ou blindagem patrimonial? Izabella Vasconcellos Santos Paz O artigo aborda a importância do contrato de namoro como proteção patrimonial em relacionamentos informais. terça-feira, 23 de dezembro de 2025 Atualizado às 13:24 "Os tempos são líquidos porque tudo muda tão...

STJ julga caso inédito de adoção unilateral com manutenção de poder familiar

Família STJ julga caso inédito de adoção unilateral com manutenção de poder familiar 4ª turma fixou solução inovadora proposta pelo ministro Buzzi. Da Redação sexta-feira, 6 de dezembro de 2019 Atualizado em 7 de dezembro de 2019 16:30 A 4ª turma do STJ concluiu na quinta-feira, 5, julgamento que...

Inclusão do cônjuge do devedor na execução: até onde vai a conta do casamento?

Opinião Inclusão do cônjuge do devedor na execução: até onde vai a conta do casamento? Lina Irano Friestino 19 de dezembro de 2025, 9h25 A decisão do STJ no REsp 2.195.589/GO reforça algo que, no fundo, já estava escrito na lógica do regime de bens: casar sob comunhão parcial significa dividir não...

Contrato e pacto antenupcial pela perspectiva de gênero

Contrato e pacto antenupcial pela perspectiva de gênero Autor: Rodrigo da Cunha Pereira | Data de publicação: 16/12/2025 O Direito das Famílias e Sucessões está cada vez mais contratualizado. Isto é resultado da evolução e valorização da autonomia privada, que por sua vez, vem em consequência do...

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro Marcia Pons e Luiz Gustavo Tosta Autocuratela, agora regulamentada pelo CNJ, permite que qualquer pessoa escolha seu curador antecipadamente, reforçando autonomia e prevenindo conflitos familiares. terça-feira, 9 de dezembro de...