Especialistas apontam gestão do trânsito nos municípios como principal desafio para reduzir mortes por acidentes

Origem da Imagem/Fonte: Agência Câmara Notícias

04/12/2018 - 16h12

Especialistas apontam gestão do trânsito nos municípios como principal desafio para reduzir mortes por acidentes

O problema apontado é que a maioria dos acidentes acontece nos municípios, onde há excesso de motocicletas, pouca sinalização e, muitas vezes, falta um gestor específico de trânsito

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência pública da Comissão de Viação e Transportes avaliou o Plano de Redução de Mortes no Trânsito

Participantes de uma audiência na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados apontaram a gestão do trânsito nos municípios como principal desafio para reduzir pela metade as mortes por acidentes no Brasil, por grupo de 100 mil habitantes, até 2028.

A meta está prevista no Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Lei 13.614/18), que virou lei em janeiro deste ano e foi discutido nesta terça-feira (4) a pedido do deputado Hugo Leal (PSD-RJ). Em 2015, segundo o Ministério da Saúde, 37 mil pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil.

O problema apontado é que a maioria dos acidentes no País acontece nos municípios, onde há excesso de motocicletas e pouca sinalização e, muitas vezes, falta um gestor específico de trânsito.

“No Brasil, mais de 3,5 mil municípios não têm gestão alguma, não têm uma pessoa com quem a gente possa chegar lá e discutir trânsito”, lamentou o presidente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Trânsito (Focotran), Horácio Mello. “Todos sabem da dificuldade de implantar um plano quando não se cuida da base”, disse.

Na avaliação do observador do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) Jorge Tiago Bastos, os municípios não têm capacidade de incorporar as metas. Por isso, ele sugere que os estados identifiquem aqueles que querem mudar.

Comissão avalia Plano de Redução de Mortes no Trânsito - 04/12/18

Já a consultora da área de trânsito do Ministério da Saúde, Cheila Lima, defendeu um banco nacional de informações de acidentes de trânsito e ainda a padronização de boletins de ocorrência nos estados. “Precisamos estabelecer critérios, porque senão não adianta vir planos de ações”, afirmou.

Integração
Conforme lembrou o coordenador de Qualificação do Fator Humano no Trânsito do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Jackson Lucena, um dos pilares do plano é justamente a integração de dados. Outros incluem educação para o trânsito, fiscalização e atendimento de vítimas.

Para o deputado Hugo Leal, a uniformização de dados estatísticos é primordial para investigar as causas dos acidentes. “Por que acontecem acidentes? É responsabilidade de quem? Só do motorista, da via, da sinalização?”, questionou. “Queremos a responsabilização das pessoas que podem cumprir um papel e não cumprem”, afirmou.

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Hugo Leal defendeu o corte de repasses para municípios que não cumprirem as metas de redução de acidentes de trânsito

Uma saída, segundo o parlamentar, é trabalhar com a receita dos municípios, punindo aqueles que não cumprem metas no trânsito. Hugo Leal afirmou que, da mesma forma que o Ministério da Saúde pune quem não cumpre metas de combate a endemias, também poderia punir quem não cumpre metas de trânsito.

A principal punição seria reter recursos destinados aos municípios. “[Os municípios] não recebem receita, não recebem IPVA? Se você passar a responsabilidade e não houver nenhum tipo de punição, o gestor não vai cumprir [as metas de redução de acidentes de trânsito]”, disse Leal.

A ideia, segundo o deputado, é levar as demandas para o cumprimento do plano de redução de acidentes ao novo governo que toma posse em 1º de janeiro.

Rodovias federais
Nas rodovias federais, diferentemente dos municípios, as mortes têm diminuído, segundo o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Renato Dias. "Quando se iniciou o desafio de reduzir em 50% [os óbitos no trânsito], nós tínhamos contabilizadas 8,7 mil mortes por ano e estamos agora, no último levantamento, com 6,4 mil mortes em rodovias federais”, informou.

Dias disse ainda que, depois da lei, a PRF elaborou um plano específico, cujas diretrizes foram em sua maioria acatadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Foram realizadas audiências públicas e aberto um canal de comunicação na internet com a sociedade. “Com investimento e viaturas e trabalhando com dados, verificamos os pontos mais críticos e direcionamos policiamento para essas áreas, além de realizar campanhas temáticas nos veículos de comunicação”, explicou o diretor da PRF.

Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Pierre Triboli
Agência Câmara Notícias
 

 

 

 

Notícias

A idade mínima para ser juiz

  Juízes, idade mínima e reflexos nas decisões Por Vladimir Passos de Freitas A idade mínima para ser juiz e os reflexos no comportamento e nas decisões é tema tratado sem maior profundidade. As Constituições de 1824 e de 1891 não fixaram idade mínima para ser juiz. Todavia, o Decreto 848,...

Quando o anticoncepcional falha

Quando o anticoncepcional falha (25.02.11) O TJ de Santa Catarina decidiu que uma indústria Germed Farmacêutica Ltda. deve continuar pagando pensão de um salário mínimo mensal - mesmo enquanto apelação não é julgada - a uma mulher da cidade de Navegantes que teria engravidado apesar de utilizar...

Credores não habilitados

Extraído de AnoregBR Concordatária tem direito ao levantamento de valores que estão depositados à disposição de credores não habilitados Sex, 25 de Fevereiro de 2011 13:53 A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a empresa Ferragens Amadeo Scalabrin Ltda. tem direito ao...

Direito de Família

  Leis esparsas e jurisprudência geram novas tendências Por Caetano Lagrasta   O Direito de Família é atividade jurídica em constante evolução, ligada aos Costumes e que merece tratamento diferenciado por parte de seus lidadores. Baseado no Sentimento, no Afeto e no Amor, merece soluções...

É válida escuta autorizada para uma operação e utilizada também em outra

24/02/2011 - 10h16 DECISÃO É válida escuta autorizada para uma operação e utilizada também em outra Interceptações telefônicas autorizadas em diferentes operações da Polícia Federal não podem ser consideradas ilegais. Essa foi a decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao...

Estatuto da família

  Deveres do casamento são convertidos em recomendações Por Regina Beatriz Tavares da Silva   Foi aprovado em 15 de dezembro de 2010, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, um projeto de lei intitulado Estatuto das Famílias (PL 674/2007 e...