Sarney vê banalização do crime de homicídio e defende leis rigorosas

19/11/2012 - 19h20 Presidência - Atualizado em 19/11/2012 - 19h39

Sarney vê banalização do crime de homicídio e defende leis rigorosas

Paulo Sérgio Vasco

O presidente do Senado, José Sarney, afirmou nesta segunda-feira (19) que o Brasil sofre com a banalização do crime de homicídio e defendeu mudanças na atual legislação penal para que os acusados deixem de responder por esses delitos em liberdade. Sarney é autor do PLS 38/12, que altera o Código Penal, o Código de Processo Penal, a Lei de Execução Penal, a Lei dos Crimes Hediondos e o Código de Trânsito Brasileiro para aumentar o rigor na repressão aos crimes de homicídio em suas variadas formas.

O projeto, que se encontra na pauta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), também estabelece critério uniforme na decretação da prisão preventiva em relação à referida infração penal.

- No Brasil está acontecendo uma coisa terrível, que é realmente a banalização do crime de homicídio. A vida desapareceu como bem maior do ser humano – afirmou, em entrevista.

Ao dar um exemplo da violência crescente no país, Sarney observou que “até mesmo um jornal local [do Distrito Federal] já colocou toda a parte policial num caderno chamado ‘Cotidiano’, porque [a violência] passou a ser uma coisa do cotidiano”

- Temos a estatística pior do mundo. Ocupamos o primeiro lugar [em homicídios] com a terceira população do mundo e temos 12% de todos os homicídios – afirmou.

Sarney salientou que o Brasil registrou um milhão e 90 mil mortos por homicídios nos últimos 30 anos, o que significa mais que todas as guerras e conflitos localizados do mundo atual. Ou ainda mesmo em relação à própria história do Brasil, “se somadas as vitimas das guerras que tivemos, como a Guerra do Paraguai (1864-1870), com 100 mil mortos, ou a Revolução Farroupilha (1835-1845), com 70 mil mortos”, afirmou.

- Agora estamos vendo essa coisa se aprofundar cada vez mais, todos os dias encontramos uma quantidade de homicídios no Brasil inteiro, devido à falta de consciência do sentido da vida – afirmou.

Na avaliação de Sarney, “é preciso que o sujeito que mata tenha consciência que, ao matar, está perdendo a sua vida”. Ele observou que “as pessoas cometem o crime com a maior naturalidade, enfrentam os parentes e pessoas ligadas à vítima e não se sentem com nenhum remorso, acham que a coisa é normal, pois o crime de morte passou a ser igual aos outros crimes que temos”.

- O que se verifica no trânsito é uma das maiores fontes de mortes que existe no Brasil. O homicídio de trânsito é culposo, não é doloso. O crime de homicídio é simples, não é hediondo – criticou.

Atualmente, ressaltou Sarney, até mesmo o homicida confesso tem o direito de se defender em liberdade, o que acabou por banalizar a ocorrência de homicídios.

- Passamos a considerar o crime de morte uma coisa banal. E isso degrada o ser humano – concluiu.

 

Agência Senado

 

Notícias

Contrato de namoro: Bobagem ou blindagem patrimonial?

Contrato de namoro: Bobagem ou blindagem patrimonial? Izabella Vasconcellos Santos Paz O artigo aborda a importância do contrato de namoro como proteção patrimonial em relacionamentos informais. terça-feira, 23 de dezembro de 2025 Atualizado às 13:24 "Os tempos são líquidos porque tudo muda tão...

STJ julga caso inédito de adoção unilateral com manutenção de poder familiar

Família STJ julga caso inédito de adoção unilateral com manutenção de poder familiar 4ª turma fixou solução inovadora proposta pelo ministro Buzzi. Da Redação sexta-feira, 6 de dezembro de 2019 Atualizado em 7 de dezembro de 2019 16:30 A 4ª turma do STJ concluiu na quinta-feira, 5, julgamento que...

Inclusão do cônjuge do devedor na execução: até onde vai a conta do casamento?

Opinião Inclusão do cônjuge do devedor na execução: até onde vai a conta do casamento? Lina Irano Friestino 19 de dezembro de 2025, 9h25 A decisão do STJ no REsp 2.195.589/GO reforça algo que, no fundo, já estava escrito na lógica do regime de bens: casar sob comunhão parcial significa dividir não...

Contrato e pacto antenupcial pela perspectiva de gênero

Contrato e pacto antenupcial pela perspectiva de gênero Autor: Rodrigo da Cunha Pereira | Data de publicação: 16/12/2025 O Direito das Famílias e Sucessões está cada vez mais contratualizado. Isto é resultado da evolução e valorização da autonomia privada, que por sua vez, vem em consequência do...

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro

Autocuratela o novo instrumento que redefine autonomia no futuro Marcia Pons e Luiz Gustavo Tosta Autocuratela, agora regulamentada pelo CNJ, permite que qualquer pessoa escolha seu curador antecipadamente, reforçando autonomia e prevenindo conflitos familiares. terça-feira, 9 de dezembro de...